Descrição de chapéu Eleições 2020 datafolha

Gestão Covas é aprovada por 25% e reprovada por 27% dos moradores de São Paulo, diz Datafolha

Candidato à reeleição, prefeito tem trabalho considerado regular por 45% dos entrevistados na cidade

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São Paulo

A administração do prefeito Bruno Covas (PSDB), candidato à reeleição no pleito de novembro, é considerada ótima ou boa por 25% dos moradores da cidade de São Paulo e ruim ou péssima por 27%, de acordo com pesquisa Datafolha realizada nesta semana.

A gestão é regular para 45%, enquanto 3% não opinaram. O instituto perguntou aos entrevistados a avaliação sobre os dois anos e meio de governo do tucano, que era vice de João Doria (PSDB) e assumiu o cargo com a renúncia do aliado em 2018 para concorrer ao governo do estado.

A mesma pesquisa mostrou que Covas está em segundo lugar na disputa eleitoral, com 20%, atrás do deputado federal Celso Russomanno (Republicanos) , que lidera com 29%.

O índice daqueles que dizem que vão votar em branco ou nulo é de 17%. Em terceiro lugar empatam Guilherme Boulos (PSOL, 9%) e o ex-governador Márcio França (PSB, 8%). Não sabem responder 4%.

O Datafolha ouviu presencialmente 1.092 eleitores nos dias 21 e 22 de setembro. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

A aprovação do governo Covas é mais alta entre os que têm 60 anos ou mais (nessa faixa, 35% o consideram ótimo ou bom) e menor entre os mais jovens (no grupo de 16 a 24 anos, o índice de ótimo e bom cai para 18%).

O tucano atinge seu maior nível de reprovação, contudo, na parcela de 25 a 34 anos, com um percentual de 37% das pessoas que julgam a administração ruim ou péssima. A opinião de que seu governo é regular oscila entre 40% e 50% em todas as faixas etárias.

Estrategistas da campanha do atual prefeito consideram que a conexão com o nome do avô dele, o governador Mário Covas (1930-2001), um dos fundadores do PSDB, tende a beneficiá-lo na avaliação pelos eleitores mais velhos.

A pesquisa mostra que, na divisão por gênero, Covas obtém uma aprovação maior entre as mulheres (com 27% delas vendo o governo como ótimo ou bom, ante 23% do eleitorado masculino).

A desaprovação é maior entre os homens (com 30% deles avaliando a gestão como ruim ou péssima, ante 24% no campo feminino). A faixa de regular ficou idêntica entre mulheres e homens (45%).

Ainda na avaliação de sua gestão na prefeitura, Covas também alcança uma performance mais vantajosa entre os menos escolarizados, com 32% de ótimo e bom entre os que têm ensino fundamental. A maior reprovação está na parcela dos que têm ensino superior, na qual 30% dos entrevistados julgam a gestão como ruim ou péssima.

Na classificação por renda, seu melhor resultado é entre os mais ricos, com percentual de 34% de ótimo ou bom entre os que têm renda familiar mensal entre cinco e dez salários mínimos e de 30% no grupo que ganha mais de dez salários.

Por outro lado, a desaprovação é maior entre os mais pobres, com taxa de 26% de ruim e péssimo tanto entre os que recebem até dois salários e quanto entre os que têm renda entre dois e cinco salários.

Considerando a cor de pele, o menor percentual de ótimo ou bom está entre os pretos (20%). Entre pardos e brancos, o índice é de 26%. Já o percentual de ruim ou péssimo na avaliação sobre a gestão é maior entre os brancos (28%) e chega a 25% entre pretos e 24% entre pardos.

Na divisão geográfica, o tucano possui os maiores índices de ótimo ou bom nas zonas oeste (34%), norte (28%) e central (27%). As taxas mais altas de ruim ou péssimo aparecem nas zonas norte (29%), sul e leste (ambas com 26%).

Adversários de Covas na corrida eleitoral dizem que seu período na prefeitura carece de uma marca forte e que ele falhou em apresentar programas inovadores.

Aliados, por sua vez, têm afirmado que ele terá a oportunidade de recapitular seus principais feitos durante a campanha e que a visibilidade de obras realizadas e serviços oferecidos ficou prejudicada pela pandemia do coronavírus.

Na convenção do PSDB que confirmou sua candidatura, no dia 12 deste mês, o prefeito afirmou que sua estratégia para sair vitorioso será mostrar exemplos concretos de sua gestão.

"Enquanto todos os outros [candidatos] vão vender sonho, nós vamos vender uma realidade, o que foi feito na cidade ao longo dos últimos quatro anos", discursou, incluindo na contagem o período em que Doria esteve no cargo.

