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Lupa: Candidatos a vice-presidente têm erros e contradições nas sabatinas Folha/UOL

Geraldo Alckmin, Ana Paula Matos e Mara Gabrilli falaram sobre impeachment, feminicídios e combustíveis

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Agência Lupa

Na reta final do primeiro turno, a Folha, juntamente com o UOL, sabatinou os principais candidatos à vice-presidência da República.

Participaram das entrevistas Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Ana Paula Matos (PDT), companheira de chapa de Ciro Gomes (PDT), e Mara Gabrilli (PSDB), que acompanha Simone Tebet (MDB). Braga Netto (PL), vice de Jair Bolsonaro (PL), foi convidado, mas não respondeu. A Lupa checou as principais declarações dos candidatos.

Geraldo Alckmin (PSB), Ana Paula Matos (PDT) e Mara Gabrilli (PSDB)
Geraldo Alckmin (PSB), Ana Paula Matos (PDT) e Mara Gabrilli (PSDB) - Mathilde Missioneiro, Pedro Ladeira e Zanone Fraissat/Folhapress

Gerando Alckmin (PSB)

Eu nunca fui favorável ao impeachment [de Dilma]

Geraldo Alckmin (PSB)

candidato a vice-presidente na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em sabatina promovida por Folha e UOL

CONTRADITÓRIO

Apesar de inicialmente ter se posicionado contra o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), inclusive dentro do próprio PSDB, partido ao qual era filiado, Alckmin mudou o posicionamento em 2016, meses antes da cassação do mandato da petista.

Em março daquele ano, em meio a manifestações contra o governo de Dilma, Alckmin disse que era preciso "virar a página". "Precisamos virar essa página. Precisamos de uma solução rápida para retomar o crescimento", disse. Ele também afirmou que concordava "em número, gênero e grau" com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que defendeu o impeachment em entrevista para o jornal O Estado de S. Paulo. "Com a incapacidade que se nota hoje de o governo funcionar, de ela resistir e fazer o governo funcionar, eu acho que agora o caminho é o impeachment", disse o ex-presidente, na ocasião.

Além disso, em abril de 2016, Alckmin participou da reunião de lideranças do PSDB que deliberou apoio integral ao afastamento da petista. Na ocasião, ele declarou, em coletiva de imprensa, que havia um quadro político de extrema gravidade que precisava "ser abreviado".

No mesmo mês, em entrevista ao SBT, Alckmin foi questionado se não era um risco usar impeachment para tirar governo impopular. Ele respondeu que não e disse que "o PSDB agiu corretamente votando favoravelmente ao impeachment" (a partir do 1:22).

Durante a sabatina desta quinta-feira (29), ele foi questionado pelo jornalista Leonardo Sakamoto sobre esse posicionamento em 2016. Ele disse ter sido contra o impeachment internamente, mas declarou que, mais tarde, sentiu a obrigação de apoiar o seu partido na época, o PSDB, quando a legenda decidiu apoiar a medida. "Como não sou jurista, e houve um acompanhamento do STF, no final, vou apoiar o meu partido. Quem tem obrigação de ir lá votar contra é o PT, quem apoia o governo, nós sempre fomos oposição", disse.

Além de apoiar o impeachment de Dilma, Alckmin votou pelo impeachment de Fernando Collor, em 1992. Na época, ele era deputado federal. O candidato também reconheceu esse voto durante a sabatina.

Em nota, a assessoria de imprensa do candidato disse que a Lupa está "enganada". "Está claro que Alckmin estava se referindo ao instituto do impeachment, e não ao caso específico da ex-presidente Dilma Rousseff", diz a nota. A assessoria reiterou declaração dada pelo próprio candidato durante a sabatina, de que não via com bons olhos o impeachment desde o início do processo.


Primeira mulher eleita foi em 34, Carlota de Queiroz

Geraldo Alckmin (PSB)

candidato a vice-presidente na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em sabatina promovida por Folha e UOL

FALSO

A primeira mulher a assumir um cargo político no Brasil foi Alzira Soriano, eleita prefeita de Lajes, no Rio Grande do Norte, em 1928. Naquela época, as mulheres ainda não tinham direito ao voto no Brasil e a eleição de Alzira chegou a ser noticiada pelo New York Times.

