Descrição de chapéu Eleições 2018

UPPs perdem importância em propostas para o governo do Rio

Unidades de polícia pacificadora tiveram queda de prestígio exposta em programas dos candidatos

Italo Nogueira
Rio de Janeiro

Espécie de mantra da segurança pública do Rio de Janeiro na última década, as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) tiveram sua queda de prestígio exposta nos programas dos candidatos a governador do estado.

Todos defendem a redução do tamanho do projeto que por muito tempo foi premissa para qualquer debate sobre o setor no estado. Cenário bem distinto da eleição disputada há quatro anos, quando Luiz Fernando Pezão (MDB) se elegeu prometendo 40 novas unidades —mais que o dobro das 38 então existentes.

Nos últimos quatro anos, a crise que já se desenhava em 2014 nas UPPs se agravou e nenhum novo posto foi instalado. A intervenção federal já fechou quatro e pretende até o fim do ano encerrar outras 15, a fim de deslocar os policiais para o "asfalto".

O ex-prefeito do Rio Eduardo Paes (DEM) nem sequer menciona o projeto idealizado pelo ex-aliado Sérgio Cabral (MDB) nas propostas apresentadas em sua página na internet —ele não apresentou plano de governo ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Rio de Janeiro.

Em entrevistas, tem dito que as UPPs "não podem ser consideradas uma política de segurança pública", sem detalhar o destino delas.

O senador Romário (Podemos) afirma que pretende "reduzir a concentração de policiais das UPPs, repensando o modelo de pacificação e aumentar o patrulhamento ostensivo, de forma a reduzir os crimes de rua".

O ex-governador Anthony Garotinho (PRP) defende, em seu programa, que "a permanência das UPPs será avaliada de maneira individual".

"Onde o programa permanecer será construída estrutura física de alvenaria, oferecendo condições de trabalho ao policial", diz o texto.

A proposta é distinta da apresentada pelo mesmo candidato quatro anos atrás, que à época prometia transformá-las em "Companhias Legais", incluindo serviços de "defensoria pública, cinema, salão comunitário e assistência social".

Naquela eleição, Garotinho se esforçou para fugir da pecha de "inimigo das UPPs" em razão das críticas à gestão Cabral. Ao longo da campanha, negou que fosse acabar com as unidades, mas disse que iria melhorá-las.

Além do próprio Pezão, outro autor dos ataques era o atual prefeito Marcelo Crivella (PRB), que defendia a "expansão das UPPs".

Criado em 2008, o projeto teve sucesso inicial ao acabar com o domínio armado em pequenas favelas da zona sul. Ele se expandiu a partir do final de 2010, com a ocupação do Complexo do Alemão, e em 2011, na Rocinha.

A UPP ganhou prestígio com a redução de tiroteios e das taxas de homicídios —que caiu de 45,6 por 100 mil habitantes em 2008 para 28,7 em 2012. O sucesso do projeto impulsionou a reeleição de Cabral em 2010, que prometeu acabar com o controle armado em todas as favelas do estado ao fim de seu governo.
Especialistas apontam, contudo, que o estado não tinha como custear a expansão do projeto para todas as comunidades. O método de sucesso em pequenas favelas também não se mostrou eficaz em grandes territórios.

Na eleição para a sucessão de Cabral, o caso do desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza na UPP da Rocinha já havia manchado a iniciativa, as taxas de homicídios, subido e os tiroteios, aumentado. Ainda assim, o projeto ainda foi um trunfo eleitoral.

O agravamento ocorreu no governo de Luiz Fernando Pezão. Estudo da Polícia Militar aponta 13 confrontos em lugares com UPP em 2011, contra 1.555 em 2016. 

Entre as 27 unidades da federação, o Rio de Janeiro ocupa o 10º lugar no Ranking de Eficiência dos Estados - Folha (REE-F). Confira a situação de outros estados. ​

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