Barroso brinca com presidente do STJ e diz que assumirá STF 'se não tiver golpe'

Questionado, ministro disse que a afirmação foi brincadeira e que o Brasil já 'superou ciclos do atraso institucional'

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Brasília

O ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), disse que assumirá a presidência da corte em 2023 "se não tiver golpe" no Brasil. A afirmação foi feita nesta terça-feira (30) em tom de descontração em conversa com a ministra Maria Thereza Moura, que assumiu a presidência do STJ (Superior Tribunal de Justiça) na última semana.

Ao se deparar com a magistrada na sede do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), após a posse do ministro Luís Felipe Salomão como corregedor nacional de Justiça, Barroso a cumprimentou e afirmou que pretende ter um trabalho conjunto com o STJ, o segundo tribunal mais importante do país.

"Se não tiver golpe, se eu ainda estiver vivo e se meus colegas me elegerem, iremos trabalhar juntos", disse à Maria Thereza. Questionado, o ministro afirmou que tratou-se de uma "brincadeira".

O ministro Luís Roberto Barroso - Pedro Ladeira-16.nov.20/Folhapress

A previsão é que Barroso assuma o comando do STF em outubro do ano que vem, quando a ministra Rosa Weber completará 75 anos e se aposentará compulsoriamente.

A magistrada tomará posse à frente do Supremo em setembro, no lugar do ministro Luiz Fux. Ela não cumprirá os dois anos de mandato na presidência do tribunal porque atingirá a idade limite para atuar na corte em outubro de 2023.

Questionado pela reportagem, o ministro disse que "claro que é uma brincadeira" sua afirmação. "É surpreendente o número de vezes que me perguntam isso, mas não vejo nenhuma possibilidade [de golpe]. Já superamos os ciclos do atraso institucional", disse.

O ministro é um dos alvos preferenciais dos ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao Judiciário. O mandatário já xingou o magistrado e deu a entender que Barroso trabalha para derrotá-lo no pleito deste ano.

O magistrado foi presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no início do ano e sempre fez uma defesa enfática das urnas eletrônicas, que são recorrentemente atacadas pelo chefe do Executivo.

Apesar de um histórico de declarações golpistas, inclusive colocando em dúvida no passado a própria realização do pleito, Bolsonaro costuma afirmar que nunca teve nenhuma atitude golpista em seu governo.

Em entrevista ao Jornal Nacional, o presidente foi cobrado pelos apresentadores a assumir um compromisso de que respeitará o resultado das eleições. No entanto, novamente colocou uma condicionante de que faria isso se considerar que as eleições foram "limpas" —o que ele nega ocorrer, já que segue colocando em dúvida o sistema eleitoral do país.

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