Alzira tomou posse em janeiro de 1929, mas ficou no cargo apenas sete meses, tendo o mandato interrompido pela Revolução de 30. Já Carlota de Queiroz, citada por Alckmin, foi a primeira mulher eleita deputada federal no Brasil. Ela se elegeu em 1932 pelo estado de São Paulo.

Em nota, a assessoria de imprensa do candidato disse que a informação não é falsa, visto que Carlota foi a primeira deputada eleita.


Nós temos 3% do PIB do mundo

Geraldo Alckmin (PSB)

candidato a vice-presidente na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em sabatina promovida por Folha e UOL

EXAGERADO

Em 2021, o Banco Mundial estimou o PIB (Produto Interno Bruto) mundial em US$ 96,1 trilhões. No mesmo período, o PIB brasileiro representou US$ 1,608 trilhão —ou 1,67% do montante global.

Em nota, a assessoria de imprensa do candidato disse que o PIB varia ano a ano, e que, em 2011, o PIB brasileiro equivalia a 3,1% do PIB mundial.


Ana Paula Matos (PDT)

A gente reduziu 75% [o feminicídio em Salvador no último ano]

Ana Paula Matos (PDT)

candidata a vice-presidente na chapa de Ciro Gomes (PDT), em sabatina promovida por Folha e UOL

FALSO

Dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública indicam que Salvador, em 2020, registrou 19 feminicídios (página 9). Em 2021, foram confirmados 14 casos. A redução é de 26,31%.

Por e-mail, a assessoria de imprensa da candidata contatou à Lupa disse que ela se referia a estatísticas da Secretaria de Segurança da Bahia referentes ao primeiro trimestre de 2022. Duas reportagens dos sites A Tarde e iBahia mencionam esse dado.

Segundo as reportagens, o número de mortes caiu de quatro para um entre o primeiro trimestre de 2021 e de 2022. Contudo, o site da secretaria mostra que houve dois, e não um, casos de feminicídio no primeiro semestre deste ano — possivelmente, por questões de atualização, já que as reportagens foram publicadas ainda em abril. Além disso, apenas os dados agregados para 2021 estão disponíveis, o que impede a comparação direta entre trimestres.


Hoje o Ceará está com 87 das 100 melhores escolas do Brasil no Ideb

Ana Paula Matos (PDT)

candidata a vice-presidente na chapa de Ciro Gomes (PDT), em sabatina promovida por Folha e UOL

VERDADEIRO, MAS

De acordo com o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), 87 das 100 melhores escolas públicas do Brasil nos anos iniciais, do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, estão no estado do Ceará.

Contudo, parte da rede de ensino cearense adotou a aprovação automática, o que pode ter gerado um Ideb artificialmente mais alto no estado. Além disso, por causa da Covid-19, a média nacional de alunos que fizeram a prova do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) foi menor em 2021, em comparação com 2019 —ou seja, a quantidade de alunos que fizeram a avaliação pode ter sido mais baixa em outros estados.


Mara Gabrilli (PSDB)

A cada duas horas uma mulher é morta [sobre violência contra a mulher]

Mara Gabrilli (PSDB)

candidata a vice-presidente na chapa de Simone Tebet (MDB), em sabatina promovida por Folha e UOL

FALSO

Levantamento do FBSP Fórum Brasileiro de Segurança Pública aponta que, ano passado, o Brasil registrou um feminicídio a cada 7 horas (página 15). Em 2021, foram 1.341 mulheres vítimas desse crime, queda de 1,7% em comparação com 2020, que registrou 1.354 feminicídios (página 9).


[Tebet foi a] primeira mulher a concorrer à presidência do Senado

Mara Gabrilli (PSDB)

candidata a vice-presidente na chapa de Simone Tebet (MDB), em sabatina promovida por Folha e UOL

VERDADEIRO

Simone Tebet (MDB-MS) foi a primeira mulher a concorrer à presidência do Senado brasileiro, em fevereiro do ano passado. O MDB deixou de apoiar oficialmente a senadora, que decidiu manter sua candidatura de forma independente. Tebet recebeu 21 votos, perdendo para Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que recebeu 57 votos.

Bruno Nomura , Carol Macário , Catiane Pereira , Gabriela Soares , Iara Diniz , Maiquel Rosauro e Róbson Martins
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