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Eleições 2022

Em 1° turno com cara de 2º, Sudeste dá fôlego a Bolsonaro

Bom desempenho na região reforça palanque do presidente para enfrentar Lula, do Partido dos Trabalhadores

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Brasília

Os brasileiros votaram neste domingo (2) num primeiro turno com cara de segundo. Os dois líderes da corrida somaram mais de 90% dos votos válidos, algo que só havia ocorrido em 2006.

Lula (PT) chega à prorrogação da disputa em vantagem, graças aos já esperados bons números no Nordeste. Mas o petista vê Jair Bolsonaro (PL) em seu encalço, impulsionado por um desempenho acima do projetado no Sudeste.

Essas regiões foram as principais fortalezas dos dois candidatos, que agora se enfrentarão para conquistar os votos de uma fatia reduzida do eleitorado, que ainda não escolheu um lado.

Os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) - Andre Coelho/Reuters

Com 43% do eleitorado, o Sudeste poderia ter feito a balança pender a favor de Lula –tendo permitido, inclusive, cálculos para uma vitória em primeiro turno. Bolsonaro, no entanto, superou de maneira considerável a expectativa de votos apontada pelas pesquisas de opinião.

Os levantamentos não conseguiram captar, nas últimas semanas, a vantagem que o presidente e seus aliados tiveram principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro. O bolsonarismo voltou a mostrar força nos dois estados depois da onda que marcou a campanha de 2018.

A diferença de números entre as pesquisas e o resultado das urnas dá ao presidente uma vantagem simbólica, mas também um palanque reforçado para enfrentar o petista no segundo turno.

Dois governadores alinhados ao bolsonarismo –Romeu Zema (MG) e Cláudio Castro (RJ)– se reelegeram no primeiro turno e agora estarão livres para se engajar na campanha nacional, com o controle das máquinas de seus estados.

Mais dois aliados do presidente –Tarcísio de Freitas (SP) e Manato (ES)– receberam um impulso final para disputar o segundo turno. Ambos aparecem em situação competitiva nas eleições para governador e vão abrir seus palanques para a campanha de Bolsonaro.

Novas alianças ainda podem surgir em outros estados, onde candidatos que buscavam guardar alguma distância do presidente agora devem passar a enxergá-lo como um cabo eleitoral favorável. Essa expectativa cresce em locais onde políticos de centro e direita enfrentam candidatos de esquerda.

Pelo mapa de votação, Lula terá dois grandes desafios pela frente. O primeiro será expandir sua margem de votos no Nordeste –tarefa que não é simples, dada a alta penetração que ele já conseguiu no eleitorado até aqui.

O segundo será buscar novos espaços no Sudeste, mesmo sabendo que seu adversário aparece bem posicionado por ali.

Mais próximo dos 50% dos votos necessários para liquidar a fatura no último domingo de outubro, Lula tem um caminho mais curto a percorrer. O cálculo final, no entanto, deve ser determinado pela rejeição que cada um dos dois candidatos tem na fatia restante do eleitorado.

É prematura qualquer especulação sobre as preferências dos brasileiros que não escolheram Lula ou Bolsonaro no primeiro turno e, portanto, estariam disponíveis no mercado de votos.

Os eleitores que foram até o fim com Simone Tebet (MDB), Ciro Gomes (PDT) ou Soraya Thronicke (União Brasil) são possivelmente aqueles que mais rejeitavam os dois líderes simultaneamente. As próximas quatro semanas devem determinar qual vitória eles pretendem evitar agora.

Lula será incentivado a calibrar as mensagens da campanha que buscavam atrair o eleitor pela reprovação do governo Bolsonaro. O presidente passou longe de receber das urnas um aval inequívoco a sua gestão, mas o peso negativo de seu desempenho talvez tenha sido superestimado.

Do outro lado, uma disputa mais apertada do que se esperava tende a estimular Bolsonaro a fazer uma campanha mais incendiária do que no primeiro turno.

Para enfrentar Lula, a equipe do presidente considera que sua principal chance no segundo turno é aumentar os números negativos do petista.

Bolsonaro já fez um esforço nessa direção durante o primeiro turno, mas sua campanha acredita que Lula estará mais vulnerável durante a próxima etapa, pois será um alvo concentrado de ataques.

Além disso, o discurso do medo da volta do PT deve se tornar mais intenso na equipe bolsonarista, sob um aspecto de risco iminente.

Bolsonaro tem todos os incentivos para tentar reforçar o antipetismo, a disseminação de desinformação e a plataforma de raiz conservadora que é uma das marcas de sua campanha.

Quando precisou fustigar Lula durante o primeiro turno, ele recorreu a acusações de corrupção e trabalhou para vincular o adversário a elementos como o aborto e a legalização das drogas.

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