Descrição de chapéu Eleições 2018

Filha de diretor de marketing do Corinthians usa marcas do clube para fazer campanha política

Candidata a deputada é filha de Luis Rosenberg, braço direito de Andres Sanchez no clube

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Monica Rosenberg, candidata a deputada federal pelo Novo
Monica Rosenberg, candidata a deputada federal pelo Novo - Divulgação
São Paulo

Candidata a deputada federal, a advogada Monica Rosenberg (Novo) produziu e distribuiu panfletos em que usa marcas do Corinthians para promover sua campanha. Monica é filha do economista Luis Paulo Rosenberg, diretor de marketing do clube e, portanto, responsável por gerenciar as marcas da agremiação e eventualmente denunciar aqueles que estejam fazendo uso indevido delas.

Em panfletos, Monica aparece com a camisa do Corinthians. O panfleto tem a marca Fiel Torcedor, do programa de sócios-torcedores do clube. Monica utiliza exemplos ligados ao clube para defender sua pauta de redução dos impostos.

No dia 1º de junho, chamado por ela de “dia da liberdade de impostos”, ela diz que o ingresso de jogo custaria R$ 32 em vez de R$ 54; a “camisa do Timão” teria o valor de R$ 120, e não de R$ 199; a água na arena sairia por R$ 2,48, e não R$ 4; e, por fim, a “cerveja do esquenta” custaria módicos R$ 0,90, um desconto de R$ 4,10.

Panfleto distribuído por Monica Rosenberg com marcas do Corinthians
Panfleto distribuído por Monica Rosenberg com marcas do Corinthians - Reprodução

Monica e aliados distribuíram os panfletos no entorno da Arena Corinthians no dia 2 de junho, para torcedores do time.

A ação e os panfletos geraram incômodo entre os dirigentes do Corinthians, que pedem que Monica, sócia do clube, seja penalizada de alguma forma. 

“O clube não pode ser instrumentalizado por um partido ou candidato, pois sua coletividade é plural. O Partido Novo tem um ideário neoliberal , privatizante inclusive na saúde e educação, o que é contra o interesse da grande coletividade corintiana que é pobre e necessita de serviços públicos de qualidade”, diz Jamil Murad, conselheiro do Corinthians e ex-vereador de São Paulo.

“Esse partido da Monica é de banqueiros e com interesses do grande capital internacional. É melhor cuidar de defender o Corinthians que hoje virou vitrine para venda de atletas”, completa.

O presidente do conselho do Corinthians, o deputado federal Antonio Goulart (PSD), também disse que a marca do clube não pode ser usada para fins políticos e que a atitude de Monica “causou um desconforto muito grande” entre os conselheiros. Ele disse que encaminhou o tema ao departamento jurídico do clube.

As cobranças incidem sobre o pai de Monica, Luis Rosenberg, que não vê infrações por parte da filha candidata. Sendo assim, no que depender do diretor, o clube não deve recorrer à Justiça por uso não autorizado das marcas.

Panfleto distribuído por Monica Rosenberg com marcas do Corinthians
Panfleto distribuído por Monica Rosenberg com marcas do Corinthians - Reprodução

“Não tenho que autorizar nenhum corintiano a panfletar fora do estádio, desde que não faça uso da marca e limite-se a envergar uma camisa oficial, cujo uso lhe é franqueado automaticamente pela compra da mesma. Como não houve distribuição do panfleto nem eletronicamente nem por correio, nada temos a autorizar ou vetar. Elogio qualquer ação que procure conscientizar a sociedade do esbulho tributário que se pratica neste país, como foi o foco do controvertido panfleto”, disse Luis Rosenberg à Folha, salientando que “não se usou e nem foram enviadas mensagens aos sócios”.

Rosenberg é o braço direito do presidente do Corinthians, Andres Sanchez, eleito deputado federal pelo PT em 2014. Atualmente, Andres concilia sua atuação no clube e na Câmara. Ele não é candidato à reeleição como deputado.

Sanchez é investigado pela Operação Lava Jato desde novembro de 2016, quando o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, autorizou a abertura de inquérito contra ele pelo crime de corrupção passiva. Sanchez nega ter cometido qualquer infração.

Em nota, a assessoria de imprensa de Monica diz refutar “categoricamente” as “acusações absurdas” sobre os panfletos.

“Para chamar atenção sobre a elevada carga tributária em nosso país, no último dia 2 de junho, Monica Rosenberg, sócia do Sport Club Corinthians Paulista, participou de ação do Partido Novo visando conscientizar o torcedor para o custo dos impostos sobre seu lazer”, diz a nota.

“O folheto distribuído naquela ocasião não apresenta nenhum pedido de voto ou menção a número de candidatura. O material é focado em um tema fundamental do Partido Novo: a redução da elevada carga tributária brasileira. Dessa forma, Monica agiu absolutamente alinhada com os princípios de seu partido”, continua a nota, que também afirma que o panfleto jamais foi remetido por e-mail a conselheiros ou sócios-torcedores e que Monica veste “orgulhosamente a camisa do clube”, “sem fazer uso da marca para benefício próprio”.

Monica , 50, disputa pela primeira vez uma eleição. Advogada, ela se formou na mesma turma dos ministros do STF Dias Toffoli e Alexandre de Moraes.

Em 2015, Monica fez parte de grupo de 32 pessoas que fundou o instituto Não Aceito Corrupção, em São Paulo. Segundo o instituto, ela foi desligada da diretoria assim que decidiu disputar um cargo na Câmara, "já que o instituto é apartidário".

​Também em 2015, Monica foi selecionada pelo RenovaBR,  entidade do empresário Eduardo Mufarej que banca a formação de novas lideranças políticas.
 

Veja ex-atletas e familiares que disputarão as eleições de 2018

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