1 em 5 moradores da cidade de SP admite não votar por medo do coronavírus, mostra Datafolha

Pesquisa aponta que 34% dos eleitores não se sentem nada seguros em sair para votação em 15 de novembro

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Por medo de ser contaminado pelo coronavírus, 1 em cada 5 moradores da cidade de São Paulo diz que pode deixar de ir votar nas próximas eleições, segundo pesquisa Datafolha realizada nesta semana.

Os maiores índices estão entre as pessoas de 25 a 34 anos, com 27% que afirmam que podem não ir à votação, seguido pelos de 35 a 44 anos (26%). Aqueles com mais de 60 anos, dentro do grupo de risco, são 17%, mesmo índice daqueles com idade de 45 a 59 anos.

A capital paulista foi um dos epicentros do coronavírus no Brasil ​e teve, até esta sexta-feira (25), 12.540 mortes causadas pela doença, segundo boletim da Secretaria Municipal de Saúde. Mais de 328 mil casos foram registrados na cidade desde fevereiro.

Segundo o instituto, 34% dos eleitores afirmam que não se sentem nada seguros em sair para votar nas eleições de 15 de novembro, data do primeiro turno, e 24% dizem se sentir muito seguros —os outros 42% indicam ter pouca segurança.

Dos eleitores de 45 a 59 anos, 40% dizem não haver nenhuma segurança, seguido dos de 35 a 44 anos, com 38%.

O Datafolha ouviu presencialmente 1.092 eleitores nos dias 21 e 22 de setembro. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

Os mais ricos são os que apresentam o menor índice dos que afirmam que podem deixar de votar por medo da pandemia, com 12% entre os que têm renda familiar mensal de mais de dez salários mínimos. A maior taxa está entre os que recebem até dois salários mínimos (24%).

Na divisão geográfica, as regiões central e oeste têm os menores índices de pessoas que podem deixar de ir à votação, com 15%. As zonas norte e leste têm 24%, e a sul, 20%.

Os eleitores que avaliaram o prefeito Bruno Covas (PSDB) como ruim/péssimo e como regular têm, respectivamente, 24% e 25% do grupo afirmando que podem não ir votar. O número cai para 13% na parcela que avalia a gestão como ótima/boa.

O cenário é similar na divisão de avaliação do prefeito no combate à pandemia. Enquanto 15% dos que consideram a gestão da crise sanitária como ótima/boa podem deixar de ir à votação, 26% dos que avaliaram como regular e 25% dos que consideram como ruim/péssima dizem poder fazer o mesmo.

A pesquisa aponta diferença no medo de contaminação entre gêneros. O índice de homens que se sentem nada seguros é de 26%, enquanto entre as mulheres o número sobe para 41%.

Na classificação por renda, os mais ricos são os que apresentam maior índice de muito seguros em comparecer à votação, com percentual de 43% entre os que ganham mais de dez salários mínimos. Já entre os com renda familiar de até dois salários mínimos, 19% dizem sentir o mesmo.

Considerando a cor de pele, os pretos e os pardos têm os menores índices dos que se sentem muito seguros (20% e 21%, respectivamente), e os brancos têm a maior taxa (27%).

Em razão da pandemia, a Câmara dos Deputados aprovou, no início de julho, a PEC (proposta de emenda à Constituição) que adiou as eleições municipais de outubro para novembro.

O texto, também aprovado pelo Senado, determina a realização do primeiro turno no dia 15 de novembro e do segundo turno no dia 29 de novembro. As datas oficiais eram 4 e 25 de outubro.

Para as novas datas, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) elaborou um protocolo sanitário com especialistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Hospital Israelita Albert Einstein e do Hospital Sírio-Libanês para evitar a disseminação do coronavírus entre eleitores e mesários.

Entre as regras estão a obrigatoriedade do uso de máscaras pelos eleitores e mesários e proibição de quaisquer atividades que exijam a retirada do item, como ingerir alimentos.

Os cerca de 95 mil locais de votação serão adaptados para manter distanciamento mínimo de um metro entre os eleitores com marcação no chão e, segundo o TSE, terão álcool em gel disponíveis para higienização antes e depois da votação.

A Justiça Eleitoral também excluiu a identificação biométrica para diminuir o risco de contágio por contato com superfícies contaminadas e evitar a formação de filas e aglomerações, já que o protocolo é um dos mais demorados nas etapas de votação.

Sem a biometria, a confirmação da identidade do eleitor será feita mediante assinatura do caderno de votação —a Justiça Eleitoral recomenda que cada um tenha sua própria caneta, mas, caso o eleitor não leve, haverá uma para uso coletivo.

Os mesários serão orientados a higienizar essas canetas com álcool 70% antes e depois do uso.

Já o recebimento do comprovante de votação passará a ser facultativo, entregue só mediante solicitação, e, em vez de entregar o documento de identificação ao mesário e retirá-lo após a votação, o eleitor deve apenas exibir o documento oficial ou o e-Título pelo aplicativo mantendo a distância permitida.

O protocolo sanitário também prevê a higienização constante de outras superfícies do espaço, como as mesas e cadeiras usadas pelos mesários, e o TSE também orienta que o horário das 7h às 10h seja preferencial para pessoas acima de 60 anos, um dos grupos considerados de risco para o coronavírus.

Em 2012, o número de abstenções no primeiro turno na cidade de São Paulo foi de 1,6 milhão. Já em 2016, o número subiu para 1,9 milhão.

O Código Eleitoral prevê multa de 3 a 10% sobre o salário mínimo da região para os que deixarem de votar e não se justificarem.

Sem a justificativa e o pagamento da multa, o eleitor não poderá, por exemplo, obter passaporte ou carteira de identidade e renovar matrícula em estabelecimento de ensino oficial ou fiscalizado pelo governo.

A pesquisa Datafolha também mostra que os moradores de São Paulo estão divididos sobre o peso da pandemia na decisão de voto para prefeito. Para 49% deles a crise sanitária influencia a escolha, enquanto para 48%, não.

Das respostas afirmativas, 33% apontam que a influência é grande, e 16% dizem que há alguma influência.

Entre as faixas etárias, enquanto 73% do grupo de 16 a 24 anos afirmam que a pandemia influencia na decisão, na ala de 60 anos ou mais o índice é de 36%.

A pandemia tem menos peso no voto dos menos escolarizados, com 35% dos com ensino fundamental afirmando que há influência na definição do prefeito. A porcentagem sobe para 50% entre os com ensino médio e de 60% entre os com ensino superior.

Já na divisão por cor de pele, os pretos são o grupo com maior índice dos que afirmam que a crise sanitária influencia a decisão (55%), seguidos pelos brancos (51%) e pardos (45%).

A pesquisa foi encomendada pela Folha e está registrada no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo sob o número 06594/2020.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.