Para concorrer ao Senado, Dilma transfere domicílio eleitoral para MG

Ex-presidente, porém, não confirmou a candidatura e disse que objetivo é estar perto da mãe em BH

A ex-presidente Dilma Roussef chega ao TRE de Minas Gerais para transferir seu domicílio eleitoral
A ex-presidente Dilma Roussef chega ao TRE de Minas Gerais para transferir seu domicílio eleitoral - Alexandre Rezende/Folhapress
 
Carolina Linhares
Belo Horizonte

Ao chegar ao Tribunal Regional Eleitoral, nesta sexta (6), em Belo Horizonte, para transferir seu domicílio eleitoral para Minas Gerais, a ex-presidente Dilma Rousseff afirmou esperar que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja candidato neste ano, apesar da ordem de prisão contra ele

Ao falar brevemente com a imprensa, a petista não confirmou, contudo, que concorrerá ao Senado

Dilma afirmou que transferiu seu título de eleitor para Minas Gerais para ficar mais perto da mãe, que mora em BH. "Eu tenho uma parte da família aqui, especificamente minha mãe. Ela está com 94 anos, está naquela fase que vai pro hospital, sai, torna a voltar. Eu tenho vindo muito pra cá", disse.

Ao ser questionada sobre uma candidatura ao Senado, ela desconversou. "Uma coisa vocês podem ter certeza: eu vou fazer campanha candidata ao Senado ou não. Participarei da campanha em 2018 em qualquer condição." 

A petista emendou esperar que a campanha seja ao lado de Lula. "Lógico que eu creio que é com o Lula. Espero que o Lula seja candidato em 2018 e vou lutar para que ele seja."

Dilma chegou ao TRE acompanhada do governador Fernando Pimentel (PT). A mudança do domicílio eleitoral foi breve ---a ex-presidente agora vota na 31ª zona eleitoral de BH, na Pampulha, onde mora sua mãe. 

Após o trâmite no TRE, Dilma e Pimentel voaram para São Bernardo do Campo (SP) para acompanhar ato do PT no local, onde está o ex-presidente Lula

Pimentel também não confirmou a candidatura de Dilma. "Ela tem a mãe dela aqui, que está muito doente. Candidatura é outra conversa, vai ser resolvido mais adiante, ouvindo todos os nossos aliados, toda a nossa base. Em princípio, ela está só transferindo o título."

A petista foi recebida pela militância aos gritos de "senadora" e "guerreira" por volta das 15h —quatro horas depois do previsto. 

Os militantes presentes na porta do TRE chegaram a hostilizar a imprensa no local. Deputados estaduais do PT tiveram que intervir para acalmar os ânimos. 

Durante a tarde, uma bomba foi lançada a dez metros da aglomeração em frente ao TRE por um motorista em um carro. Ele bateu boca com os militantes e, em seguida, arremessou o artefato. 

O batalhão de choque da Polícia Militar foi acionado e interrompeu o trânsito no local por um breve período. A polícia também interveio para retirar um jovem que provocava os apoiadores de Dilma. 

CHAPA

O domicílio eleitoral de Dilma era no Rio Grande do Sul, terra de seu ex-marido e onde se radicou após ser presa pela ditadura militar. Dilma, porém, é nascida em Belo Horizonte. Segundo a legislação eleitoral, os candidatos devem definir seu domicílio até seis meses antes da eleição.

Segundo a legislação eleitoral, os candidatos devem definir seu domicílio até seis meses antes da eleição.

A possível candidatura da ex-presidente ao Senado, adiantada pela Folha, foi costurada com Lula em meio à turbulência provocada pela expedição do mandado de prisão do petista

Dilma, assim como diversas lideranças petistas, se reuniu com o ex-presidente no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), na noite desta quinta (5).

A ex-presidente pode participar da eleição neste ano porque não teve seus direitos políticos suspensos pelo impeachment. Na época, o ministro do STF Ricardo Lewandowski separou a inelegibilidade por oito anos e a perda do cargo de presidente —Dilma foi condenada somente à segunda punição.

 Se a candidatura do senador Aécio Neves (PSDB-MG) à reeleição se confirmar, o tucano e a petista voltarão a se enfrentar nas urnas, como na eleição presidencial em 2014.

O PSDB de Minas divulgou nota afirmando que Dilma mudou o domicílio por não ter conseguido espaço na chapa no Rio Grande do Sul, fazendo de Minas o plano B "para ressuscitar do ostracismo em que se encontrava".

O texto diz ainda que a candidatura é um desrespeito com o povo mineiro e que Dilma nada fez pelo estado enquanto foi presidente. "O PT usa da comoção alimentada por seus dirigentes junto à militância do partido para forjar uma candidatura oportunista que em nada representa os mineiros."

Há duas vagas em disputa para o Senado em Minas Gerais ---a que é ocupada por Aécio e a do senador Zezé Perrella (PTB-MG). 

Segundo o líder de governo, deputado estadual Durval Ângelo (PT), a chapa do partido ao Senado será composta por Dilma e pelo presidente da Assembleia, deputado estadual Adalclever Lopes (MDB). 

Para o líder petista, a aliança com o MDB na eleição está consolidada. Uma parte do partido, porém, ligada ao vice-governador Antonio Andrade (MDB), prega a ruptura. 

Durval afirmou ainda que o empresário Josué Alencar se filiou nesta sexta ao PR e provavelmente será vice de Pimentel, que tentará a reeleição.

Alencar, que era do MDB, é filho do ex-vice-presidente José Alencar e foi cotado também para formar chapa com Lula.

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