O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (26) que o mundo "está chato para cacete" e pesado porque todas as piadas viraram politicamente erradas.
"Então não tem mais graça. Se você quer dar risada é nesses programas de humorismo chatos pra cacete na televisão", disse o petista em encontro com jornalistas e youtubers em São Paulo.
Ao defender um mundo que não seja "unipolar", em que pessoas com pensamentos diferentes possam conversar, ele chegou a defender as piadas com nordestinos. Lula é pernambucano.
"Queremos um mundo multipolar, que tenha 500 pessoas discutindo na mesa. Aí sim a gente vai ter um mundo feliz. O cara contando piada de nordestino e eu rindo. Eu contando piada de outras pessoas e as pessoas rindo", afirmou.
Participam do encontro jornalistas da Agência de Notícias Alma Preta, do Brasil de Fato, da TVT, do Viomundo e do Tijolaço, além de youtubers. A conversa durou mais de três horas.
Para o petista, atualmente é proibido contar piadas. Ao demonstrar que não gosta dos comediantes do momento, ele citou, com saudosismo, o humorista Chico Anysio (1931-2012). "Parece que depois que o Chico Anysio morreu, desapareceram os humoristas no Brasil", disse.
Ele fez a crítica quando respondia a uma pergunta sobre a campanha eleitoral à Presidência da República. Lula defendeu uma postura sóbria e em que possa conversar com todo mundo que tiver interesse no diálogo.
"Sentar na mesa com alguém que votou contra mim e contar piada, como dois torcedores de times adversários fazem", citou como exemplo.
O ex-presidente disse que "apanha" todo dia do presidente Jair Bolsonaro (PL). "Ele tem razão para bater: medo que eu ganhe no primeiro turno", disse. "Como tenho as costas salgadas, temperadas, eu estou muito tranquilo".
No mesmo encontro, o petista justificou o seu silêncio diante do indulto concedido por Bolsonaro ao deputado Daniel Silveira, condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), e afirmou que o presidente foi "estúpido" e "medíocre".
"O Bolsonaro foi estúpido quando fez essa decisão que ele tomou, essa graça que ele fez. Ele acha que é uma graça mesmo, não no sentido jurídico, mas do ponto de vista de sorrir. Ele foi medíocre", afirmou.
Também nesta terça, o petista voltou a atacar o teto de gastos.
"Nós não aceitamos a lei do teto de gastos, até porque ela foi feita para garantir que os banqueiros tivessem o deles no final do ano. Queremos que o povo tenha o seu todo dia, todo mês e todo ano. Fazer política social não é gasto, é investimento. E é isso que vamos fazer nesse país", disse.
Lula também abordou a revisão da reforma trabalhista e a necessidade de adaptar a legislação à realidade atual.
"Houve uma certa rebelião de uma parte da sociedade brasileira representada por um grupo de empresários que, quando falamos em rever a questão da reforma trabalhista, ficaram assustados. Temos que criar uma reforma trabalhista que seja adaptada à atual realidade do mundo do trabalho."
Após a entrevista, o petista se reuniu com alguns aliados para almoçar, entre eles os ex-ministros Aloizio Mercadante, Celso Amorim e Franklin Martins, que acompanhou e foi um dos organizadores da conversa com os jornalistas.
Segundo interlocutores do ex-presidente, Franklin, que atualmente é coordenador de comunicação da pré-campanha, deverá deixar o posto após embates com o PT que resultaram na demissão do marqueteiro Augusto Fonseca na semana passada.
A ideia é que Franklin siga como um conselheiro político da pré-campanha em um primeiro momento. O prefeito de Araraquara, Edinho Silva, é cotado para assumir o lugar de Franklin.
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