No comércio exterior é possível avançar mais rapidamente alavancando posições já conquistadas do que, por exemplo, iniciando novos acordos que necessitam de alinhamentos de Executivo, Congresso e cadeias produtivas.
Os incrementos sobre uma base já elevada, como no comércio corrente com a Europa (500 milhões de consumidores e 23 milhões de pequenas e médias empresas) trarão ao Brasil resultados imediatos e mais integrados, pelo volume total já existente.
Há várias opções no momento. A primeira é o status quo, mantendo a Europa como o segundo maior destino dos produtos brasileiros e também o segundo maior investidor no país. Essa opção requer somente pragmatismo e diálogo, especialmente sobre meio ambiente.
Meio ambiente, como outros temas de natureza político-social, vem fazendo parte das negociações da Europa. Não são exclusividade do acordo Mercosul-União Europeia, mas também constam dos acordos da UE com Canadá e Japão, para citar alguns exemplos recentes.
A segunda opção traz enorme avanço ao Brasil ao concluir a negociação do acordo neste momento único de alinhamento entre Argentina e Brasil em 20 anos.
Pragmatismo, aqui, é aproveitar essa janela de oportunidade e negociar juntos com os europeus. Os nossos negociadores já avançaram muito.
Lembremos das próximas eleições na Argentina e na Europa em 2019 e seus possíveis efeitos no acordo.
Os negociadores atuais têm mandatos claros que incluem, a partir das tarifas, pontos relevantes com impacto direto nas agendas nacionais de privatização e infraestrutura.
Um aumento do nacionalismo econômico na Europa ou Argentina não pode ser descartado, acarretando novamente desequilíbrio nesse complexo acordo entre e infra blocos não assimétricos, mas com a maior chance de conclusão em duas décadas.
A terceira opção é somar ao Acordo Mercosul–UE uma nova negociação bilateral do Brasil ou mesmo via Mercosul com foco na nova economia, nos moldes do recente acordo do país com o Chile.
Dados e comércio eletrônico seriam alguns dos itens envolvidos.
Essa opção somaria à pauta atual e conservadora uma outra possível e inovadora, deixando o Brasil numa situação privilegiada tanto no campo como nas cidades.
As pequenas e médias empresas da economia digital do Brasil e da Europa poderiam avançar muito em um acordo.
Uma tão esperada aproximação com os EUA não impede ou atrapalha nenhuma das três opções mencionadas.
É melhor ter um Brasil integrado às cadeias globais e à nova economia buscando ganhos mútuos em suas negociações com países e blocos que desejar e com os quais puder negociar.
O argumento aqui é basicamente o ponto de partida e a janela de oportunidade.
Se me acusarem de estar puxando a sardinha, digo que consigo ver a iguaria lusitana como entrada de uma churrascaria rodizio em Portugal que oferece ótimos cortes brasileiros, frutas do nosso querido interior paulista, cerveja belga de uma marca meio brasileira e um cafezinho de Minas.
Consultor internacional da Atlantico, baseado na Bélgica
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