Descrição de chapéu Eleições 2022

Ex-ministros entram na onda bolsonarista e surpreendem em eleição ao Congresso e governos

Quatro ex-integrantes do primeiro escalão foram eleitos para o Senado, e dois largaram na frente em disputa estadual

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Brasília

Ex-ministros do presidente Jair Bolsonaro (PL) entraram na onda que impulsionou candidatos conservadores e, com isso, conseguiram se eleger para cargos no Congresso ou avançaram nas disputas por governos estaduais.

Ao todo, 14 ex-ministros aliados a Bolsonaro concorreram, neste domingo (2), a cargos eletivos, como deputado federal, senador e governador.

Além desses, alguns ex-integrantes do primeiro escalão de Bolsonaro e que romperam com o ex-chefe, como Luiz Henrique Mandetta (União Brasil), que perdeu vaga no Senado por MS, e Sergio Moro (União Brasil), eleito senador no Paraná, também concorreram a cargos eletivos (apesar do distanciamento, Moro flertou com o bolsonarismo na campanha).

Abraham Weintraub (PMB-SP), ex-ministro da Educação, tentou ser deputado federal por São Paulo, mas não conseguiu se eleger. Ele rompeu com Bolsonaro após saída do governo.

O resultado das urnas foi favorável para 11 ex-ministros que continuam alinhados ao presidente. No grupo dos 14 ex-titulares, 3 não conseguiram se eleger nem avançar para eventual segundo turno.

Além dos cargos no governo federal, os ex-ministros contaram com o apoio de Bolsonaro —que divulgou a candidatura deles em redes sociais e, em alguns casos, participou de atos políticos nos redutos eleitorais de aliados.

O ex-astronauta e ex-ministro da Ciência e Tecnologia Marcos Pontes (PL), eleito para o Senado por São Paulo neste domingo (2). - Marcio Tavares/Photopress/Folhapress

Três ex-ministros concorreram ao comando estadual. Ex-titular da Cidadania, João Roma (PL) tentou o governo da Bahia, mas foi o único desse grupo que não conseguiu avançar para a disputa de segundo turno.

Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro da Infraestrutura, largou na frente na corrida pelo governo de São Paulo, que foi para o segundo turno –contra Fernando Haddad (PT).

Na disputa no Rio Grande do Sul, Onyx Lorenzoni (PL) também foi para o segundo turno contra Eduardo Leite (PSDB).

Pesquisas de intenção de voto indicavam que Tarcísio e Onyx avançariam para a segunda fase do embate, mas na segunda colocação.

No governo Bolsonaro, Onyx chegou a comandar quatro pastas: Casa Civil, Cidadania, Secretaria-Geral, e Previdência e Trabalho. Ele está no quinto mandato como deputado federal.

Tarcísio deixou o Ministério da Infraestrutura, trocou o domicílio eleitoral do Rio para São Paulo e foi uma das principais apostas de Bolsonaro para conseguir um palanque eleitoral competitivo e eleger um aliado no estado mais populoso do país.

Primeira-dama Michele Bolsonaro, presidente Jair Bolsonaro e Tarcísio de Freitas durante convenção em SP
Primeira-dama Michele Bolsonaro, presidente Jair Bolsonaro e Tarcísio de Freitas durante convenção em SP - Danilo Verpa/Folhapress

Roma comandou a pasta da Cidadania durante o lançamento do Auxílio Brasil, programa de transferência de renda com a marca de Bolsonaro.

Meses depois, Roma deixou o posto para concorrer ao governo da Bahia, mas, com 99,72% das urnas apuradas, ele conseguiu apenas 9,09% dos votos válidos e ficou de fora da disputa de segundo turno. Ele atualmente ocupa uma vaga de deputado federal, cujo mandato se encerra no início de 2023.

Seis ex-ministros de Bolsonaro concorreram a vagas no Senado. Apenas dois não venceram a disputa –a ex-ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda (PL); e Gilson Machado (PL), ex-ministro do Turismo e que ficou conhecido como o sanfoneiro de Bolsonaro.

A corrida pelo Senado no Distrito Federal, onde o bolsonarismo tem força, foi entre duas ex-ministras –Flávia Arruda e Damares Alves (Republicanos). Damares, ex-titular da pasta da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, foi eleita com 44,98% dos votos.

Ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina (PP) foi eleita senadora pelo Mato Grosso do Sul, com 60,85% dos votos válidos.

Rogério Marinho (PL) venceu a briga pelo Senado no Rio Grande do Norte. O ex-ministro do Desenvolvimento Regional buscou, durante a campanha eleitoral, se associar a Bolsonaro ao defender valores cristãos e a flexibilização de posse e porte de armas.

Enquanto esteve à frente da pasta do Desenvolvimento Regional, Marinho privilegiou projetos e ações no estado.

Na disputa em São Paulo, Marcos Pontes (PL), ex-ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, venceu a corrida pela vaga, apesar do favoritismo apontado pelas pesquisas eleitorais para o ex-governador Márcio França (PSB).

Quatro ex-ministros de Bolsonaro entraram na eleição a deputado federal –a Câmara tem mais vagas, o que eleva as chances de vitória, nesse caso. Todos eles conseguiram se eleger.

Eduardo Pazuello (PL), pelo Rio de Janeiro; Ricardo Salles (PL), por São Paulo; Marcelo Álvaro Antônio (PL), por Minas Gerais; e Osmar Terra (MDB), pelo Rio Grande do Sul.

O general Pazuello foi ministro da Saúde durante a pandemia da Covid-19 e depois se tornou assessor especial da SAE (Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos) no governo Bolsonaro.

No caso de Salles, uma investigação da Polícia Federal por facilitação de tráfico de madeira ilegal levou à queda do ex-ministro do Meio Ambiente, em 2021. Salles obteve a quarta melhor votação no estado.

Já Osmar Terra representa a ala do MDB que defende o bolsonarismo. Ele foi ministro da Cidadania, numa gestão marcada pela falta de verba para o extinto Bolsa Família. Terra conseguiu uma das 31 vagas na bancada do Rio Grande do Sul na Câmara.

Ex-ministro do Turismo, Álvaro Antônio conseguiu uma vaga de deputado federal por Minas Gerais. Ele foi denunciado em outubro de 2019 pelo esquema de candidaturas-laranjas do PSL. Em dezembro de 2020, ele foi demitido por Bolsonaro.

Outro ex-ministro que segue na disputa eleitoral deste ano é Braga Netto (PL), candidato a vice-presidente na chapa com Bolsonaro. O general foi ministro da Casa Civil e da Defesa.

No caso do ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro (União Brasil), houve um rompimento com Bolsonaro seguido de um flerte com o presidente na campanha. Moro se elegeu senador pelo Paraná.

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