Descrição de chapéu Eleições 2022

Defesa pede mais prazo ao TCU e pode responder sobre checagem paralela 2 dias antes da eleição

Tribunal também anuncia nova checagem própria que ficará pronta no dia das eleições

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

O Ministério da Defesa pediu ao TCU (Tribunal de Contas da União) mais prazo para responder aos questionamentos sobre os critérios e o objetivo da checagem paralela da contagem dos votos que os militares pretendem fazer no dia da eleição.

O tribunal enviou uma série de perguntas à pasta na última quarta-feira (21) e deu cinco dias corridos para a resposta, cujo limite seria nesta segunda-feira (26).

O presidente do TCU, Bruno Dantas, ainda anunciou nesta segunda que a corte fará uma segunda checagem paralela dos resultados dos boletins de urna, em 540 seções, que deve ficar pronta no dia do pleito.

A checagem não exclui a conferência da totalização original do TCU, com 4.161 urnas. Segundo o ministro, o objetivo é só verificar com mais "rapidez a higidez de todo o sistema eleitoral".

Cerimônia de carregamento e lacração das urnas eletrônicas, em São Paulo, pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). - Rivaldo Gomes -21.set.2022/Folhapress

O ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, justificou ao ministro Bruno Dantas, que também é relator da auditoria do TCU no processo eleitoral, que o período dado pela corte de contas para a resposta englobava o final de semana, o que tornaria difícil para os fardados retornar a demanda no tempo proposto.

Dantas concordou com a extensão do prazo. Agora, os militares têm até sexta-feira (30) para dizer se farão de fato a checagem dos boletins de urna, os critérios que serão usados e qual o objetivo do ministério com a conferência paralela.

Em síntese, o TCU quer saber se os militares vão simplesmente comparar os boletins de urna físicos com os resultados divulgados pelo TSE ou se pretendem estimar, pela amostra de 385 boletins, o resultado final da eleição.

O tribunal de contas também busca entender se os militares escolherão as urnas a serem analisadas ou farão um sorteio.

Já sobre a checagem paralela mais enxuta do TCU, Dantas disse que a ideia não é divulgar o resultado no dia das eleições. Mas ele afirmou que dados serão repassados ao presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitor), Alexandre de Moraes, que pode escolher se anuncia ou não.

No momento em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) usa os questionamentos das Forças Armadas como combustível para insinuações golpistas, Dantas disse que a análise pode servir para mostrar, antes do previsto, se houve mesmo algum problema nas urnas auditadas.

O presidente do TCU disse que a decisão de fazer a checagem menor, no dia da eleição, não tem como objetivo respaldar o TSE contra um eventual questionamento do resultado das eleições pela Forças Armadas.

"Rigorosamente, nós não temos o interesse de contrapor quem quer que seja. Agora, se houver divergência entre um e outro, nós certamente saberemos quais critérios nossos auditores seguiram", declarou.

Segundo o presidente do TCU, a decisão de fazer a checagem paralela mais enxuta no dia da eleição foi sugerida pelos auditores da corte.

O pedido de informações do TCU sobre a auditoria do Ministério da Defesa gerou desconforto entre os militares. Segundo relatos, os comandantes das Forças Armadas se reuniram na última quinta-feira (22) e demonstraram ao ministro da Defesa insatisfação com os questionamentos da corte.

Generais ouvidos pela Folha afirmaram que o Ministério da Defesa ainda avalia qual será o tom da resposta ao TCU: uma crítica à requisição do tribunal ou um detalhamento sobre o que se pretende com a checagem da totalização dos votos.

No ofício enviado à Defesa, o TCU justificou os questionamentos dizendo que acompanha os processos de auditoria do sistema eleitoral brasileiro desde 2021 e que, na fase atual, a corte executará "procedimentos relativos à integridade dos boletins de urnas".

O documento foi enviado na semana passada pela Secretaria-Geral de Controle Externo do Tribunal de Contas da União. A Defesa e o Exército receberam o ofício ainda na quinta.

No documento, a Secretaria-Geral do TCU afirmou que tomou conhecimento pela imprensa sobre a intenção das Forças de coletar 385 boletins de urnas pelo país, como revelou a Folha, e questionou se tal procedimento será de fato realizado.

Entre outros pontos, o TCU questiona qual será a amostragem escolhida pela Defesa, se ela será aleatória, qual a fundamentação do método escolhido, qual o nível de confiança da verificação, como e por quem serão coletadas as informações.

Depois, pergunta qual é a intenção da Defesa com a checagem paralela.

Os fardados avaliam que as 385 urnas que vão averiguar garante uma confiabilidade de 95% na conferência dos dados. Os militares ainda avaliam ampliar a amostra para cerca de 500 boletins de urna.

Depois da informação de que as Forças fariam verificar a totalização dos votos, o TCU decidiu incluir esse tipo de análise na auditoria e avaliará os boletins de 4.161 urnas nos 26 estados e no Distrito Federal.

A amostragem do TCU corresponde a 1% do total de 465,5 mil urnas que serão usadas no dia da eleição, escopo dez vezes maior que a dos militares.

A fiscalização da corte de contas foi estimulada por integrantes do TSE para servir como um contraponto à checagem dos militares.

Nesta segunda (26), o ministro Alexandre de Moraes, presidente do tribunal eleitoral, terá um encontro com Dantas para conversar a respeito da auditoria que a corte de contas faz sobre o processo eleitoral.

O TCU, assim como as Forças Armadas, integra a CTE (Comissão de Transparência Eleitoral) e está na lista de entidades fiscalizadoras do pleito.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.