Descrição de chapéu Eleições 2018

Major Olímpio e Mara Gabrilli são eleitos para o Senado por São Paulo

Bolsonarista e tucana ultrapassaram Eduardo Suplicy, que vinha liderando pesquisas

Mara Gabrilli, com Geraldo Alckmin e João Doria, neste domingo (7)
Mara Gabrilli, com Geraldo Alckmin e João Doria, neste domingo (7) - Bruno Santos/Folhapress
Guilherme Seto
São Paulo

O bolsonarista Major Olímpio (PSL) e Mara Gabrilli (PSDB), com 25,8% e 18,6% dos votos válidos respectivamente, foram eleitos senadores por São Paulo neste domingo (7). Ambos são deputados federais e terão seus primeiros mandatos como senadores. 

Olímpio e Mara superaram outros candidatos fortes na corrida pelo Senado, como Eduardo Suplicy (PT), Tripoli (PSDB) e Maurren Maggi (PSB), que tiveram 13,3%, 9% e 8,5% dos votos válidos, respectivamente.

No Senado, eles substituirão os emedebistas Marta Suplicy e Airton Sandoval (que está na vaga do tucano Aloysio Nunes, atual ministro das Relações Exteriores) a partir de 2019, e se encontrarão com o senador José Serra (PSDB), que tem mandato até 2023.

Policial militar desde 1978, Olímpio, 56, é um braço de Jair Bolsonaro (PSL) em São Paulo, tendo sido coordenador da campanha do candidato no estado. 

Ele se beneficiou da onda que elevou as votações de candidatos ligados ao capitão reformado na reta final. Foram os casos dos candidatos aos governos de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC).

Ele tem como principais propostas a redução da maioridade penal e a revogação do estatuto do desarmamento. 

“Precisamos acabar com a saída temporária da prisão. Temos que fazer a revogação do estatuto do desarmamento com a lei mais clara e que permita ao cidadão de bem que cumpra os requisitos legais tenha o direito à legítima defesa”, diz o major à Folha sobre seu mandato.

Sobre a redução da maioridade penal, ele defende a adoção de critérios “biotipológicos” para avaliar pessoas que cometam infrações a partir dos 12 anos.

“Com avaliação psicológica, tem que ser responsabilizado aos 12 anos. A Câmara votou a partir dos 16 anos, e vou lutar para que passe pelo Senado. O meu projeto era mais duro. O menor de idade tem licença para matar no Brasil”, afirma.

Olímpio adotou estratégia que pode tê-lo ajudado nos últimos dias de campanha. Ele compartilhou mensagem pedindo para que eleitores digitassem duas vezes seu número nas urnas. Dessa forma o eleitor anula o segundo voto, deixando assim de dar votos para algum dos concorrentes. Opositores chamaram a tática de antidemocrática.

Mara, 50, única parlamentar tetraplégica do Congresso, tem trabalho voltado não só para deficientes como para pessoas com doenças raras, e afirma que é fundamental que seja atualizada a tabela do SUS. Para isso, aceitaria até rediscutir o teto de gastos que ajudou a aprovar.

“A gente está num patamar de legislação que não está precisando de mais [leis]. Precisamos fazer com que sejam cumpridas. Falando das pessoas mais vulneráveis, para abrir a porta para sair de casa precisa de saúde. A gente está numa situação de saúde que é precária. Se a gente não fizer a atualização da tabela do SUS, a gente não vai evoluir. Um terapeuta ocupacional ganha R$ 7 para uma sessão”, diz Mara.

O senador eleito Major Olimpio (PSL) vota na zona norte de São Paulo
O senador eleito Major Olimpio (PSL), ao votar na zona norte de São Paulo - Newton Menezes/Futura Press

Olímpio e Mara devem entrar em rota de colisão diversas vezes ao longo dos próximos anos. O candidato compartilha das bandeiras de Bolsonaro de oposição à liberação do aborto, de guerra às drogas e ao que chama de “ideologização” das escolas. 

Já a tucana apresenta visão mais liberal, com atuação forte para liberação do uso medicinal do canabidiol e defesa da discussão ampla sobre o aborto como alternativa para redução do número de mortes de mulheres pobres por procedimentos malfeitos.

Mara apoiou o movimento #EleNão, organizado por mulheres em repúdio à candidatura de Bolsonaro, e critica a ideia de Olímpio de facilitar o acesso a armas.

“Quando a política pública não contempla a diversidade, quem fica para trás? São as pessoas com deficiência, negro, mais pobres e aqueles que sofrem muito preconceito (...) A cada duas horas uma mulher é morta no nosso país. Se você armar a população, não tenho dúvida de que isso vai piorar”, afirma.

O grande derrotado no pleito foi Suplicy. Líder de intenção de votos em quase todas as pesquisas, ele despencou na reta final e foi ultrapassado pelos vencedores. Ele já teve três mandatos como senador, e na segunda-feira (8) continuará a exercer o cargo de vereador em São Paulo.

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