CPI da Covid ouvirá Mandetta e Teich na terça, Pazuello na quarta e Queiroga na quinta, diz presidente da comissão

Requerimentos de convocação serão votados nesta quinta-feira pela comissão de inquérito

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Brasília

Presidente da CPI da Covid, o senador Omar Aziz (PSD-AM) informou à Folha que vai marcar para a próxima quarta-feira (5) o depoimento do general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde e um dos principais alvos da comissão de inquérito do Senado.

Segundo ele, no dia seguinte, quinta (6), será a vez do atual chefe da pasta, Marcelo Queiroga. O presidente da CPI confirmou que os dois ex-ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich serão ouvidos na terça-feira (4). O calendário foi definido nesta noite.

A CPI se reúne nesta quinta-feira (29), às 9h, para a votação dos primeiros requerimentos. Omar Aziz diz que essas convocações serão as primeiras a serem votadas. Ele acrescentou ainda que a previsão é ouvir o ex-chefe da Secom do Planalto Fabio Wajngarten no dia 11, juntamente com representantes da Pfizer.

Em entrevista à Veja, Wajngarten disse que a compra de vacinas oferecidas pela farmacêutica no ano passado não ocorreu por "incompetência e ineficiência" por parte do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello.

O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que haverá sessão exclusiva para ouvir o ex-ministro Pazuello, porque muitos dos fatos mais importantes para a comissão aconteceram em sua gestão

"Por óbvio é necessário dedicar um tempo maior ao ministro Pazuello, dos ex-ministros da saúde ele foi o que mais tempo ficou à frente da pasta."

"E os eventos que são objetos da CPI ocorreram sobre a gestão do ministro Pazuello. Eu me atrevo a dizer, não conversei isso com os colegas da direção da CPI, mas talvez o ministro Pazuello a gente tenha que ouvir mais de uma vez", afirmou.

Randolfe afirmou que essas oitivas iniciais serão importantes para orientar o rumos dos trabalhos, direcionar futuros pedidos de documentos e mesmo novos depoimentos.

A CPI EM CINCO PONTOS

  • Foi criada após determinação do Supremo ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG)

  • Investiga ações e omissões de Bolsonaro na pandemia e repasses federais a estados e municípios

  • Tem prazo inicial (prorrogável) de 90 dias para realizar procedimentos de investigação

  • Relatório final será encaminhado ao Ministério Público para eventuais criminalizações

  • É formada por 11 integrantes, com minoria de senadores governistas

Instalada na terça (27), a CPI já recebeu uma enxurrada de pedidos de senadores. Os requerimentos, que passam de 200, abrem caminho para uma devassa na condução do governo Jair Bolsonaro no enfrentamento da pandemia.

Além de convocações, os requerimentos também solicitam informações sobre o fornecimento de respiradores, EPIs (equipamentos de proteção individual), "kit intubação", abertura de leitos, fornecimento de oxigênio, aquisição de vacinas, seringas e distribuição de cloroquina para o chamado tratamento precoce.

O governo vai aproveitar a sessão desta quinta para pressionar pela votação de requerimentos que pedem compartilhamento de investigações da Polícia Federal nos estados.

Governistas estudam convocar o médico Davi Uip para falar sobre o tratamento contra a Covid-19 e falar sobre a época em que ele teve a doença. O médico reconheceu que tomou cloroquina quando ficou doente, em abril do ano passado.

A crise no fornecimento de oxigênio hospitalar em Manaus também foi o foco de ao menos cinco requerimentos, vindos tanto de senadores da oposição como de governistas.

Randolfe pediu todos os documentos sobre o tema, entre os seus no mínimo 45 requerimentos, enquanto Alessandro Vieira (Cidadania-SE) pediu que sejam convocados os gestores de Manaus.

"É fato público e notório que Manaus está em colapso com o avanço dos casos de Covid-19: as internações e os enterros bateram recordes, as unidades de saúde ficaram sem oxigênio e pacientes estão sendo enviados para outros estados. Lotados, os cemitérios precisaram instalar câmaras frigoríficas", justificou Randolfe.

Randolfe também ironizou nesta quarta-feira o Palácio do Planalto e os senadores Ciro Nogueira (PP-PI) e Jorginho Mello (PL-SC), pelo caso dos requerimentos apresentados por esses parlamentares à CPI, que teriam sido redigidos por uma servidora do Palácio do Planalto.

"Me causa espécie tanto interesse do presidente da República nessa comissão parlamentar de inquérito. Quem sabe se esse interesse todo tivesse ocorrido no enfrentamento à pandemia, nós não tivéssemos muito menos mortos e a pandemia não fosse colocada nessa situação dramática que estamos hoje", afirmou.

"Como alguns colegas estão insistindo em arguir suspeição [de Renan Calheiros], talvez amanhã queiram arguir quem sabe a suspeição dos dois colegas senadores, que, me parece, não tiveram cuidado de deixar no requerimento a assinatura da funcionária do Palácio do Planalto", completou.

​Requerimentos apresentados pelos parlamentares à CPI da Covid partiram, segundo indicam registros de dados dos arquivos, de um computador registrado em nome de Thaís Amaral Moura, secretária especial de assuntos parlamentares do Palácio do Planalto.

A informação foi divulgada pelo jornal O Globo e confirmada pela Folha, a partir da análise dos metadados dos documentos apresentados ao Senado.
Um dos pedidos é de Nogueira, que solicitou a presença da imunologista e oncologista Nise Yamaguchi, 58, que chegou a ser cotada para substituir Luiz Henrique Mandetta.

A médica também é uma entusiasta do uso precoce da combinação da hidroxicloroquina com o antibiótico azitromicina já nos primeiros sinais da infecção por coronavírus —e não apenas para pacientes graves, como preconiza o Ministério da Saúde.

Mello também apresentou requerimento registrado pela funcionária do governo convidando a mesma médica para a falar à CPI. O senador não quis comentar.

Procurados, Nogueira e o Planalto não se manifestaram até a conclusão deste texto.

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