Agência Lupa: Alckmin não cumpriu promessas sobre Rodoanel e hospitais

Tucano deixou o governo de São Paulo em abril deste ano

São Paulo | Agência Lupa

​Em 2014, São Paulo reelegeu Geraldo Alckmin (PSDB) governador, e ele encerrou seu mandato ao deixar o cargo em abril para se candidatar à Presidência. Acabou em quarto lugar. Seu vice, Márcio França (PSB), assumiu o estado. A Lupa analisou algumas das promessas que a chapa registrou no programa de governo entregue ao Tribunal Superior Eleitoral.

 

"Concluir a implantação do trecho norte do Rodoanel"
FALSO
As obras do trecho norte do Rodoanel serão concluídas só em 2019, segundo a Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa), responsável pela construção. 
A previsão era de que elas terminassem em novembro de 2014. Esta é etapa restante para a conclusão do anel rodoviário ao redor de São Paulo, que começou a ser construído em 1998. A obra do trecho norte foi marcada por suspeitas de irregularidades: em 2018, o Ministério Público Federal denunciou 14 pessoas, incluindo o ex-presidente da Dersa Laurence Casagrande, pelo suposto desvio de R$ 625 milhões.
Procurado, Alckmin afirmou que o atraso se deu porque a União repassou apenas 13% do valor da obra, e não o que havia sido acordado. 

O ex-presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) em palestra para alunos de medicina, em Bauru (SP)
O ex-presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) em palestra para alunos de medicina, em Bauru (SP) - Divulgação/Uninove

"Construir novos hospitais ampliando a cobertura em todas as regiões do estado"
EXAGERADO
Segundo o Datasus, o número de hospitais geridos pelo governo de São Paulo subiu de 95 para 106 no período entre dezembro de 2014 a outubro de 2018, mas nem todas as regiões do estado tiveram a cobertura ampliada. Ribeirão Preto e São José do Rio Preto não receberam novos hospitais, e o número de equipamentos diminuiu na região de Bauru. 
Procurado, Alckmin sustentou que, em algumas regiões, não havia "necessidade de construir mais um."

"Garantir alfabetização das crianças até os sete anos"
EXAGERADO
Em 2014, o Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) indicava que 98,7% dos alunos de até sete anos na rede estadual já sabiam ler e escrever. Mas essa avaliação foi descontinuada pela Secretaria de Educação por não ter consonância com as que são realizadas pelo Ministério da Educação. Atualmente, é aferido o desempenho dos alunos no fim do ciclo de alfabetização --3º ano do ensino fundamental ou oito anos. Isso não mudou em SP entre 2014 e 2017. Em ambos, foi considerado "adequado", sem avaliações numéricas. 
Procurado, Alckmin afirmou que SP "se destaca acima da média nacional e das regiões com melhores desempenhos: Sul e Sudeste". 

"Ampliar o acesso à educação integral"
VERDADEIRO, MAS
Entre 2014 e 2017, o número de matriculados em escolas de tempo integral na rede estadual de ensino cresceu 45,3%, segundo as Sinopses Estatísticas da Educação Básica. Em 2017, chegou a 271.092 crianças e jovens. Mas a proporção de alunos no ensino integral estadual com relação ao total da rede é menor do que em outros estados: são 7,9% dos estudantes em SP, contra 9,7% na média de todas as redes estaduais. 
Procurado, Alckmin disse que a comparação com outros estados brasileiros "não considera a dimensão da rede pública de SP, a maior do país".

"Ampliar o acesso ao ensino superior à distância, semipresencial, por meio da Universidade Virtual do Estado de São Paulo --Univesp"
VERDADEIRO
Segundo a Sinopse Estatística do Ensino Superior, em 2017, a Univesp registrou 17.239 matrículas em modalidade de ensino à distância - 87,6% do total de 19.674 matrículas desse tipo no estado de SP. Em 2014, ano em que a Univesp fez seu primeiro vestibular, eram 206 matrículas de ensino à distância na rede estadual. No mesmo período, o número de vagas presenciais na rede estadual presencial subiu bem menos: de 178.489 para 184.983.

"Implantar sistema de vigilância interna e externa dos presídios, com drones"
VERDADEIRO
A Secretaria de Administração Penitenciária informou que tem 11 drones, para realizar vistorias nos presídios paulistas. Os 10 primeiros foram comprados em junho de 2017, sob o investimento de R$ 157,5 mil. Até novembro deste ano, os equipamentos foram usados em 569 ações de varredura, em especial no teto das instituições penitenciárias e em locais de difícil acesso.

Chico Marés e Nathália Afonso

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