Eduardo Leite (PSDB) tentou repetir, no debate desta quinta-feira (27), a tática realizada em um confronto anterior de insistir nas perguntas e em pedir propostas ao seu concorrente Onyx Lorenzoni (PL). O candidato à reeleição tucano e o ex-ministro bolsonarista concorrem ao Governo do Rio Grande do Sul nas .
O programa ocorreu na RBS TV, afiliada da TV Globo no estado, e foi o oitavo entre os dois candidatos no segundo turno. O programa foi novamente marcado pela hostilidade, nervosismo e troca de acusações. Onyx já começou o debate dando as costas a Leite e falando diretamente para a câmera.
"Não preciso falar contigo. Tô falando com ele [telespectador]. Não tenho que conversar com o senhor", disse Onyx.
Debates anteriores entre os candidatos ao Palácio Piratini tiveram cenas com repercussão nacional. O primeiro deles, em 14 de outubro, foi tenso a ponto de Onyx negar um aperto de mão a Leite ao final do encontro. O principal ponto de discórdia foi uma declaração no programa de Onyx de que, com ele, o Rio Grande do Sul teria "uma primeira-dama de verdade", considerada uma insinuação homofóbica a Leite.
Na terça-feira (25), no primeiro de dois debates no mesmo dia, viralizou a insistência de Leite e a negativa de Onyx em apresentar uma alternativa à adesão do RS ao regime de recuperação fiscal da União, repetida oito vezes.
Se no encontro anterior o tema era o regime de recuperação fiscal, desta vez Leite foi insistente sobre o acordo feito entre Onyx e a Procuradoria-Geral da República admitindo ter feito caixa 2.
Ainda no primeiro bloco do programa desta quinta, o tucano pediu que o adversário esclarecesse em quantas de suas campanhas ele teria usado caixa 2. Uma provocação por Onyx ter admitido, em 2020, que recebeu recursos da JBS a fim de encerrar uma ação da PGR (Procuradoria-Geral da República). Onyx disse ter tatuado um versículo da Bíblia no braço direito para lembrá-lo do erro.
"Errar todo mundo pode errar. Eu lido com o erro com a verdade. Eu tenho uma tatuagem no meu braço direito de João 8:32 para nunca mais repetir", disse Onyx.
No terceiro bloco, Leite voltou ao tema tentando extrair do candidato bolsonarista quantas vezes ele fez uso de caixa 2 em suas campanhas e que valor recebeu, o que consumiu praticamente os 30 minutos do bloco de perguntas livres. Onyx se negou a responder. Em determinado momento, caminhou até a câmera e disse: "Olha aqui no meu olho. Vê se aqui tem mentira."
Onyx prometeu ainda postar em seu Twitter o número de um processo em que Leite responderia por improbidade administrativa quando foi prefeito de Pelotas (2013-2016). O tucano rebateu dizendo que a denúncia já foi julgada improcedente em duas instâncias.
Por fim, Onyx pediu ao eleitor que busque no Google as informações e Leite relatou que Onyx teria feito uso de caixa 2 ao menos duas vezes.
Outro tema quente entre os candidatos foi a gestão durante a pandemia da Covid. Leite questionou o candidato por não ter tomado a vacina contra a Covid. "A melhor vacina é pegar a doença. Todo mundo sabe disso", disse Onyx. Já o ex-ministro acusou o tucano de ter "trancado os gaúchos em casa" e prejudicado a economia e empregos com a ajuda de "pseudocientistas".
Nas considerações finais, Leite tentou colar em Onyx a marca de um candidato sem propostas.
"A gente pergunta 'como', 'de que forma', 'com qual recurso', 'nunca vem', disse Leite.
Já Onyx concluiu sua fala dizendo que, diferentemente de Leite, não quer o voto do PT e que o tucano não cumpre a sua palavra.
"Todo mundo sabe que o que ele quer é ser presidente da República", declarou o ex-ministro.
No primeiro turno, Onyx teve 37,5% dos votos e Leite, 26,8%. A pesquisa Ipec mais recente, de 21 de outubro, apontou Leite na liderança, com 50% das intenções de voto enquanto Onyx aparece com 41% dos votos totais.
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