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Bolsonaro promete ajuda a Russomanno na eleição em SP, e candidato diz ser reação a Covas

Segundo Russomanno, apoio do presidente é resposta à frente de oposição criada por Covas e Doria

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São Paulo

Em passagem por São Paulo para participar de um culto da Assembleia de Deus, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) declarou apoio ao deputado federal Celso Russomanno (Republicanos) na eleição para a prefeitura.

"Eu não pretendia entrar nas decisões de eleições municipais, mas Russomanno é amigo de velha data e estou pronto para ajudá-lo no que for preciso", disse Bolsonaro ao lado de Russomanno na tarde desta segunda (5).

Segundo Russomanno, o presidente sentiu necessidade de entrar em sua campanha no primeiro turno como resposta ao que chamou de frente de oposição criada pelo prefeito Bruno Covas (PSDB), que busca a reeleição.

Durante a noite, horas depois da reunião entre o presidente e Russomanno, Bolsonaro e Covas estiveram juntos no culto de aniversário do pastor José Wellington Bezerra da Costa, líder do Ministério Belém, o maior braço daquela que é a principal denominação evangélica do Brasil, a Assembleia de Deus.

O candidato a prefeitura Celso Russomano (Republicanos) e o Presidente da Republica Jair Messias Bolsonaro falam ao publico apos reuniao no Aeroporto de Congonhas, zona sul da cidade de Sao Paulo, nesta Segunda-feira
O presidente Bolsonaro declara apoio ao deputado federal Celso Russomanno (Republicanos) na eleição para a prefeitura - Ettore Chiereguini/AGIF

Russomanno também iria ao evento, mas desistiu na última hora. Segundo sua equipe, o candidato resolveu gravar propagandas para o horário eleitoral.

Mais cedo, por volta das 15h45, Russomanno recepcionou Bolsonaro no saguão de autoridades do Aeroporto de Congonhas, onde conversaram e, em seguida, falaram brevemente com a imprensa. O candidato estava acompanhado do publicitário de sua campanha, Elsinho Mouco.

Russomanno criticou Covas, afirmando que ele armou uma frente de oposição a Bolsonaro.

A coligação de Covas, formada por 11 partidos e costurada pelo pelo governador João Doria (PSDB), é vista por Bolsonaro como uma ameaça. Como Doria é potencial presidenciável em 2022, a vitória de Covas em São Paulo o ajudaria eleitoralmente.

"O que é triste é eles terem armado uma frente para combater o presidente Bolsonaro, usando a prefeitura inclusive, para fazer esse tipo de coisa. [...] Não é assim que se faz política. Então, essa frente que eles estão criando aí, para combater o presidente Bolsonaro, não vai dar em absolutamente nada, pode ter certeza", disse Russomanno.

"Ele [Bolsonaro] disse que não pretendia entrar no primeiro turno na eleição, mas, diante dessa frente que foi criada pelo Bruno e pelo Doria para fazer oposição a ele, ele vai entrar na minha campanha", completou.

Como mostrou a Folha, além da ampla coligação de partidos —encabeçada por MDB e DEM—, aliados de Covas querem aglutinar apoios de setores e movimentos da sociedade sem conexão com legendas e que se contraponham a Bolsonaro.

Russomanno afirmou que conversou com o presidente sobre política e sobre a pandemia, mas disse que eles não fizeram gravações juntos para propaganda eleitoral e que esse tema ainda será discutido. O candidato postou um vídeo do encontro em suas redes sociais.

Russomanno voltou a afirmar que conta com Bolsonaro para transferir recursos do governo federal a São Paulo. O deputado disse que tem o compromisso do presidente de que ele irá renegociar a dívida com São Paulo, o que viabilizaria o "auxílio paulistano", sua principal proposta.

"O governo federal tem recursos. São Paulo está destruída. Vamos sair dessa pandemia com uma quantidade imensa de desempregados. E os recursos do governo federal têm que vir para São Paulo", disse.

O candidato pelo Republicanos afirmou ainda que a renegociação da dívida não precisa de aval do Congresso.

"O auxílio paulistano depende única e exclusivamente de uma renegociação da dívida da cidade de São Paulo com o governo federal. Eu conversei sobre isso com ele e nós vamos fazer."

Russomanno chegou a afirmar que hoje a cidade não recebe recursos do governo federal devido à falta de entendimento político, mas depois disse que Bolsonaro enviou, sim, recursos na pandemia.

"Hoje não vem nada [de recursos] porque o governador não conversa com o presidente e o prefeito não conversa com o presidente", disse primeiramente.

Em seguida afirmou: "Ele [Bolsonaro] mandou recursos para cá na pandemia. São Paulo recebeu recursos do governo federal, só que eles não conversam com o presidente".

O presidente cumprimentou apoiadores, mas evitou responder a perguntas de jornalistas.

Ao sair do aeroporto, Bolsonaro passou por uma avaliação médica no hospital Albert Einstein. No dia 25 de setembro, o presidente foi submetido a uma cirurgia para retirar um cálculo na bexiga. Nesta segunda, o boletim médico do hospital informou que ele está "assintomático e em excelentes condições clínicas".

Na ocasião, Russomanno também o visitou no hospital e divulgou uma foto. A dupla esteve junta em Congonhas em outra ocasião, no início de setembro. Os encontros fazem parte dos acenos públicos de Bolsonaro em apoio ao deputado.

Em sua visita a São Paulo, Bolsonaro afagou sua base eleitoral evangélica no culto de aniversário do pastor José Wellington Bezerra da Costa.

O eleitorado evangélico é um dos principais alvos de disputa entre os candidatos a prefeito de São Paulo neste ano. Russomanno, cujo partido é ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, e Covas vêm dedicando agendas ao eleitorado religioso.

Ao chegarem ao culto, Bolsonaro e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, foram recebidos com aplausos e gritos de mito.

O presidente afirmou que, para a próxima vaga do STF (Supremo Tribunal Federal), indicará não só alguém "terrivelmente evangélico", como já havia prometido, mas um pastor. Bolsonaro reagiu à frustração de sua base pela escolha do juiz federal Kassio Nunes, 48, hoje integrante do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região).

Candidato à Prefeitura de São Paulo, Andrea Matarazzo (PSD), também estava presente no culto. A vice de Matarazzo, deputada estadual Marta Costa (PSD), é filha do pastor Wellignton.

Matarazzo e Covas também foram recebidos com aplausos. Houve um agradecimento ao prefeito "por ter facilitado a liberdade para que a igreja continue pregando a palavra de Deus".

Em meio à pandemia do coronavírus, o culto reuniu cerca de 1.800 pessoas num templo com capacidade para 5.000.

Os fiéis tiveram sua temperatura medida e foram obrigados a se sentar de forma intercalada, com uma cadeira vazia entre cada um.

Mas houve aglomeração na entrada e ao final, em meio aos cumprimentos de autoridades. Quando a capacidade do local se esgotou, ainda havia uma fila de fiéis pelo quarteirão do lado de fora.

O evento teve a presença da ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) e do ministro Milton Ribeiro (Educação), ligados a comunidade evangélica.

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