Descrição de chapéu Eleições 2022

Terei coragem de tratar com qualquer presidente, mas a Bahia tem lado, diz Jerônimo

Entrevista com candidato do PT fez parte da série de sabatinas Folha/UOL no segundo turno das disputas estaduais

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Porto Alegre

O candidato ao Governo da Bahia Jerônimo Rodrigues (PT) prometeu diálogo seja qual for o presidente eleito no próximo domingo (30), mas enfatizou a importância de trabalhar pela eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), dizendo que "a Bahia tem lado".

Jerônimo foi entrevistado nesta terça-feira (25) na série de sabatinas Folha/UOL com candidatos ao governo de alguns dos estados nos quais haverá segundo turno. Seu adversário, ACM Neto (União Brasil), não respondeu ao convite.

O candidato ao Governo da Bahia pelo PT, Jerônimo Rodrigues, durante sabatina Folha/UOL nesta terça-feira (25)
O candidato ao Governo da Bahia pelo PT, Jerônimo Rodrigues, durante sabatina Folha/UOL nesta terça-feira (25) - UOL no YouTube

"O governador Rui Costa tentou diversas vezes dialogar com o governo federal [na gestão de Jair Bolsonaro]. O meu estilo não será diferente. [...] Estamos aqui trabalhando para que o Lula vença as eleições, mas eu não terei dificuldade. O povo da Bahia vai me eleger para defender os projetos importantes, estratégicos para a Bahia, independentemente de quem ganhe as eleições federais", disse o candidato.

Jerônimo critica a postura de neutralidade do seu adversário, ACM Neto, na disputa nacional.

"O ex-prefeito [ACM Neto, da capital Salvador] está dizendo aqui que tanto faz. Não é tanto faz. Se nós tivermos o Lula presidente é um desenho. Se não tivermos é outro que não nos interessa", disse Jerônimo.

O petista, que obteve 49,45% dos votos válidos no primeiro turno, ante 40,80% de ACM, criticou o papel das pesquisas eleitorais, em que aparecia com índices abaixo do que o revelado pelas urnas.

Na sua avaliação, os institutos "não têm boa-fé" e prejudicaram sua candidatura. Para ele, se os índices fossem mais fiéis, ele poderia ter decidido a disputa ainda em primeiro turno.

"O voto útil pesa muito.[...] Eu concordo que na reforma política nós temos que mediar uma atenção especial a esse tipo de pesquisa, que não ajuda a democracia em lugar nenhum", disse o candidato.

As pesquisas eleitorais são um retrato da intenção dos eleitores no momento em que as entrevistas são feitas, e não uma projeção do resultado eleitoral, que só será conhecido no dia do pleito, com a apuração oficial.

Até o instante de apertar o botão na urna, diversos fatores podem fazer com que as pessoas mudem de posição. Para fazer uma análise mais ampla do cenário eleitoral, o eleitor deve levar em conta o conjunto de questões que os levantamentos abordam, e não um único indicador.

O petista iniciou a campanha de um patamar baixo, registrando 16% das intenções de voto na primeira pesquisa Datafolha divulgada em 24 de agosto, ante 54% de ACM Neto.

Mas ganhou tração durante a campanha, sobretudo após o início da propaganda eleitoral na TV e no rádio, ao mesmo tempo em que seu principal adversário reduziu o seu patamar de intenção de votos.

O candidato também comentou o episódio da prisão de Roberto Jefferson, em que o ex-deputado federal resistiu a tiros e granadas a uma ordem de prisão no domingo (23). Ele se diz preocupado e entristecido com o ocorrido e responsabiliza Bolsonaro "por liderar movimentos tão irresponsáveis".

"A gente conhece o comportamento do Roberto Jefferson. Tenho certeza que ele se viu estimulado no presidente. Um presidente que estimula a violência, o armamento da sociedade, o desrespeito às instituições. Tudo isso gera uma insegurança política muito forte", disse o candidato.

Mesmo assim, Jerônimo afirmou não enxergar risco de algo semelhante à invasão do Capitólio, nos EUA, em 2021, em caso de derrota de Bolsonaro no próximo domingo.

Meninas venezuelanas

Ele criticou o presidente e também a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, pelo episódio envolvendo adolescentes venezuelanas.

Em uma entrevista a um podcast, o presidente relatou um passeio de moto em que deparou com um grupo de adolescentes estrangeiras que estariam se embelezando para a prostituição. Na verdade, elas estavam participando de uma oficina de beleza.

Em meio ao relato, o presidente afirmou que havia "pintado um clima" com as adolescentes. Michelle disse que o marido sempre usa essa expressão e, depois, gravou um vídeo ao lado do presidente em que ele se desculpa.

"É um comportamento pessoal dele. Do time que ele faz parte. Ele criar uma frase ["pintou um clima"] que impacta muito na vida da gente, que somos pais, que somos avós, que somos tios. Ver uma situação daquela e um gestor público não tomar uma atitude perante os conselhos, ou fazer uma denúncia nos locais adequados, ao invés de ele estar comentando que 'gerou um clima'. E é impressionante como a esposa dele ainda alimenta e defende uma atitude dessas", disse Jerônimo.

O petista também foi questionado sobre o número de homicídios no estado. Na contramão dos índices nacionais, a Bahia viu crescer o número de mortes violentas nos últimos anos.

Jerônimo diz que o governo do estado, administrado pelo PT há 16 anos, "divide a responsabilidade" sobre os índices e promete concurso público, valorização profissional às polícias e parcerias com guardas municipais. Também diz que o uso de câmeras em fardas de policiais faz parte de seu plano de governo.

Ele atribui parte da violência à migração do crime organizado para o Nordeste e diz que o estado tem agido com medidas "dentro do alcance do governo do estado".

"Quando acontece uma ação mais intensificada das forças [de segurança] em alguma região do Sul e do Sudeste, a inteligência do crime organizado vai procurando frentes no Nordeste, no Norte."

A entrevista com Jerônimo foi conduzida por Kennedy Alencar, do UOL, e pelos jornalistas João Pedro Pitombo, da Folha, e Carlos Madeiro, do UOL.

As sabatinas com os candidatos que foram ao segundo turno são transmitidas nos sites da Folha e do UOL e têm duração de uma hora. A rodada final das disputas estaduais ocorrerá domingo em 12 estados do país.

VEJA AS DATAS E HORÁRIOS DAS PRÓXIMAS SABATINAS

São Paulo

  • Fernando Haddad (PT) - 26/10 - 10h
  • Tarcísio de Freitas (Republicanos) - declinou do convite

"Por decisão da coordenação da campanha, Tarcísio de Freitas precisará reajustar a agenda de debates e de sabatinas, já que há muitos sendo agendados para um período tão curto neste segundo turno. Por isso, o candidato irá declinar da participação na sabatina Folha/UOL", afirmou a campanha do bolsonarista.

Santa Catarina

  • Décio Lima (PT) - 26/10 - 16h
  • Jorginho Mello (PL) - alegou problemas de agenda e não aceitou participar
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