Descrição de chapéu Eleições 2018

Uso de Whatsapp para divulgar fake news 'talvez não tenha precedentes', diz chefe de missão da OEA

Responsável por acompanhar eleições brasileiras diz que uso de rede privada surpreendeu autoridades

Marina Dias
São Paulo

Chefe da missão da OEA (Organização dos Estados Americanos) que vai acompanhar as eleições no Brasil, Laura Chinchilla afirmou nesta quinta-feira (25) que a divulgação de notícias falsas no país via WhatsApp pode ser um “fenômeno sem precedentes”.

Segundo a ex-presidente da Costa Rica, o uso de um aplicativo privado para a disseminação de fake news surpreendeu autoridades porque demandou “instrumental técnico e jurídico” diferente daquele utilizado nos Estados Unidos, por exemplo, em que as redes mais usadas na divulgação das notícias falsas eram o Twitter e o Facebook.

Chefe da missão da OEA (Organização dos Estados Americanos) que vai acompanhar as eleições no Brasil, Laura Chinchilla e o candidato à Presidência pelo PT, Fernando Haddad
Chefe da missão da OEA (Organização dos Estados Americanos) que vai acompanhar as eleições no Brasil, Laura Chinchilla e o candidato à Presidência pelo PT, Fernando Haddad - Nelson Almeida/AFP

“O fenômeno que temos visto no Brasil talvez não tenha precedentes fundamentalmente por uma razão. No caso do Brasil estão usando redes privadas, que é o WhatsApp. É uma rede que apresenta muitas complexidades para que as autoridades possam acessar e realizar investigações”, disse Chinchilla após participar de um encontro com o candidato do PT ao Planalto, Fernando Haddad.

“É a primeira vez que, em uma democracia estamos observando o uso do WhatsApp para poder difundir massivamente notícias falsas, como é o caso no Brasil”, completou.

Após a reunião, Haddad afirmou que pediu “atenção” à OEA nesta reta final do segundo turno para “evitar a avalanche de notícias falsas” que, segundo ele, aconteceu na primeira etapa da campanha.

O petista disse que, se isso for evitado, pode render a ele um “bom resultado eleitoral”.

Haddad tem dito publicamente acreditar em uma virada histórica sobre Bolsonaro —que tem pelo menos 14 pontos de vantagem sobre o petista.

Auxiliares admitem que o cenário é “bastante difícil”, mas viram uma melhora do clima com a queda na rejeição do herdeiro de Lula —​de 47% para 41%.

Na semana passada, a Folha revelou que empresas compraram pacotes de disparo de mensagens em massa, via WhatsApp, contra Haddad. A prática é considerada ilegal.

A campanha do PT iniciou uma ofensiva jurídica contra seu adversário, Jair Bolsonaro (PSL), e pediu, nas ações protocoladas, que ele seja declarado inelegível caso seja comprovado crime eleitoral.

A PGR (Procuradoria-Geral da República) também pediu investigação do caso, comandado pela Polícia Federal.

A chefe da missão da OEA já esteve com o presidente Michel Temer, em Brasília, e no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), e disse que pediu um encontro com a campanha de Bolsonaro, mas não obteve resposta.

Ainda de acordo com ela, a OEA está participando de todos os testes públicos de urna eletrônica e não encontrou nenhum sinal de que o sistema seja vulnerável.

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