Descrição de chapéu Eleições 2022

Parece claro haver sintonia do MDB com Lula, diz Helder, reeleito no 1º turno no Pará

Governador foi o mais votado proporcionalmente no país e diz que partido não pode se omitir no segundo turno

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Timóteo Lopes
Belém

O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), reeleito com 3,1 milhões de votos (70,41%) afirmou à Folha que espera um posicionamento do partido para anunciar, oficialmente, se apoiará o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições.

"Parece claro haver uma sintonia do MDB com o presidente Lula", disse.

Helder, que foi proporcionalmente o governador mais votado do país no primeiro turno, diz reconhecer na alta aprovação uma responsabilidade ainda maior em sua gestão para os próximos quatro anos.

governador helder e ex-presidente lula seguram quadro em palco
O governador reeleito Helder Barbalho (MDB) recebe o ex-presidente Lula durante campanha no primeiro turno no Teatro da Paz, em Belém (PA) - Ricardo Stuckert-1.set.2022/Divulgação

Com a maior aliança política do país, que reuniu 16 partidos em sua coligação, Helder defende uma frente ampla para a governabilidade no cenário político nacional.

O governador paraense reeleito disse ainda esperar que o Norte e a Amazônia não sejam apenas protagonistas na entrega de votos, mas que estejam na pauta de candidatos com compromissos claros para desenvolver a região e diminuir as desigualdades sociais.

Quem o senhor irá apoiar no segundo turno, Lula ou Bolsonaro? A minha opinião é que o MDB deve se posicionar. Com relação à minha manifestação pessoal, daquele que eu desejo apoiar, o farei publicamente, após a decisão do partido, em respeito a ele e também para fortalecer o desejo de que o coletivo prevaleça, em detrimento de posições isoladas.

O senhor teve uma votação expressiva, com mais de 70% dos votos válidos. Quais os principais desafios no Pará? Temos a humildade e responsabilidade de compreender que isso tem um peso. O peso da cobrança, da expectativa, de que nós possamos fazer mais, fazer melhor e garantir à população a retribuição a isto. O Pará é um estado que tem sérios problemas ainda no campo da educação, serviços essenciais como água e tratamento de esgoto, ainda temos a avançar na segurança pública, nos investimentos em saúde, além do desafio ambiental, que têm inúmeros impactos para o estado e todo o Brasil.

Como o senhor avalia o resultado das urnas para a disputa presidencial? O eleitor, ao perceber o afunilamento, espontaneamente, precipitou o voto útil, seja por apreço ou pela rejeição. A expectativa e a possibilidade de eleição do presidente Lula, já no primeiro turno, impulsionaram que parte do eleitorado fizesse uma migração de votos, a partir do que previam as pesquisas, para o presidente Bolsonaro. Há um afunilamento natural e a polarização, consolidada no país, gerou esse movimento nas urnas.

Como o senhor avalia o resultado do MDB nesta eleição? Nós elegemos um senador da nossa aliança, o Beto Faro (PT), diferentemente do que ocorreu em vários estados brasileiros, onde houve uma tendência conservadora no Senado. Dos 17 deputados federais paraenses, o MDB elegeu nove. Do total, nós fizemos 14 da nossa coligação. Já dos 41 deputados estaduais, 37 são da nossa coligação. E aqui no Pará o presidente Lula venceu com 12 pontos percentuais de diferença.

O MDB e o senhor, então, deverão apoiar Lula? O MDB, primeiro, deve ter posição. Eu defendo que o partido não pode se omitir desse processo e deve avaliar das duas candidaturas qual se aproxima do que foi defendido pela nossa candidata, Simone Tebet, que foi brilhante. Me parece claro haver uma sintonia do MDB com o presidente Lula. Eu já conversei com a Simone, e ela também aguarda uma decisão do presidente do partido, Baleia Rossi (MDB-SP).

Se o MDB decidir pelo apoio a Lula, o senhor então irá vai apoiá-lo publicamente? Sim. Aqui no Pará, não temos qualquer divergência nesse sentido.

O senhor rompeu com o presidente Jair Bolsonaro (PL) durante a pandemia. Quais são as suas críticas a ele, caso reeleito? O presidente Jair Bolsonaro é aquilo que ele prega, que ele fala. Concordando ou discordando, se ele for reeleito e reconduzido, de forma democrática [ao cargo], ele convalida que essa postura tem aprovação popular, com a legitimidade das urnas. A tendência é que ele seja cada vez mais o que ele demonstra ser.

O que o senhor espera do novo presidente para a região Norte do país e para a Amazônia? A região Norte deve ser protagonista, porque nela está a maior floresta tropical do planeta. Cada vez mais, a Amazônia deve estar no centro das atenções, não só no campo ambiental, mas no campo de modelo de desenvolvimento para a nossa região. Um modelo que seja integrado da floresta em pé com quem mora na região. São mais de 25 milhões de brasileiros que precisam ser vistos. Precisamos de um modelo inclusivo que, efetivamente, concilie as pessoas, vocações econômicas e a preservação ambiental.

Qual a importância do Pará e da região Norte nas eleições e para o país nos próximos anos? O Pará pode e deve ser protagonista internacional da solução das mudanças climáticas, na pauta da bioeconomia e na monetização da floresta em pé. Precisamos de um governo federal alinhado com essas expectativas para a região Norte, o Pará e toda a Amazônia.

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