Descrição de chapéu Eleições 2018

Ciro Gomes contraria declaração de vice sobre reforma trabalhista

Candidato do PDT disse querer revogar reforma; Katia Abreu declarou que ele não vai "destruir uma lei"

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Isabel Fleck
Guarulhos (SP)

O candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, contrariou, nesta terça (21), declaração dada ontem (20) por sua vice, Kátia Abreu de que ele não é contra a reforma trabalhista.

“O que ela disse é que nós vamos, e é o que de fato eu sempre propus, revogar essa reforma trabalhista do Temer e substituí-la por outra que consulte o diálogo que eu quero promover entre os trabalhadores, os empresários, a universidade e a legislação internacional”, disse Ciro, em evento de campanha em Guarulhos.

A senadora também disse haver “um mito que ele [Ciro] é contra a reforma trabalhista do jeito que foi feita”.

“Ninguém vai fazer uma revolução na lei trabalhista, ninguém vai desmanchar e destruir uma lei”, disse Kátia Abreu em um evento.

Depois, a senadora disse a jornalistas que as reservas de Ciro quanto à reforma trabalhista se restringem a oito pontos da reforma que o governo Temer, para garantir a aprovação no Senado, admitiu que poderia ajustar.

Ela ainda disse que Ciro não pensa “absolutamente em retroagir no imposto sindical, em normas que foram aprovadas para o bem”.

Nesta terça, Ciro ressaltou que a senadora votou contra a reforma trabalhista. “Como ela pode ser a favor se ela voltou contra? Ela votou contra essa reforma trabalhista porque ela [a reforma] é selvagem. Ela levou quase 1 milhão de pessoas à informalidade no Brasil”, disse Ciro. 

“O que nós queremos é substituir essa selvageria por uma coisa digna que proteja a força do trabalho. Tanto mais numa hora de 3,7 milhões de desempregados e 32 milhões de pessoas empurradas para viver de bico”, completou.

Ciro tem se posicionado contra a reforma trabalhista, e foi inclusive vaiado por empresários em evento promovido em julho pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), onde disse que revogaria pontos da reforma trabalhista. 

Ciro Gomes, vestindo terno escuro, de perfil e em pé, à esquerda, cumprimenta Katia Abreu, vestindo vestido em xadrez branco, de perfil e em pé, à direita. Ao fundo, a parede é revestida com uma bandeira do Brasil, onde se lê a frase "Ordem e Progresso".
O candidato à Presidência da República pelo PDT (Partido Democrático Trabalhista), Ciro Gomes, apresenta a senadora Kátia Abreu como sua candidata à vice, nas eleições de 2018, em Brasília. - Pedro Ladeira - 06.ago.2018/Folhapress

Não é a primeira vez que Ciro e sua vice discordam publicamente.

No início do mês, em entrevista à Folha, Kátia afirmou ser a favor da facilitação do porte de armas e contra o aborto. No dia seguinte, Ciro disse ter posições diferentes da vice.

“São posições diferentes, claro. Ora, mas você imagina que o vice pensa igual a mim? Qual vice pensa igual ao titular na história do Brasil?”, disse Ciro sobre a divergência.

Ibope e Lula

Questionado nesta terça sobre a pesquisa Ibope, divulgada na segunda-feira (21), que o coloca em terceiro lugar, com 9% dos votos, atrás de Jair Bolsonaro (PSL), 20%, e Marina Silva (Rede), 12%, num cenário sem o ex-presidente Lula (PT), Ciro disse que a sondagem é um “retrato do momento”.

“E a vida não é retrato, a vida é filme. O povo brasileiro está gradualmente se ligando na política”, disse.

Ele ainda repetiu aos jornalistas que a candidatura de Lula —preso em Curitiba e cuja candidatura foi questionada frente à Lei da Ficha Limpa— é uma fraude. 

“Todos eles estão cansados de saber que o Lula não é candidato. E aí ficam agitando o nome do Lula para depois, quando o Lula for declarado inelegível, eles tentarem eleger uma pessoa que a população não conhece. Isso não é justo num país como o nosso”, afirmou.

Ciro disse que pediu para visitar Lula em Curitiba assim que ele foi preso, e que recorreu da decisão da juíza que o proibiu. “O STJ mandou que ele, Lula, escolhesse quem ele que receber e desde então, estou na fila para conversar com ele.”

Contudo, questionado se iria a Curitiba agora, se fosse convidado por Lula, o pedetista disse que não.

Campanha em Guarulhos

Em dia ensolarado, Ciro Gomes, vestido de camisa azul claro, com mangas arregaçadas e adesivo de campanha no peito, fala ao microfone para apoiadores na rua.
Ciro Gomes faz caminhada na Praça Tereza Cristina, no centro de Guarulhos. - Bruno Santos - 21.ago.2018/Folhapress

Em Guarulhos, a programação inicial de Ciro era fazer uma caminhada com apoiadores no calçadão. Enretanto ele apenas cumprimentou eleitores e fez um discurso curto, pedindo desculpas por ter que sair para ir ao velório do diretor de Redação da Folha, Otávio Frias Filho, no fim da manhã.

Nos 20 minutos que ficou no local, em frente à igreja matriz, Ciro conversou com Tabata Meireles, 20, responsável por uma banca de morangos.

“Eu não estava ouvindo direito, mas ele perguntou quanto eu ganhava e o que eu faço com as caixas que sobram”, disse Tabata. 

Ela diz não ter escolhido ainda em quem vai votar para presidente, mas questionada se esse tipo de abordagem pode influenciar o seu voto, ela foi direta: "não".

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