Datafolha: PT vê voto em Lula consolidado e campanha de Bolsonaro repete ataque a institutos

Campanha petista vê pouco efeito de ofensiva do presidente em sondagem e busca evitar erros

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Brasília

Integrantes da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avaliam que a nova pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira (14) demonstra a consolidação do voto no petista e indica que os ataques que o candidato tem sofrido não tiveram efeito na sondagem.

Já coordenadores da campanha de Jair Bolsonaro (PL) silenciaram sobre os resultados da pesquisa, dando sequência à estratégia dos bolsonaristas de questionar as sondagens eleitorais e desacreditar os institutos de pesquisa.

De acordo com Datafolha, Lula segue líder com 49% dos votos totais, contra 44% do chefe do Executivo. No primeiro turno, em 2 de outubro, o petista teve 48,4% dos votos válidos e Bolsonaro, 43,2%.

Há 1% de indecisos e 5% de brancos e nulos. Há uma semana, o petista tinha 49% e o presidente, 44%. Não sabiam em quem votar 2% e não iriam escolher ninguém, 6%. Os arredondamentos explicam por que há variações em torno de 100%.

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O presidente Jair Bolsonaro (PL) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). - Adriano Machado e Ueslei Marcelino/Reuters

Em relação aos votos válidos, em que são excluídos os nulos e os brancos, o cenário também segue estável: Lula com 53% e Bolsonaro, 47%. Os números são os mesmos do levantamento anterior.

Aliados de Lula temem os efeitos dos ataques que tem trocado com a campanha de Bolsonaro, mas avaliam ser positiva a estabilidade dos votos no petista.

Nos últimos dias, as duas campanhas levaram ao horário eleitoral peças agressivas voltadas para aumentar a rejeição um do outro. A campanha de Bolsonaro associou Lula à votação em presídios e a do petista disse que o atual mandatário é o candidato preferido de assassinos famosos do país.

"O Lula está com uma votação muito consolidada. As mentiras do Bolsonaro não estão fazendo efeito. Pelo contrário. E nós estamos respondendo à altura", avalia o deputado José Guimarães (PT-CE).

"O resultado da pesquisa Datafolha vai consolidando o que estamos vendo nas ruas, em cada região do Brasil. Apesar de todo dia [a campanha de Bolsonaro] espalhar mentiras e fake news, de tantas armações e de todo o uso da máquina, a defesa da democracia e a esperança de um Brasil melhor vai vencendo", diz o ex-governador do Piauí Wellington Dias, eleito senador.

Dias avalia que é preciso redobrar o cuidado na reta final para evitar erros que podem ser decisivos no placar do segundo turno.

"Agora, cada lado para crescer tem praticamente que tirar do outro lado, o que não me parece fácil pela firmeza de posição dos eleitores e eleitoras manifestada na pesquisa", diz o senador eleito.

O governador Flávio Dino (PSB-MA), também eleito para o Senado, avalia que é possível ainda angariar votos que foram de Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT) e, dessa forma, aumentar a vantagem de Lula.

O ex-presidente espera ampliar a votação no Nordeste, onde saiu vitorioso no primeiro turno por ampla margem. Ele fez uma série de viagens a estados da região nesta semana.

Apesar disso, o foco da estratégia de Lula e Bolsonaro é o Sudeste. Os dois candidatos devem concentrar suas agendas na região, que tem o maior número de eleitores do país.

Lula deve fazer ao menos quatro agendas na capital paulista e na Grande São Paulo. Já seu candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB-SP), deve percorrer o interior.

O petista ainda deve passar dois dias em Minas Gerais e deve visitar o Amazonas. No estado do Norte, Eduardo Braga (AM), aliado do petista, disputa o segundo turno para governador.

Após a publicação do último Datafolha, aliados de Bolsonaro reforçaram estratégia encampada desde o fim do primeiro turno de buscar desqualificar as pesquisas de intenção de voto. Além de falas do próprio mandatário e seus aliados, os bolsonaristas lançaram uma ofensiva contra os institutos.

O Ministério da Justiça determinou o início da investigação relacionado ao tema. No entanto, na noite de quinta-feira (13), o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Alexandre de Moraes, impediu a instauração de inquéritos pela Polícia Federal e pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) —o presidente do Cade, Alexandre Cordeiro, é ligado ao ministro Ciro Nogueira (Casa Civil).

Em outra frente, governistas reuniram assinaturas suficientes para instalar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o tema. Eles também articulam a tramitação de um projeto de lei para criminalizar os institutos que não acertarem os resultados.

Nos bastidores, os bolsonaristas desdenham dos resultados apontados pela pesquisa. A campanha do presidente afirma que suas pesquisas internas já apontam que Bolsonaro teria ultrapassado Lula em Minas Gerais. No estado, Lula terminou o primeiro turno com uma vantagem de cerca de 560 mil votos sobre Bolsonaro.

Esses levantamentos, no entanto, são internos, sem registro na Justiça Eleitoral e, portanto, não podem ser aferidos.

Em suas redes sociais, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) atacou o instituto Datafolha e afirmou que "mais um crime foi cometido".

"Mais um crime ocorreu hoje! E foi praticado pelo DataFolha! Eles mentem pois querem o ex-presidiário no poder! A CPI dos Institutos de Pesquisas vai funcionar e eles precisam dar uma resposta para os brasileiros", escreveu o filho mais velho do presidente.

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