Descrição de chapéu Ao Vivo em Casa

Moro fez afirmação que 'não é verdade, e ele sabe disso', diz advogado de Bolsonaro

Frederick Wassef, responsável pela defesa do presidente e de Flávio, disse que família é vítima de fake news

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São Paulo

O advogado Frederick Wassef, que representa Jair Bolsonaro e seu filho Flávio, disse nesta segunda-feira (4) que o ex-ministro Sergio Moro faltou com a verdade ao afirmar que o presidente da República tentou interferir nas investigações da Polícia Federal.

"Respeito o ministro Sergio Moro. Mas ele fez uma afirmação sobre o presidente Bolsonaro que não é verdade. E ele sabe disso", disse Wassef em participação no Ao Vivo em Casa, série de lives (transmissões ao vivo) da Folha com entrevistas, serviços, dicas e apresentações musicais.​​

O advogado afirmou que nem ele nem o presidente estão preocupados com as acusações de Moro, que são apuradas em um inquérito sob responsabilidade do ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal). Wassef defende Bolsonaro no caso, em conjunto com a AGU (Advocacia-Geral da União).

Segundo ele, a palavra de Moro não pode ser considerada "uma verdade dogmática". Wassef disse que a versão do ex-juiz, de que deixou o governo por discordar de uma troca sem motivação na direção-geral da Polícia Federal, "não para em pé".

"Por que esse apego a esse diretor da Polícia Federal a ponto de jogar a sua carreira fora?", questionou o advogado, lembrando que Moro largou a magistratura para ir para o cargo.

"Essa história de ingerência na Polícia Federal é conversa fiada, isso não existe. [...] Falar que a nomeação de um diretor de polícia vai dar poder de ingerência [do presidente] sobre a Polícia Federal é fantasia", continuou.

"Ele [Bolsonaro] jamais interferiu no Ministério da Justiça ou na Polícia Federal", afirmou. "Isso me doeu porque é uma absoluta mentira [falar que Bolsonaro mexeu na PF para proteger Flávio]."

Wassef reiterou ao longo da live que o presidente e seus parentes são vítimas, e não autores, em todos os casos em que são mencionados em investigações e decisões judiciais. O advogado disse que "a família Bolsonaro jamais foi importunada pela polícia" e, por isso, não tem "motivo para interferir lá" na PF.

Na realidade, porém, o entorno do presidente é investigado pela PF em vários casos.

O defensor rebateu todas as suspeitas. Disse, por exemplo, que "não existe gabinete do ódio. Isso é mentira e fake news". Nas palavras dele, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), identificado pela PF como um dos articuladores do esquema criminoso de disseminação de fake news, é vítima.

"A família Bolsonaro é vítima de fake news, eles não praticam fake news. Isso [ocorre] desde 2014. Não é novidade de agora", disse, culpando "o establishment, o sistema".

"Enquanto outros governos eram investigados por corrupção, como a família Bolsonaro jamais praticou crime, estão inventando supostos crimes para tentar incriminá-los. Criam-se fantasias para imputar-lhes crime", acrescentou.

Frederick Wassef, advogado do senador Flávio Bolsonaro
Frederick Wassef, advogado do senador Flávio Bolsonaro - Bruno Santos/Folhapress

Wassef também negou que o presidente tenha apoiado o ato deste domingo (4) contra o STF (Supremo Tribunal Federal) e o Congresso, ao qual compareceu, na Praça dos Três Poderes.

O advogado afirmou diversas vezes que a ida do presidente à aglomeração —que contrariou as recomendações de conduta contra o novo coronavírus— foi apenas uma repetição do que faz diariamente ao sair do Palácio do Alvorada e ficar perto de seus apoiadores.

Segundo Wassef, tratava-se de "uma manifestação pró-presidente, pró-Brasil", e apenas "alguns poucos indivíduos" defenderam pautas anti-democráticas.

De acordo com o advogado, Bolsonaro "é uma pessoa simples, humilde, que gosta de estar próximo do povo". Ele "foi apenas surpreendido com a informação de que havia uma manifestação de grande porte" e se juntou ao grupo para cumprimentar os participantes.

"Todos os dias, ao sair do Palácio da Alvorada, ele para para falar com as pessoas. Ele trata bem as pessoas, assim como os jornalistas", justificou.

"Ele [Bolsonaro] não convocou a manifestação. Ele não foi à TV ou às suas redes sociais e convocou: 'Vamos fazer uma manifestação na Praça dos Três Poderes contra o Poder Judiciário'."

Wassef disse que o chefe do Executivo não tem controle sobre as pautas dos atos e que pode haver infiltrados na multidão. Bolsonaro "não pode ser punido por atos de terceiros", segundo ele. "Que culpa tem o presidente [se alguém estende uma faixa a favor de um novo AI-5]?", indagou.

Ainda na tentativa de distanciar o presidente das bandeiras radicais agitadas no protesto, o advogado disse que o mandatário "jamais pregou qualquer coisa no sentido antidemocrático [...], a violência, qualquer atentado à democracia, aos Poderes".

