Ministro da Defesa nega preocupação com efeito Capitólio na eleição brasileira

General Paulo Sérgio diz que Forças Armadas não questionam urnas eletrônicas, mas buscam aperfeiçoamentos

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Brasília

O ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, afirmou nesta quarta-feira (6) que as Forças Armadas não estão preocupadas com uma possível ação violenta de grupos contrários ao processo eleitoral brasileiro em uma reedição da invasão do Capitólio, nos Estados Unidos, após a derrota de Donald Trump.

A declaração foi dada durante audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara.

Ministro da Defesa fala em comissão da Câmara - Billy Boss/Câmara dos Deputados

Na audiência, o ministro foi questionado pela deputada Perpétua Almeida (PC do B-RJ) se as equipes de inteligência das Forças Armadas monitoram "grupos armados ou pessoas mal-intencionadas [que possam tentar] interferir e tirar a paz no processo eleitoral". "O que nossas Forças Armadas estão fazendo para evitar um Capitólio, por exemplo?", perguntou a deputada.

O ministro respondeu que as Forças Armadas possuem sistemas integrados de inteligência, mas não vê risco de atos violentos.

"A preocupação que a senhora expõe no comentário em relação ao emprego da inteligência internamente e, não sei se foi essa a intenção, no que diz respeito ao processo eleitoral, eu nego e não existe esse tipo de preocupação [reedição da invasão do Capitólio no Brasil]."

Na audiência, o ministro disse que não tem questionado a credibilidade do sistema eleitoral brasileiro. Ele afirmou, no entanto, que nenhum sistema está imune a falhas ou fraudes e que as urnas eletrônicas podem ser aperfeiçoadas.

"Nenhum sistema informatizado é totalmente inviolável, sempre haverá riscos, até mesmo em bancos que gastam milhões [de reais] em sistemas de segurança. Não se trata de qualquer dúvida em relação ao sistema eleitoral."

A sessão na Câmara contou com a presença dos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica.

Deputados de oposição criticaram o alinhamento do Ministério da Defesa com o presidente Jair Bolsonaro (PL), que tem usado as Forças Armadas para tentar desacreditar as urnas eletrônicas.

Em resposta, Paulo Sérgio tentou demonstrar independência na atuação das Forças Armadas junto ao TSE.

"As Forças Armadas estavam quietinhas em seu canto e foram convidadas pelo TSE a participarem dessa Comissão de Transparência Eleitoral [...] Meu envolvimento foi único e exclusivamente por ter sido convidado pelo TSE para fazer parte desse processo."

Segundo o ministro, as Forças Armadas não têm "outro viés" na atuação no processo eleitoral que não seja aperfeiçoar o sistema eleitoral.

"Não se está duvidando [do sistema eleitoral]. Simplesmente, [atuamos] com espírito colaborativo para ajudar o TSE. Eu disse isso em reuniões presenciais com o presidente e vice. Estamos sempre prontos, permanecemos colaborativos para o andamento do processo."

Paulo Sérgio voltou a reclamar publicamente da ausência de resposta do presidente do TSE, Edson Fachin, ao pedido de reunião entre técnicos da corte eleitoral e das Forças Armadas.

A solicitação foi feita por um ofício enviado no início de junho. Fachin, no entanto, tem defendido que o foro correto para a discussão é a Comissão de Transparência Eleitoral, da qual as Forças Armadas têm assento.

Na última reunião do colegiado, no entanto, o general Heber Portella, representante do Ministério da Defesa, ficou em silêncio.

"Tenho tentado, em várias oportunidades, para que possamos sentar à mesa, equipe técnicas das Forças Armadas e outras equipes, Polícia Federal, para conversar e conhecer melhor [o sistema eleitoral]. Não tive êxito nessas reuniões técnicas", disse o ministro.

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