Bolsonaro gravou vídeo de retratação após encontro de primeira-dama com família citada em podcast

Presidente gravou vídeo de retratação após encontro de primeira-dama com família citada em podcast

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Brasília

O presidente Jair Bolsonaro (PL) gravou um vídeo na segunda-feira (17) pedindo desculpas pelas falas em que vinculou menores imigrantes da Venezuela com a prostituição. No discurso, ele pede perdão caso as frases tenham sido "mal compreendidas" ou causado "algum tipo de constrangimento a nossas irmãs venezuelanas".

A manifestação começou a circular nas redes ligadas a bolsonaristas e a expectativa de aliados é que ela seja veiculada no rádio e na TV durante a propaganda eleitoral do mandatário, que busca a reeleição contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A campanha foi procurada, mas ainda não confirmou quando e se a peça de fato será exibida.

A gravação é divulgada após a primeira-dama Michelle Bolsonaro e a ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos Damares Alves se encontrarem com duas venezuelanas ligadas à família citada pelo presidente em vídeo que passou a circular nas redes sociais no fim de semana.

O registro foi gravado ao lado de Michelle e de Maria Teresa Belandria, representante no Brasil do autoproclamado governo de Juan Guaidó, pouco reconhecido internacionalmente.

Durante entrevista a um podcast na sexta-feira (14), o presidente explorava uma temática recorrente de sua campanha —o suposto risco de o Brasil "virar uma Venezuela" caso Lula retorne ao poder— quando relatou um encontro com meninas do país vizinho em São Sebastião, na periferia do Distrito Federal.

"Parei a moto numa esquina, tirei o capacete e olhei umas menininhas, três, quatro, bonitas; de 14, 15 anos, arrumadinhas num sábado numa comunidade. E vi que eram meio parecidas. Pintou um clima, voltei, 'posso entrar na tua casa?' Entrei. Tinha umas 15, 20 meninas, [num] sábado de manhã, se arrumando —todas venezuelanas. E eu pergunto: meninas bonitinhas, 14, 15 anos, se arrumando num sábado para quê? Ganhar a vida. Você quer isso para a tua filha, que está nos ouvindo aqui agora? E como chegou a este ponto? Escolhas erradas", disse o presidente na entrevista.

Bolsonaro abre o vídeo compartilhado nesta terça atacando a esquerda por buscar obter vantagem com o episódio, no qual foi acusado de pedofilia por dizer que "pintou um clima" com as menores de idade.

"Estamos indignados com as últimas ações de alguns militantes de esquerda que, sem nenhum pudor, pressionam mulheres venezuelanas a fim de obter vantagem política. Mesmo depois da decisão do TSE, tomada em função da mentira veiculada sobre minha pessoa, esses inomináveis dirigem seus ataques contra essas mulheres", afirma ele no registro. "As palavras que eu disse refletiram uma preocupação da minha parte no sentido de evitar qualquer tipo de exploração de mulheres que estavam vulneráveis."

O presidente Jair Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro - Gabriela Biló/Folhapress

"A dúvida e a preocupação levantadas [foram] quase que imediatamente esclarecidas à época pela nossa ministra da Mulher Damares Alves, que foi ao local e constatou que as mulheres citadas na live eram trabalhadoras. Minha esposa Michelle, a senadora eleita Damares e a embaixadora da Venezuela estiveram hoje com essas senhoras, prestaram apoio e constataram que elas estão reconstruindo suas vidas no Brasil. Elas, inclusive, ajudam outras venezuelanas, refugiadas, a encontrarem uma profissão e melhor se integrarem à nossa sociedade", acrescentou.

A fala de Bolsonaro, porém, tem inconsistências, porque, apesar de dizer que Damares não constatou envolvimento das venezuelanas com prostituição, foi o próprio presidente que sugeriu isso ao podcast.

O presidente faz ainda um pedido de desculpas, mas ressalta que a repercussão negativa foi gerada por terceiros, que teriam tirado suas falas de contexto ou não teriam compreendido o que ele quis dizer.

"Se minhas palavras, que, por má-fé, foram tiradas de contexto, de alguma forma foram mal entendidas ou provocaram algum constrangimento a nossas irmãs venezuelanas, peço desculpas. Já que meu compromisso sempre foi o de melhor acolher e atender todos que fogem de ditaduras pelo mundo", disse.

"E a Operação Acolhida é o melhor programa de atenção aos migrantes e refugiados da América Latina. Hoje moram em nosso país mais de 375 mil venezuelanos. Como um país cristão, devemos acolher ao próximo. A nossa nação cuida e abraça a todos. Agradecemos especialmente a nossa querida embaixadora da Venezuela Maria Teresa Belandria pelo seu excelente trabalho", conclui Michelle.

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