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Sob vaias e aplausos, Bolsonaro critica postura do Ministério Público

Ele afirmou que administradores públicos têm medo de responder por improbidade administrativa

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Brasília

Sob vaias e aplausos, o presidenciável do PSL, deputado Jair Bolsonaro (RJ), criticou nesta quarta-feira (23) a postura do Ministério Público e ressaltou que todo gestor público pode errar.

Em encontro com prefeitos e vereadores, ele afirmou que administradores públicos têm medo de responder por denúncias de improbidade administrativa, o que precisa ser mudado.

"Temos de ter coragem de falar sobre o Ministério Público. Faz um bom trabalho? Em parte, sim. Mas tem seus problemas. Que prefeito não fica com medo ou preocupado respondendo por improbidade administrativa? Temos de mudar isso", afirmou.

O pré-candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) sorri ao ser fotografado por celulares durante sabatina realizada pela CNM (Confederação Nacional dos Municípios), em Brasília
O pré-candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) durante sabatina realizada pela CNM (Confederação Nacional dos Municípios), em Brasília - Pedro Ladeira - 23.mai.2018/Folhapress

Segundo ele, o Ministério Público tem de ser parceiro e colaborar no desenvolvimento do Brasil. 

"Não é dizer que não vai ter mais fiscalização, não é isso. Mas temos de ser prefeitos, governadores e presidente sem medo. Todos nós podemos errar. E não é do erro que vem acontecendo, vem uma lapada em cima da cabeça da gente", disse.

No fim do evento, perguntado pela imprensa se a crítica contradiz o discurso do presidenciável contra a corrupção, Bolsonaro negou que as avaliações sejam conflitantes.

"Tem nada a ver uma coisa com outra. Tem que ter bom senso. Até um simples fiscal não pode chegar num estabelecimento e meter a mão na caneta. Orienta num primeiro momento. Quem nunca reclamou de uma multa de trânsito? Esta é a intenção. O combate à corrupção tem que continuar", disse.

Ele criticou a postura do Ministério Público na fiscalização de propriedades com denúncias de trabalhos análogos à escravidão.

"Por exemplo, quando fala de propriedade rural, está lá a emenda constitucional do trabalho escravo. Ninguém é a favor de trabalho escravo. Tem gente do Ministério Público, do Judiciário, que entende que o trabalho análogo à escravidão também é escravo. Tem que botar um ponto final nisso. Análogo é uma coisa e escravo é outra", disse.

No evento, quando apresentava as suas propostas, Bolsonaro foi vaiado duas vezes pela plateia. Após o organizador do encontro chamar a atenção da plateia e pedir respeito ao presidenciável, ele passou a ser apenas aplaudido.

"Me desculpe se não atendi [expectativas]. Vão ter críticas, sempre podem criticar. Mas aprendo nesse momento também", disse o candidato, que não usou todo o tempo disponível para responder as perguntas.

Na palestra, quando questionado sobre a relação com prefeitos, ele disse que, eleito, gostaria de dividir responsabilidades para poder passar os fins de semana na praia.

“Eu quero passar o domingo na praia. Se não buscarmos desburocratizar e dividir responsabilidades com os senhores, mandando o dinheiro diretamente aos municípios, isso não será possível”, afirmou o deputado.

Ao falar sobre questões econômicas, não detalhou propostas, disse que "o Brasil, na questão da economia, é um avião que está indo bater numa montanha". Declarou, por exemplo, que sua proposta de reforma da Previdência ainda está em elaboração.

"[Dizer que] não entende de economia é uma declaração de humildade. O duro é quem não entende querer fazer do seu modo, como se entendesse", afirmou.

O presidenciável defendeu uma reforma no currículo escolar e ressaltou que as escolas militares são um exemplo de unidades educacionais que dão certo. "Qual o objetivo final da educação? É atender a economia. É formar um bom profissional", disse.

Também defendeu planejamento familiar no Brasil.

"Um homem e uma mulher, com educação, dificilmente vão querer ter um filho a mais para engordar o programa social deles", afirmou.

Bolsonaro voltou a criticar invasões de propriedade e disse que a população precisa ter "direito a reagir e reagir de maneira que você expulse o invasor".

"Acontecendo algo de mais grave, você responda, mas não tenha punição. Isso chama-se excludente de licitude", declarou a jornalistas.

Por fim, um repórter o questionou sobre seus posicionamentos em relação a quilombolas, por exemplo, e se, a partir deles, era preciso aguardar "uma raça ariana" no Brasil.

"Acho que você fumou algo estragado aí", respondeu o presidenciável.

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