Preocupado em ajustar ruídos de comunicação de seu governo, o presidente Jair Bolsonaro decidiu mudar o comando da Secretaria de Comunicação da Presidência da República.
O atual titular do posto, Floriano Amorim, confirmou à Folha na noite desta terça-feira (26) que deixará o cargo. O empresário Fábio Wajngarten, especialista em comunicação, já foi escolhido e deve ser anunciado pelo Palácio do Planalto nos próximos dias.
Ficam sob os cuidados da Secretaria a gestão de verbas e ações de publicidade e o atendimento à imprensa.
A mudança na Secom ocorre após avaliação de que era preciso dar maior tecnicidade ao trabalho do órgão.
Nesse contexto, pesou o fato de a equipe econômica ter reforçado à Bolsonaro a necessidade de intensificar a publicidade da reforma da Previdência nos meios tradicionais de comunicação.
Wajngarten foi escolhido com aval da família Bolsonaro e com apoio do ministro da Economia, Paulo Guedes, com quem almoçou nesta terça.
O atual ocupante do órgão, Amorim, foi escolhido para o cargo durante o governo de transição por indicação de dois filhos do presidente —do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) e do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), com quem atuava no gabinete.
Contudo, auxiliares do presidente vinham criticando sua gestão, argumentando que ele não tinha as qualificações técnicas necessárias para comandar a estrutura.
Incomodou também a postura ideológica do secretário, que resistiu em aplicar recursos em canais de TV para publicidade da reforma da Previdência.
A equipe econômica defende que não é possível aprovar as mudanças nas regras de aposentadoria sem uma massiva comunicação com a população, passando pelos meios tradicionais.
Bolsonaro se elegeu adotando tom crítico à imprensa e prometendo cortar dinheiro público para emissoras de TVs e jornais.
Ele chegou a chamar a TV Globo de "inimiga" em conversa com o ex-ministro Gustavo Bebianno.
A escolha de Wajngarten foi elogiada pelo escritor Olavo de Carvalho, guru da nova direita brasileira e influente na família Bolsonaro. “Alguém me disse que o Fábio Wajngarten foi convidado para dirigir a Secom. Será uma notícia auspiciosa. Espero que se realize”, escreveu ele no Twitter.
Apesar do mal-estar, Floriano disse à Folha que está deixando a pasta a pedido. Ele afirmou ter conversado com Bolsonaro no fim da tarde e que deixaria a Secom porque “é muito difícil ajudar o Brasil”.
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