YouTube muda política e derruba live com fala golpista de Bolsonaro a embaixadores

Antes, plataforma havia dito que manteria vídeo por não ter encontrado violações às suas políticas

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São Paulo

O YouTube alterou sua política de integridade eleitoral nesta quarta-feira (10) e derrubou a live em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) atacou o sistema eleitoral a dezenas de embaixadores.

No dia 20 de julho, dois dias após a apresentação do Palácio da Alvorada, o YouTube afirmou à Folha que iria manter o vídeo no ar porque não havia encontrado violações às suas políticas. Na ocasião, Jair Bolsonaro (PL) repetiu ameaças golpistas e expôs mentiras sobre as urnas eletrônicas.

Nesta quarta, a plataforma de vídeos passou a proibir conteúdos que aleguem fraude no sistema eleitoral na eleição de 2014. Desde março, a diretriz abarcava apenas a eleição de 2018.

Carta aos Brasileiros prega vigília cívica e repeito ao resultado das urnas
Em reunião com embaixadores convocados, presidente Jair Bolsonaro levanta suspeitas infundadas sobre o processo eleitoral - Reprodução

"A política de integridade eleitoral do YouTube proíbe conteúdo com informações falsas sobre fraude generalizada, erros ou problemas técnicos que supostamente tenham alterado o resultado de eleições anteriores, após os resultados já terem sido oficialmente confirmados. Essa diretriz agora também se aplica às eleições presidenciais brasileiras de 2014, além do pleito de 2018", disse em nota.

A plataforma, que pertence ao Google, também passou a incluir a facada em Bolsonaro na sua política de discurso de ódio, que proíbe conteúdo que negue, banalize ou minimize eventos históricos violentos.

"O discurso de ódio não é permitido no YouTube, e removeremos material sobre o esfaqueamento de Jair Bolsonaro que viole esta política se não fornecer contexto educacional, documental, científico ou artístico no vídeo ou áudio."

A transmissão de Bolsonaro aos embaixadores tinha 45 minutos. O presidente tentou sustentar a tese de que o ataque hacker aos sistemas do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), investigado pela Polícia Federal, tornou os pleitos de 2018 e 2020 vulneráveis. Não há relação entre invasão de computadores e urnas eletrônicas.

Sobre 2014, o presidente afirmou que "a conclusão foi de que houve uma dúvida grave naquela época. Quem ganhou as eleições? Daria um capítulo, mas eu não vou entrar nesse capítulo aqui", afirmou, acrescentando ser "bastante curioso o que aconteceu em 2014".

Em 2014, após perder as eleições para Dilma Rousseff (PT), o PSDB de Aécio Neves levou ao TSE um pedido de auditoria especial, que foi deferido pelo tribunal sob o argumento da transparência.

"Nas redes sociais os cidadãos brasileiros vêm expressando, de forma clara e objetiva, a descrença quanto à confiabilidade da apuração dos votos e a infalibilidade da urna eletrônica, baseando-se em denúncias das mais variadas ordens", apontava o partido.

O caso do PSDB não foi convertido em uma ação judicial. Ao final, alegou em relatório não ser possível auditar o processo por completo.

O TSE destaca que a investigação concluiu não ter encontrado qualquer adulteração de programas, votos e fraude.

No mesmo dia da apresentação a embaixadores, o YouTube removeu uma live semelhante do canal de Bolsonaro transmitida em 29 de julho de 2021. Alegou que aquela transmissão, de um ano atrás, violou suas diretrizes e que as regras "devem ser seguidas por todos os usuários da plataforma".

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