"Constantemente, ele dá entrevistas falando que a Constituição é o nosso marco", completou, ignorando a série de frases já proferidas por Bolsonaro com conteúdo antidemocrático e referências elogiosas à ditadura militar no Brasil.

"Em momento nenhum em sua vida o presidente jamais fez qualquer ameaça ao sistema democrático. É uma pecha que querem colar no presidente, mas não é verdade", argumentou o defensor de Bolsonaro.

"Quem conhece o presidente Bolsonaro sabe que é um homem íntegro, honesto, de alma boa, que ama a democracia, que chegou ao poder pela democracia", relatou.

Indagado sobre a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que suspendeu a nomeação de Alexandre Ramagem para a direção-geral da PF, Wassef disse considerar o entendimento equivocado e buscou desvincular a nomeação de interesses particulares de Bolsonaro.

Ele afirmou que nada concreto pesava sobre o escolhido do presidente para o posto e disse que o Judiciário não pode se pautar por fofoca, "ato mediúnico" ou "atos premonitórios", como "prever que um suposto cidadão poderá cometer algum ato irregular".

Wassef sustentou que não havia prova da proximidade de Ramagem com a família Bolsonaro, dizendo que a foto em que ele aparece ao lado de Carlos em uma festa de Réveillon é uma evidência frágil.

"Uma decisão como essa não pode ser tomada com base em algo tão pequeno, como uma foto. Não temos uma prova de estreita relação de amizade. E, ainda que tivesse, isso não é impeditivo. Lula nomeou para o Ministério da Justiça Márcio Thomaz Bastos, que era seu advogado", comparou.

Wassef também ecoou o presidente da República ao comentar as investigações da PF sobre a facada no então presidenciável durante um ato de campanha em 2018. Bolsonaro põe em xeque a apuração, afirmando que ela falhou ao não descobrir quem estaria por trás de Adélio Bispo de Oliveira, o autor.

Os inquéritos da PF sobre o episódio, no entanto, analisaram detidamente suspeitas e pistas relacionadas ao caso, mas não apontaram até hoje a participação de terceiros.

Na live da Folha, o advogado chegou a mencionar que foi procurado por um policial militar que estava no local do atentado, em Juiz de Fora (MG), e teria informações para compartilhar. Wassef, contudo, não detalhou que revelações seriam essas.

"O presidente, assim como eu, confiamos e acreditamos piamente na Polícia Federal, mas isso não significa que ali só existem deuses e seres perfeitos. O fato de um determinado inquérito não ter alcançado a verdade não significa que não acreditamos na Polícia Federal", afirmou.

O advogado propagou a tese de que Adélio não agiu sozinho, diferentemente do que mostraram as investigações. "Eu desafio: isso é mentira. É um assassino profissional enviado por uma organização criminosa", afirmou. "Existe uma série de outros elementos que não foram trazidos à baila."

Wassef falou ainda sobre as investigações no Ministério Público do Rio que miram o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), seu cliente. Segundo o advogado, "não existe nada" contra o político e "por isso que até hoje ele não foi denunciado".

"Flávio Bolsonaro jamais teve conhecimento, ciência ou participação do que seus assessores faziam da porta para fora do gabinete", respondeu, ao ser questionado sobre o ex-policial militar Fabrício Queiroz, investigado no caso.

Segundo ele, o senador não pode ser "responsabilizado por atos de terceiros" e sofre acusações injustamente.

"Há um ano ele é massacrado na mídia nacional, sendo atacado por uma série de coisas que simplesmente não existem. O sistema segue perseguindo, e o nada vira crime", disse.

Sobre a morte do ex-capitão da polícia Adriano da Nóbrega, que chegou a ser homenageado por Flávio quando era deputado estadual no Rio de Janeiro, Wassef afirmou que o ex-PM "era um homem de nome limpo". Adriano, no entanto, acumulava punições da corporação quando foi condecorado.

No fim de sua participação, o advogado pediu para falar sobre a epidemia da Covid-19 e as críticas feitas ao presidente neste momento de crise. "Estão imputando ao presidente Bolsonaro a culpa de tudo o que está acontecendo no Brasil", disse.

"A culpa das mortes no Brasil hoje não é do presidente Bolsonaro. É dos governos anteriores, dos governos do PT, que, em vez de construir hospitais, gastaram trilhões e trilhões de dólares mandando dinheiro para a África, para Cuba, para a Venezuela", acrescentou.

"A máfia comunista internacional está incomodada com um herói nacional chamado Jair Bolsonaro", concluiu o advogado.

As lives sobre política da Folha são realizadas sempre às segunda-feiras. Wassef conversou com o editor de Poder, Eduardo Scolese, e a repórter Cátia Seabra.​

As lives têm duração média de 40 minutos, sempre às 17h. Ao Vivo em Casa será transmitido no site do jornal e pelo canal da Folha no YouTube.​

PROGRAMAÇÃO DAS LIVES

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