Os eleitores que pretendem votar em Boulos são os que têm o pior diagnóstico sobre o trabalho de Covas. Entre os apoiadores do militante de moradia, a gestão é considerada ruim ou péssima por 33% e ótima ou boa por 16%; para 50%, é regular, e 1% não sabe.

Apoiadores de Russomanno e França também fizeram avaliação mais negativa que a média geral em relação ao tucano.

Os melhores números, como esperado, estão entre os entrevistados que declararam intenção de votar em Covas. Indagados sobre a administração dele, 58% responderam ótima ou boa, 38% regular e 3% ruim ou péssima; 1% não sabe.

Seu desempenho também é mais alto entre os que aprovam o governo Doria no plano estadual. Dentro desse grupo, o percentual de ótimo ou bom da gestão do prefeito chega a 62%. Já entre os que desaprovam Doria, o índice de ruim e péssimo de Covas sobe para 51%.

Na comparação com prefeitos eleitos na capital desde 1988, Covas tem uma aprovação maior do que parte de outros políticos que tiveram o desempenho medido pelo Datafolha após período semelhante do mandato.

Com os 25% de aprovação, ele supera Luiza Erundina (19%), Celso Pitta (8%), Marta Suplicy (20%) e Fernando Haddad (15%). Mas fica atrás de Jânio Quadros (30%), Paulo Maluf (46%) e Gilberto Kassab (47%).

Tanto Kassab (em seu primeiro mandato, encerrado em 2008) quanto Covas, que eram vices, viraram prefeitos com o mandato já em andamento, em virtude da renúncia dos respectivos titulares para disputarem a eleição ao governo do estado, José Serra e João Doria.

Kassab e Covas chegaram à chefia do Executivo um ano e três meses após o início do mandato.

Os resultados do Datafolha indicam também que Covas conseguiu se tornar mais conhecido desde que assumiu o mandato na prefeitura. Contou para isso a intensa exposição que ele teve ao tornar público o tratamento contra um câncer no trato digestivo descoberto em 2019.

Diante da pergunta "qual o nome do atual prefeito da cidade de São Paulo?", 72% responderam corretamente. Em abril de 2018, assim que ele passou a ocupar o posto, o percentual dos que disseram Bruno Covas era de 27%.

Na pesquisa mais recente, 21% afirmaram que não sabem o nome (ante 62% dois anos atrás), 3% falaram João Doria e 5% deram outras respostas.

A taxa dos que desconhecem o prefeito sobe entre os mais pobres (28%), os menos instruídos (29%) e os mais jovens (37%).

A maioria das pessoas ouvidas desta vez disse ainda que se sente, de alguma mandeira, satisfeita em morar na cidade de São Paulo. Segundo o Datafolha, 43% dos entrevistados afirmaram que estão muito satisfeitos.

O índice é superior ao da vez anterior em que o instituto fez a mesma pergunta, em fevereiro de 2017, no início da gestão Doria. Naquela ocasião, 39% se disseram muito satisfeitos. Outros 48% afirmaram que se sentiam um pouco satisfeitos.

Agora, 42% se dizem um pouco satisfeitos em morar na capital. Já o percentual dos que se consideram nada satisfeitos ficou parecido nos dois anos (representavam 13% em 2017 e ficaram em 15% em 2020).

Áreas problemáticas

Saúde é a principal resposta espontânea dos entrevistados quando questionados sobre o principal problema da cidade. O tema foi lembrado por 23% das pessoas, seguido por: segurança (12%), transporte coletivo (10%), educação (8%) e desemprego (6%).

Desde 2007, o tópico saúde aparece entre os maiores desafios da cidade, dividindo espaço no topo do ranking com a questão da segurança, que é de competência majoritariamente estadual.

O instituto também perguntou qual é o setor de atuação em que a prefeitura tem o melhor desempenho. A maioria (28%) disse que não sabe ou considerou que não há nenhuma área de destaque (25%).

Entre as áreas mais citadas, as opiniões ficaram divididas: 9% responderam espontaneamente saúde, 6% limpeza urbana, 6% transporte coletivo, 6% educação, 4% calçadas e 2% segurança pública.

Indagados sobre o número de pessoas em situação de rua na cidade, a maior parcela (78%) disse que esse contingente aumentou. Para 13%, a quantidade ficou igual, 5% afirmaram que diminuiu e 4% falaram que não sabem.

Entre os habitantes da região central, área que costuma ter mais pessoas vivendo nas ruas, a percepção sobre o aumento foi confirmada por 87% dos entrevistados.

Segundo dados da própria gestão tucana, o mais recente censo mostrou que a população de rua na capital chegou a 24.344 pessoas em 2019 —um salto de 53% em quatro anos.

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