Lira e Moro puxam lista de aliados de Bolsonaro que buscam se afastar de Jefferson

Presidente repudiou ação de aliado e disse não ter fotos com ele, apesar de haver várias

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Brasília e São Paulo

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou se afastar do aliado Roberto Jefferson (PTB) após o ex-deputado atacar policiais federais que tentavam prendê-lo, seu rival na eleição, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou que o episódio demonstra o risco à democracia que seu adversário representa.

Bolsonaro reagiu rapidamente e logo manifestou repúdio nas redes sociais em busca de estancar a contaminação de sua campanha pelo ato de violência contra a polícia. Boa parte dos seus apoiadores, no entanto, defendeu Jefferson e criticou o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que ordenou a prisão preventiva.

Roberto Jefferson conversa com agente federal após reagir contra a ordem de prisão na manhã deste domingo
Roberto Jefferson conversa com agente federal após reagir contra a ordem de prisão na manhã deste domingo - Reprodução

A operação vem no dia seguinte em que Jefferson usou as redes sociais da filha para comparar a ministra Cármen Lúcia, do STF, a "prostitutas", "arrombadas" e "vagabundas".

"Repudio as falas do sr. Roberto Jefferson contra a ministra Cármen Lúcia e sua ação armada contra agentes da PF, bem como a existência de inquéritos sem nenhum respaldo na Constituição e sem a atuação do MP [Ministério Público]", publicou Bolsonaro em sua conta no Twitter.

A crítica aos inquéritos é dirigida a Moraes, alvo também de Jefferson, em reação ao fato de o ministro ter instaurado investigações contra bolsonaristas para apurar a disseminação de fake news e de atos antidemocráticos.

O presidente escreveu ainda que determinou a ida do ministro da Justiça, Anderson Torres, ao Rio de Janeiro para acompanhar o andamento do episódio.

Apesar de envolver seu ministro pessoalmente no caso, Bolsonaro e integrantes de sua equipe tentaram se afastar do aliado durante participação em uma live de sua campanha na tarde deste domingo (23).

"Não tem uma foto dele comigo, nada", disse Bolsonaro, ignorando o fato de haver vários registros dos dois juntos.

O ataque de Jefferson foi inicialmente mencionado no evento online pelo ministro Fabio Faria (Comunicações). Ele rebateu publicação do deputado André Janones (Avante-MG) que colocava Jefferson como um dos coordenadores da campanha de Bolsonaro.

Nas redes sociais, Lula prestou solidariedade ao delegado e à policial da PF "feridos quando estavam apenas exercendo seu dever". "A democracia e a civilização vencerão a barbárie", completou. Em entrevista à imprensa neste domingo, Lula afirmou que reações como a de Jefferson não são aceitáveis e representam um risco à democracia do país.

Para o petista, Bolsonaro "conseguiu criar nesse país uma parcela da sociedade brasileira raivosa, com ódio, mentirosa, que espalha fake news o dia inteiro". "É contra isso que o povo deve se dirigir nas urnas no dia 30", afirmou o petista.

Lula afirmou ainda que o caminho que existe quando não se concorda com uma decisão da Justiça é recorrer e falou em "máquina de destruição dos valores democráticos".

"Se você não acredita na classe política, se você não acredita no governo, se você não acredita no Poder Judiciário, em quem você vai acreditar em um regime democrático?", questionou Lula.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), aliado de Bolsonaro, classificou o ocorrido como "o pico do absurdo".

"O Brasil assiste estarrecido a fatos que, neste domingo, atingiram o pico do absurdo. Em nome da Câmara dos Deputados, repudio toda reação violenta, armada ou com palavras, que ponham em risco as instituições e seus integrantes", disse ele no Twitter.

"Não admitiremos retrocessos ou atentados contra nossa democracia", acrescentou.

O ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro (União Brasil), que já teve a PF sob sua alçada no governo Bolsonaro, manifestou uma reação curta nas redes.

"Coisa mais sem noção esse ataque aos agentes da PF. Espero que estejam bem", disse. Em outro post, publicado após a manifestação de Bolsonaro, chamou o ato de "gravíssimo e injustificável". "Que prevaleça a lei em sua forma mais dura contra o criminoso!"

Geraldo Alckmin (PSB), vice na chapa de Lula, manifestou solidariedade à ministra Cármen Lúcia. "É um ataque criminoso também à democracia, às instituições e a Justiça."

Torres, ministro da Justiça, afirmou tratar-se de um "momento de tensão que deve ser conduzido com muito cuidado". "O Ministério da Justiça está todo empenhado em apaziguar essa crise, com brevidade e da melhor forma possível", completou.

Carla Zambelli (PL-SP) afirmou em suas redes que "não existe crime de opinião no Brasil", em referência ao que entende como cerceamento da liberdade de expressão de Jefferson e também criticou Moraes de forma velada.

"Lamento e repudio as falas e as ações de Roberto Jefferson, mas vemos agora com muito mais preocupação as consequências dos atos inconstitucionais praticados por aqueles que deveriam proteger a Constituição", escreveu.

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