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Gabriel Souza, do MDB, promete resistir a acordo com PSDB no RS

Pré-candidato do MDB foi o quinto entrevistado da série de sabatinas Folha/UOL no Rio Grande do Sul

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Porto Alegre

O pré-candidato do MDB, Gabriel Souza, promete resistir aos múltiplos sinais de que seu partido fará uma aliança com o ex-governador Eduardo Leite, do PSDB, no Rio Grande do Sul. Além de citar o protagonismo o partido na história recente do estado, Souza pede que a decisão local do MDB seja respeitada.

A declaração foi feita nesta quarta-feira (15) durante a sabatina Folha/UOL com pré-candidatos ao governo do Rio Grande do Sul.

"Sou pré-candidato a governador e pretendo continuar sendo. Sempre ouvi que quem vai decidir o futuro da pré-candidatura é o MDB do Rio Grande do Sul, que governou o estado em 4 dos 10 últimos mandatos. Se isso for verdade, pode ter certeza que ele [o partido] vai querer manter a candidatura até o final para vencer e governar", declara o emedebista, que é deputado estadual.

Pré-candidato ao governo do Rio Grande do Sul pelo MDB, Gabriel Souza é sabatinado nesta quarta-feira (15). A sabatina é conduzida por Kennedy Alencar e pelos jornalistas Tales Faria, do UOL, e Alexa Salomão, da Folha de S. Paulo. (Foto: Reprodução) - Reprodução

Souza diz ainda que não se importa com a pressão para que abdique das pretensões eleitorais. "Se eu não estivesse acostumado a lidar com pressão, não poderia tentar ser governador do Rio Grande do Sul. Não teria sido líder do governo [José Ivo] Sartori aqui", diz.

Além de congelar gastos de custeio, o governo Sartori parcelou os salários do funcionalismo estadual por 35 meses consecutivos e aumentou as alíquotas de ICMS. Como medidas de austeridade, aprovou a Lei de Responsabilidade Fiscal estadual, extinguiu nove fundações estaduais e aprovou a criação da previdência complementar do funcionalismo.

Para ser candidato, Souza venceu internamente alas do partido que preferiam lançar ao cargo o deputado federal Alceu Moreira, o ex-prefeito de Santa Maria Cezar Schirmer ou o ex-governador José Ivo Sartori. Com apenas um ano mais velho do que Leite, de perfil moderado e conciliador, o emedebista tinha a esperança de ser apontado pelo tucano como seu sucessor, tendo em vista que o ex-governador afirmava que não concorreria à reeleição.

"Eu não costumo comentar decisões de outros partidos políticos. Vou dizer é que eu vi o mesmo que todos os gaúchos viram: a declaração várias e várias vezes de que ele [Leite] não concorreria à reeleição e que o meu nome seria muito adequado para ser o próximo governador do estado, tanto tecnicamente quanto politicamente", declara.

Desde que PSDB e MDB passaram a articular uma terceira via nacional, Souza vinha sendo pressionado a "avançar nas discussões com o PSDB com vistas à formação de uma aliança estadual e nacional", nas palavras do presidente do partido, o deputado federal Baleia Rossi (SP). Souza argumenta ter conversado nesta semana mesmo com Rossi, que teria reforçado que a decisão final é do partido no RS.

Souza manteve a pré-candidatura mesmo após a aliança nacional entre PSDB e MDB em torno de Simone Tebet (MDB), divulgada na semana passada. Em troca do apoio do PSDB a Tebet, o MDB negociou alianças com a sigla em Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Pernambuco.

Na segunda-feira (13), houve novo abalo para Souza com o gesto de Leite de voltar a concorrer. No discurso em que admitiu nova candidatura ao Palácio Piratini, o ex-governador mencionou MDB e PP como partidos que poderiam ocupar o posto de vice, embora ambos tenham seus pré-candidatos.

Sobre o desempenho modesto em pesquisas até agora, Souza argumenta que o eleitorado gaúcho tem tradição em romper polarizações.

"Germano Rigotto (MDB), Yeda Crusius (PSDB), José Ivo Sartori (MDB) e o próprio Eduardo Leite tinham percentuais semelhantes ao meu nessa época do ano. Diferentemente da eleição nacional, 84% dos gaúchos ainda não pararam para conhecer e escolher seus candidatos", afirmou, na sabatina.

Como ex-presidente da Assembleia e deputado estadual, Souza defende a adesão do Rio Grande do Sul ao regime de recuperação fiscal, que vem sendo criticado tanto por candidatos da esquerda quanto da direita.

"Meus adversários não estão preocupados com a dívida. Estão preocupados em aumentar gastos acima da arrecadação", diz Souza.

Ele discorda do argumento de que o estado estaria economizando recursos ao não pagar a dívida amparado por uma liminar junto ao Supremo Tribunal Federal.

Embora afirme que vai honrar o pagamento da dívida, Souza afirma que isso não impede novas renegociações no futuro para rever juros e o montante da dívida.

"A dívida do Rio Grande do Sul não é a única de estados e municípios com o governo federal. Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo também devem. Periodicamente precisa haver um levante nacional para reavaliar o juro que incide sobre a dívida. Para que consigamos diminuir o estoque. Isso não tem nada a ver com revogar o regime de recuperação fiscal como querem os meus adversários", diz o deputado.

Souza é natural de Tramandaí, é médico veterinário, tem 38 anos, e está no segundo mandato como deputado pelo MDB. Foi presidente da Assembleia em 2021.

Perguntado se teria preferência pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula do Silva (PT) ou pelo atual presidente, Jair Bolsonaro (PL) em uma eventual disputa entre ambos, Souza reitera o apoio a Simone Tebet e se nega a escolher entre um dos dois nomes.

"Que tipo de apoiador ou de eleitor seria eu se já estivesse descartando a possibilidade ou insinuando uma descrença de que a minha candidata iria para o segundo turno? O Brasil não pode continuar escolhendo o menos pior, precisa escolher quem é a melhor", justifica. ​

O emedebista foi o quinto pré-candidato ao Governo do RS entrevistado da série de sabatinas promovida pela Folha e pelo UOL. Antes dele, Edegar Pretto (PT), Vieira da Cunha (PDT), Luis Carlos Heinze (PP) e Beto Albuquerque (PSB) foram entrevistados.

Na segunda-feira (20), fecham a série o ex-ministro e deputado federal Onyx Lorenzoni (PL), às 10h, e o ex-governador Eduardo Leite, às 16h.

A sabatina foi conduzida pelo colunista do UOL Kennedy Alencar e pelos jornalistas Tales Faria, do UOL, e Alexa Salomão, da Folha.

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