EBC corta despesas e muda a sua grade para tentar elevar audiência
Andre Melo - 05.dez.2017/Agência Tempo | ||
Funcionários protestam contra desmonte da EBC e contra a reforma da Previdência, no centro do Rio |
Em meio a um aperto financeiro e baixos índices de audiência, a EBC (Empresa Brasil de Comunicação) apostará na redução da folha de pagamento para equilibrar as contas e na mudança da grade de programação para atrair o público em 2018.
No ano em que participará de grandes coberturas, como a Copa do Mundo da Rússia e a sucessão presidencial, a empresa estatal disporá de um orçamento para investimento R$ 20 milhões menor que o de 2017.
A expectativa para outros gastos não obrigatórios também caiu. Serão R$ 10 milhões a menos.
O gasto anual da empresa tem girado em torno de R$ 680 milhões nos últimos anos, sendo R$ 350 milhões (51,4%) para pagar pessoal.
Desde 2016, além de fazer cortes em gastos administrativos, a direção da empresa de comunicação encerrou contratos com jornalistas experientes como Leda Nagle, Luis Nassif e Tereza Cruvinel.
Diante do cenário difícil, a EBC lançou um Programa de Demissão Voluntária até fevereiro cuja expectativa é de adesão de pelo menos 220 funcionários. A empresa tem hoje 2.500 pessoas.
A estatal ainda negocia uma parceria de R$ 30 milhões com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para recuperação do acervo.
Outra estratégia que está sendo avaliada é fazer permutas em imóveis alugados.
O conglomerado estatal de comunicação –que inclui dois canais de TV, oito emissoras de rádio e uma agência de notícias– gasta anualmente cerca de R$ 18 milhões em aluguéis de imóveis em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro.
"O ano que vem será apertado para toda a administração pública. Quem não tiver se preparado terá problemas", disse o diretor de administração e finanças da empresa, Luiz Antonio Ferreira.
PROGRAMAÇÃO
Criada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2007, a EBC esteve no centro de uma polêmica no início do governo Temer, quando o novo presidente demitiu o jornalista Ricardo Melo da direção da empresa.
Eduardo Anizelli - 19.fev.2016/Folhapress | ||
O ex-diretor da EBC (Empresa Brasil de Comunicação), o jornalista Ricardo Melo |
Melo conseguiu retornar por decisão judicial, até ser definitivamente afastado do cargo quando uma liminar do Supremo Tribunal Federal foi cassada.
Em 2018, a EBC pretende fazer uma readequação de sua grade de programação para tentar aumentar os índices de audiência, sobretudo da TV Brasil.
A média atual do canal é de um ponto, tendo chegado ao pico de quatro pontos durante o último Carnaval, no desfile das escolas campeãs.
A meta é chegar a uma média de dois pontos, que, segundo sua diretoria, é o padrão buscado por outras televisões públicas do mundo.
Em 2018, a grade de desenhos animados e programas jornalísticos da emissora será ampliada e passará por mudanças, com o objetivo de não competir com a TV aberta.
O bloco infanto-juvenil, por exemplo, só acabará depois do almoço, quando os demais canais abertos pararem de exibi-lo. E o conteúdo jornalístico começará depois dos telejornais nacionais.
A mudança se deve à percepção de que a audiência aumenta quando acabam as faixas de programação das outras emissoras abertas, e as pessoas trocam de canal em busca de entretenimento.
Neste ano, o conglomerado comprou os direitos da TV Globo de transmissão dos jogos da Copa e será a emissora oficial do 8º Fórum Mundial da Água, que será promovido em março em Brasília.
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