Delator contradiz Janot e relata reunião antes de gravação oculta
O advogado e delator da JBS, Francisco de Assis e Silva, afirmou em depoimento que esteve reunido com Eduardo Pelella, principal assessor do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, cinco dias antes da gravação escondida feita por Joesley Batista do presidente Michel Temer no Palácio do Jaburu, no dia 7 de março.
Assis e Silva contou que teve mais de três contatos, entre telefonemas e encontros, com a Procuradoria-Geral da República antes do dia 27 de março.
O procurador-geral escreveu em manifestação que "nenhum dos atuais colaboradores, direta ou indiretamente, haviam buscado tratativas com a PGR para iniciar negociação, fato que só veio a acontecer por volta do dia 27 de março".
No depoimento prestado no último dia 7, o delator disse ter ouvido "abstratamente" de um outro integrante do grupo de trabalho da Lava Jato montado por Janot, o promotor Sérgio Bruno, que "uma coisa era ter a gravação de um deputado e outra, do presidente".
No entanto, Assis e Silva não fornece a data de quando isso teria sido falado, mas pontua que foi antes de 24 de março.
Assis e Silva afirmou que no encontro do dia 2 de março, participaram, além dos dois, Sérgio Bruno, a advogada Fernanda Tórtima, que também atuava para a JBS, e mais uma pessoa da qual ele não se recorda.
Foi levado para a reunião, ainda segundo o delator, um documento com 13 itens detalhados sobre o que os executivos interessados em colaborar poderiam revelar.
No depoimento, ele também fala que a JBS levou para a PGR três premissas: rapidez, sigilo e continuação dos irmãos Joesley e Wesley Batista à frente da direção da empresa. De acordo com os fatos narrados por Assis e Silva, esse teria sido o segundo contato com o grupo de Janot, mas o primeiro pessoalmente.
Procurada pela Folha, a PGR nega contradição e diz que o primeiro encontro com o advogado ocorreu "para externar a vontade do cliente de fazer acordo". "Apresentaram itens, que não são anexos, mencionando alguns temas sem detalhar nenhum deles ou dizer que tipo de prova trariam à negociação", disse a assessoria.
"A PGR tem como marco temporal para tratativas de negociação de acordo o dia 27 de março, quando houve apresentação dos áudios. Antes disso, considera-se sondagem dos advogados", disse.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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