YouTube aponta violação de regras e encerra canal bolsonarista Terça Livre

Vídeos violaram política da plataforma sobre integridade da eleição nos EUA e sobre conteúdo relacionado a organizações criminosas violentas

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São Paulo

O YouTube encerrou na noite desta quarta-feira (3) o canal bolsonarista Terça Livre, removendo-o da plataforma.

O canal do jornalista Allan dos Santos, que chegou a ter 1,1 milhão de seguidores, havia sofrido duas advertências ("strikes") do YouTube por violar as regras da plataforma.

Allan dos Santos é alvo de investigações da Polícia Federal no âmbito do inquérito das fake news do STF (Supremo Tribunal Federal). Ele também teve sua conta no Twitter suspensa no ano passado.

O jornalista Allan Santos, dono do site Terça Livre, durante depoimento à CPMI das Fake News no Senado em 2019
O jornalista Allan Santos, dono do site Terça Livre, durante depoimento à CPMI das Fake News no Senado em 2019 - Pedro Ladeira - 5.nov.19/Folhapress

No YouTube, quando um canal sofre a segunda advertência, os donos não podem subir vídeos novos nem fazer lives durante uma semana. Um dos vídeos voltava a apontar supostas fraudes nas eleições presidenciais nos Estados Unidos.

Uma das regras do You Tube se refere à “política de integridade da eleição presidencial” e gera advertências para vídeos que contêm alegações falsas sobre pessoas mortas votando na eleição americana, falhas nas máquinas de votação que teriam mudado os votos, outra afirmação mentirosa, e também de cédulas falsas.

Outro vídeo foi alvo de advertência por violar a regra do YouTube que proíbe conteúdo que seja "incitação para que outras pessoas cometam atos violentos contra indivíduos ou um grupo definido de pessoas".

Em texto em seu site, o canal afirmava que havia sofrido "strike" por conteúdo relacionado a “organizações criminosas violentas”.

O Terça Livre estava sob advertência e criou um canal reserva para burlar as sanções e publicar conteúdo novo. Isso levou ao encerramento do canal pelo YouTube.

Em vídeo postado em um canal reserva na plataforma na noite desta terça-feira (2), um apresentador se queixava de que o Terça Livre estava impossibilitado de subir novos conteúdos porque havia recebido um “strike” e pedia doações por meio de QR code para que a receita do canal não fosse interrompida. O canal reserva, porém, também foi derrubado.

Para driblar o encerramento do canal no YouTube, o Terça Livre vem usando o Instagram para promover lives. Na noite desta quinta-feira (4), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, divulgou em suas redes sociais o novo perfil do site.

Em comunicado em seu site, o Terça Livre informou que o YouTube havia encerrado os dois canais nesta quarta-feira e atribuía a medida à campanha do “grupo de ativismo pró-censura” Sleeping Giants, que pressiona anunciantes e plataformas.

Procurado pela Folha, o YouTube enviou nota afirmando que todos os conteúdos "precisam seguir nossas diretrizes de comunidade” e que a plataforma “se reserva o direito de restringir a criação de conteúdo de acordo com os próprios critérios".

"Caso uma conta tenha sido restringida na plataforma ou impossibilitada de usar algum dos nossos recursos, o criador não poderá usar outro canal para contornar essas penalidades."

"Essa regra se aplicará a todo o período em que a restrição estiver ativa. Consideramos a violação dela um descumprimento dos nossos Termos de Serviço, o que pode levar ao encerramento da conta", acrescenta a nota do YouTube.

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