'Jogando em casa, Alckmin perde para mim', diz Bolsonaro na Bahia

Os dois presidenciáveis vêm trocando acusações públicas ao longo da semana

João Pedro Pitombo
Salvador

O deputado federal e pré-candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou nesta quinta-feira (13) em Salvador que o presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) deveria mostrar o que fez por São Paulo em vez de criticá-lo.

“Um pré-candidato que dentro do seu estado, jogando em casa, está perdendo para mim, não vou polemizar com ele”, disse Bolsonaro, numa referência às pesquisas que o mostram empatado com o tucano entre os eleitores paulistas.

As declarações foram dadas um dia depois de Alckmin, em sabatina realizada pela *Folha*, UOL e SBT, comparar Bolsonaro ao PT e o chamar de representante do atraso e do corporativismo. Nesta quinta, o tucano voltou a criticar o oponente ao afirmar que ele não sabe dialogar.

Em entrevista na Bahia, Bolsonaro fez questão de destacar que tem o apoio de apenas 1 deputado federal paulista, enquanto o tucano teria o apoio de cerca de 20 deputados, mais de 100 prefeitos e 3.000 vereadores.

“Acho que ele tem que procurar o espaço dele mostrando o que ele fez no estado e não me atacando de extremista. Descobriu agora que eu sou extremista?”, disse o deputado.

 

Ele afirmou que não prega nenhuma ideia que possa ser considerada extremista. Disse que não é racista nem fez referências negativas sobre homossexuais e mulheres : “Eles [os adversários] que ficam buscando frescurinhas para me desgastar”.

À noite, numa palestra para cerca de mil apoiadores num hotel em Salvador, o deputado voltou a falar sobre adversários que o criticam.

“Estão preocupados conosco. Os picaretas aí que tem cinco, quatro, 1% [de intenção de voto] ficam todo dia lembrando nome. Acho até que eles estão apaixonados por mim”, disse.

Ainda criticou o posicionamento de Alckmin sobre a flexibilização do porte de armas. E ironizou: "Ele é o santo, mas quem faz milagre sou eu", disse, numa referência ao codinome dado ao ex-governador de São Paulo em planilhas da construtora Odebrecht.

Bolsonaro desembarcou em Salvador no final da manhã desta quinta e foi recepcionado por milhares de apoiadores que lotaram o setor de desembarque do aeroporto.

No saguão, simpatizantes se amontoavam com celulares em punho e entoavam gritos como “eu vim de graça”, numa referência à militância paga. Ao desembarcar, foi saudado com gritos de “mito” e carregado nas costas por simpatizantes.

Na área externa do aeroporto, subiu no teto de um carro, onde discursou para a militância. Por duas vezes, chutou um boneco “pixuleko”, que representa o ex-presidente Lula (PT) com roupa de presidiário.

Grupos de apoiadores vieram em caravanas de cidades como interior da Bahia, sobretudo de cidades do sertão como Conceição do Coité e Pé de Serra.

O estudante Gilmar Oliveira, 22, percorreu 220 km em cima de uma moto para ver Bolsonaro de perto: “Quando o conheci, vi que existia um político com ideias parecidas com as minhas”, disse ele.

Já o empresário André Coutinho, 38, mandou fazer mil camisetas com a estampa de Bolsonaro e as distribuiu de graça no aeroporto.

ALIANÇAS

Esta é a primeira visita de Bolsonaro à Bahia, estado governado pelo PT desde 2007, como pré-candidato a presidente. À imprensa, disse que não se surpreendeu com a recepção calorosa em um dos principais redutos do PT.

“Qualquer lugar do Brasil, em qualquer uma das cinco regiões, é assim. E não gastamos um centavo para isso”, disse.

Ele ainda afirmou que está aberto para conversas sobre uma possível aliança com partidos adversários ao PT no Nordeste e disse ter simpatia pelo prefeito de Salvador, ACM Neto, presidente nacional do DEM: “Da minha parte, se ele quiser conversar comigo, terei o maior prazer”.

A Folha apurou que o PSL da Bahia negocia o apoio do partido ao candidato do DEM ao governo do estado, o ex-prefeito de Feira de Santana José Ronaldo. Em troca, o candidato abriria seu palanque a Bolsonaro numa composição que uniria todas as forças de oposição ao governador Rui Costa (PT).

Sobre a eleição estadual em São Paulo, voltou a afirmar ter simpatia pelo pré-candidato Paulo Skaf (MDB). E afirmou que foi criticado por aliados por ter se posicionado a favor do emedebista, citado em delação como beneficiário de caixa dois na campanha de 2014.

“Me esculhambaram por isso. […] Mas me deram três opções: [João] Doria, Márcio França e Skaf. Dessa três opções, eu tenho simpatia [pelo Skaf]”, disse.

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