Descrição de chapéu Eleições 2018

Haddad deve procurar FHC após insistir em fechar acordo com Ciro Gomes

Apesar de 'apoio crítico' do PDT, petista não abandonou ideia de ter ex-adversário na campanha

Marina Dias Catia Seabra
Brasília e São Paulo

O plano inicial era que fosse o segundo passo, mas ele já está desenhado. Após insistir no apoio de Ciro Gomes (PDT) à sua candidatura, Fernando Haddad (PT) deve procurar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) para firmar uma frente democrática contra a escalada de violência que, segundo o petista, é personificada na figura de seu adversário, Jair Bolsonaro (PSL).

Apesar de o PDT de Ciro ter anunciado um “apoio crítico” a Haddad nesta quarta (10), o PT ainda articula para convencer o ex-governador cearense a participar da sua campanha de alguma forma.

Candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad
Candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad - Andre Penner/AP

Dirigentes petistas afirmam que a prioridade é fechar com Ciro, incluindo propostas do pedetista no programa de governo e fazendo com que ele integre a equipe de Haddad.

A ponte com Ciro está sendo feita via Jaques Wagner, senador eleito da Bahia que assumiu a coordenação política da equipe de Haddad, e Camilo Santana, governador petista reeleito no Ceará. 

O irmão de Ciro, Cid Gomes, esteve com Jaques na segunda-feira (8), por exemplo.

Com o apoio dos partidos de centro-esquerda —PDT, PSOL e PSB— formalizados, Haddad quer ampliar seu arco para outros setores e atores da sociedade e, assim, formar uma frente em defesa dos valores da democracia.

Nesta quarta, FHC disse à Folha que Haddad ainda não entrou com contato com ele, mas fala “com todo mundo que me telefona com o maior prazer”.

“Tenho que esperar que os outros queiram alguma coisa”, disse o ex-presidente tucano.

Questionado publicamente sobre quando irá procurar FHC, Haddad não respondeu.

Ainda nesta quarta, o petista recebeu em sua casa três integrantes de um grupo mais à esquerda do PSDB, coordenado por Fernando Guimarães, que entregou ao candidato uma carta que propõe “mediação para conter a escalada de violência no país”.

FHC não estava entre os presentes e não faz parte do grupo, mas Haddad aproveitou o encontro reservado para dizer que sempre teve relação de diálogo com o ex-presidente da República, o que foi visto com o um aceno.

Uma reunião suprapartidária está sendo planejada para a próxima semana, mas ainda não há detalhes sobre os participantes. Em coletiva à imprensa em São Paulo, Haddad disse que está “conversando com todas as forças que queiram conter a barbárie”.

“Parte significativa do PSDB está muito preocupada com o que está acontecendo no país”, disse Haddad. 

Ele citou como exemplo um mestre de capoeira que foi assassinato nesta semana na Bahia após uma briga política —ele declarava voto no PT— e uma mulher que foi agredida e teve a suástica entalhada nas costas.

Os exemplos e a nacionalização da violência contabilizada por Haddad na candidatura de Bolsonaro serão utilizados, inclusive, nos programas eleitorais do petista na TV.

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