Descrição de chapéu Governo Bolsonaro Folhajus

PF troca comando no RJ após inquérito descartar interferência de Bolsonaro

Diretor-geral da Polícia Federal vai mudar também superintendentes de Bahia, Amazonas e Alagoas

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Brasília e São Paulo

O novo diretor-geral da Polícia Federal, Márcio Nunes, vai trocar o superintendente do órgão do Rio de Janeiro. Tácio Muzzi está há quase dois anos no cargo, desde maio de 2020. Ele vai ser adido da PF no Peru pelo período de três anos.

O escolhido para o posto é Ivo Roberto Costa da Silva, atualmente delegado da regional de Investigação e Combate ao Crime Organizado no Espírito Santo, o terceiro na hierarquia da cúpula local.

Ele será o quarto superintendente do Rio no governo de Jair Bolsonaro.

A mudança ocorre após o inquérito que apurou a interferência de Jair Bolsonaro no órgão chegar ao fim, descartando indícios de crimes na atuação do presidente da República.

O chefe da PF também vai trocar os superintendentes de Bahia, Alagoas e Amazonas.

Ivo Roberto Costa da Silva, escolhido para ser novo chefe do Rio - Arquivo pessoal

Silva é tido como técnico e tem sua carreira na polícia ligada ao trabalho de combate ao tráfico de drogas, assim como o diretor-geral.

Ele foi supervisor do Gise (Grupos Especiais de Investigações Sensíveis) de São Paulo de 2010 a 2013, chefe da DRE (Delegacia de Repressão a Drogas) em SP de 2013 a 2015, também passou pela CGPRE (Coordenação-Geral de Repressão e Combate ao Tráfico de Drogas) e, mais recentemente, foi oficial de ligação em El Paso, no Texas, de 2019 a 2021. Não ocupou cargo de superintendente anteriormente.

Desde o início do governo Bolsonaro, o Rio virou um local sensível.

Muzzi foi escolhido em 2020 no meio de uma das crises provocadas por Bolsonaro na PF. Na época, Sergio Moro deixava o Ministério da Justiça fazendo acusações sobre tentativas de interferência do presidente da República no órgão.

Com histórico de operações relevantes e respeitado internamente, Muzzi não estava entre os nomes defendidos por Bolsonaro para o posto.

A escolha acalmou o clima na época, já que o delegado não tinha relação com a família presidencial. Antes de ser o chefe, ele tinha ficado um ano como delegado regional executivo do Rio, o segundo na hierarquia estadual.

Márcio Nunes de Oliveira, nº2 do Ministério da Justiça, será o novo diretor-geral da PF — Foto: Tom Costa/MJSP

Esse foi o segundo momento de tensão envolvendo a PF no Rio. O primeiro acontecera em agosto de 2019, quando o presidente da República anunciou em entrevista que iria trocar o chefe da PF do estado, pegando a então cúpula do órgão de surpresa.

Bolsonaro chegou a anunciar um nome que iria ocupar a cadeira, mas uma nota oficial da direção da Polícia Federal negou a indicação e divulgou outro delegado para assumir o posto.

A troca demorou ainda para ocorrer, mas foi concretizada em dezembro daquele ano. Pouco tempo depois, no entanto, a crise voltou em meio à saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça. O Rio era de novo foco das atenções.

Em depoimento para a Polícia Federal no dia 2 de maio, o ex-juiz relatou pressão de Bolsonaro para mudanças na cúpula da PF e na superintendência do Rio.

"Moro, você tem 27 superintendências, eu quero apenas uma, a do Rio de Janeiro", disse Bolsonaro a Moro, por mensagem de WhatsApp, segundo transcrição da oitava no inquérito que tramita no STF (Supremo Tribunal Federal).

A apuração sobre a suposta interferência foi encerrada nesta semana e concluiu não haver indícios de crime por parte do presidente.

Em meio à demissão de Moro, Maurício Valeixo, então diretor-geral da PF, foi exonerado.

Bolsonaro escolheu o delegado Alexandre Ramagem para assumir o posto, mas Alexandre de Moraes suspendeu sua posse —Ramagem tinha sido responsável pela segurança de Bolsonaro durante a campanha, depois virou diretor da Abin (Agência Brasileira de Investigação) e agora acaba de se licenciar do cargo para ser candidato a deputado pelo Rio.

Nos poucos dias que quase foi diretor-geral, Ramagem já havia tomado sua decisão de trocar o chefe do Rio, o que aumentou as suspeitas em relação ao interesse do presidente da República no posto. Depois, com a nomeação de Rolando Alexandre, a mudança foi feita.

Márcio Nunes é o quarto diretor da PF no governo Bolsonaro.

As outras trocas que serão oficializadas pelo diretor-geral são na Bahia, Amazonas e Alagoas.

O delegado Sandro Luiz Valle Pereira deixará o cargo em Alagoas para a entrada de Marcelo Werner, que estava lotado na superintendência da Bahia.

Para o comando da PF na Bahia foi escolhido o delegado Leandro Almada, até agora superintendente no Amazonas. Na chefia no Amazonas para o lugar de Almada o indicado será Eduardo Fontes.

Além dessas, o novo diretor-geral também escolheu novos nomes para os estados de Tocantins, Piauí e Ceará após trazer para sua equipe em Brasília os delegados que chefiavam essas superintendências.

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