O partido Rede Sustentabilidade oficializou neste sábado (11) o apoio à pré-candidatura de Fernando Haddad (PT) ao Governo de São Paulo. A ex-senadora e ex-ministra Marina Silva (Rede) participou de evento na capital paulista ao lado do petista.
A celebração é considerada por políticos próximos a Haddad e à ex-ministra um aceno importante de aproximação entre os dois —ela é desejada para assumir a posição de vice da chapa em que o ex-prefeito disputará o Palácio dos Bandeirantes. No entanto a decisão ainda esbarra em negociações com o PT e em conflitos internos da federação Rede/PSOL.
A Rede anunciou no final do mês de maio que decidiu compor uma aliança com o PT. No evento, o partido entregou sugestões para o plano de governo de Haddad, com ações voltadas para o meio ambiente.
Em sua fala, Marina Silva caracterizou o encontro como "programático". "Diretrizes que foram discutidas e que serão entregues ao futuro governador são as bases do nosso diálogo", disse.
A ex-ministra não comentou diretamente participar da chapa com Haddad. "Tomei todas as providências legais e estou apta a ser candidata federal por São Paulo. Mas ainda vou bater o martelo. É uma discussão que estou fazendo com a Rede."
Já Haddad iniciou sua fala saudando Marina como "companheira" e que o encontro era uma "comunhão". "Sou próximo da Marina desde que a conhecia e sou admirador antes de conhecer", disse.
Haddad disse ainda que há "pendências a ser desatadas" antes de anunciar essa decisão da chapa, em conversa com jornalistas após o evento.
"Há uma possibilidade, talvez, de que haja um acordo com o PSB. A hora que isso for conformado, aí, sim, nós vamos definir a chapa majoritária", disse o ex-prefeito.
Marina e Haddad são amigos, segundo pessoas próximas aos dois políticos, e semeiam boas relações desde quando trabalharam no mesmo período nos governos Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Marina já foi filiada ao PT e ministra do Meio Ambiente de 2003 a 2008 e Haddad, ministro da Educação de 2005 a 2012.
O encontro entre os dois no evento de hoje aconteceu após uma semana de conversas e acenos. Na última segunda-feira (6), Haddad foi entrevistado pelo programa Roda Viva, da TV Cultura, e Marina repercutiu positivamente tuítes com falas do pré-candidato durante a entrevista.
Além da boa relação, pesa a favor de Marina sua projeção política nacional e o fato de ter potencial para cumprir um objetivo crucial da campanha: atrair eleitores de centro. A ideia é receber os votos de eleitores mais resistentes ao PT, principalmente no interior do estado.
Na Rede, integrantes do partido ouvidos pela reportagem relatam que a sigla abriu espaço para que a decisão de Marina de compor com Haddad seja individual.
Antes da federação com o PSOL, ela sairia a deputada federal pela Rede para conseguir puxar votos a outros candidatos e evitar que o partido tivesse problema com a cláusula de barreira das eleições, ficando sem acesso ao fundo partidário.
Apesar da vontade do próprio ex-prefeito de fechar com Marina, políticos próximos de Haddad pedem cautela. Eles relatam que a possibilidade de compor com Marina Silva está em fase de negociações. É preciso "girar muitos pratos ao mesmo tempo" para agradar a todos os partidos da aliança, conforme relatou um interlocutor de Haddad à reportagem.
A cadeira de vice de Haddad é cobiçada pelo PSB e PSOL.
Na aliança construída com o PSB, o PT trouxe Geraldo Alckmin (PSB) para ser vice de Lula na corrida presidencial e negocia espaço para o partido como vice de Haddad. O nome do ex-prefeito de Campinas Jonas Donizette também é cotado como possível vice.
A decisão do futuro político do ex-governador Márcio França (PSB) também é considerada importante para o PT escolher o nome para vice em São Paulo. França deseja sair candidato ao governo do estado, mas também tem sobre a mesa a opção de disputar o Senado Federal pela aliança PT-PSB.
Para além disso, tanto o PT quanto a Rede terão de convencer os aliados do PSOL para emplacar o nome de Marina.
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