Descrição de chapéu Eleições 2022

Voto útil favoreceu o bolsonarismo, diz Haddad após 1º turno

Petista terminou a disputa atrás de Tarcísio de Freitas e vai procurar forças políticas ligadas a Rodrigo Garcia

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São Paulo

O candidato petista Fernando Haddad (PT) afirmou, no início da noite deste domingo (2), que o resultado obtido no primeiro turno para o Governo de São Paulo foi menor do que o almejado e que o voto útil favoreceu o bolsonarismo.

A declaração foi dada em hotel no centro de São Paulo, onde se reuniu com apoiadores para acompanhar a apuração. Depois, Haddad seguiu para o hotel onde estva Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que disputará o segundo turno com Jair Bolsonaro (PL), e foi para a avenida Paulista.

Haddad terminou a disputa atrás de Tarcísio de Freitas, o que surpreendeu a campanha do petista. O ex-prefeito teve 35,7% ante 42,3% do ex-ministro.

"Era um pouco menos do que almejávamos, mas perto dos 40% que era a meta estabelecida do início da campanha", disse, ressaltando que foi o melhor resultado do PT no estado e que vê boas perspectivas para o segundo turno.

Tarcisio de camiseta amarela com fotos dele e de bolsonaro faz sinal de positivo com os dois polegares; ao lado, Haddad, de camisa escura e terno escuro, olha para o lado
Os candidatos ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas, do Republicanos, e Fernando Haddad, do PT - Danilo Verpa e Ronny Santos - 2.out.2022/Folhapress

Na avaliação de Haddad, parte dos votos que iriam para o atual governador, Rodrigo Garcia (PSDB), que terminou em terceiro com 18,4%, migraram para Tarcísio. "A migração do voto útil aconteceu a favor da votação do bolsonarista", disse.

O petista afirmou que pretende procurar forças políticas ligadas a Rodrigo.

O ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), vice de Lula, deve ser usado como interlocutor com o tucanato e outras forças políticas aliadas deste grupo político.

"Temos um segundo turno para falar com nossos aliados potenciais. Acho que tanto o Lula tem uma conversa a fazer, quanto eu aqui em São Paulo tenho todo o interesse em dialogar com as forças que sustentaram a campanha do Rodrigo Garcia", disse.

Na avaliação dele, como aqueles favoráveis a Tarcísio dentro do grupo de eleitores tucanos já mudaram seu voto no primeiro turno, ainda cabe disputar o voto do contingente que permaneceu fiel ao tucano.

Questionado como pretende se aproximar desses grupos após fortes críticas feitas por ele a Rodrigo, Haddad afirmou que é preciso pensar no bem comum e que o que fez foi procurar se defender, principalmente de ataques feitos durante a propaganda de TV de Edson Aparecido (MDB), candidato ao Senado da chapa de Rodrigo.

"Eu tive que me defender ou não seria eu que estaria no segundo turno", disse.

A campanha de Lula avaliou que Haddad cometeu um erro na estratégia de preservar Tarcísio de Freitas, apoiado por Bolsonaro, e mirar sua artilharia em Rodrigo Garcia (PSDB).

As pesquisas do comando da campanha nacional já apontavam com uma reação e crescimento de Tarcísio e de Marcos Pontes, eleito para o Senado —e informaram a coordenação da campanha de Haddad, que alegou ter outro número. Nas palavras de um íntimo aliado de Lula, São Paulo foi o calcanhar de aquiles do ex-presidente.

Entre aliados de Haddad, o clima era de surpresa com uma onda bolsonarista não captada pelas pesquisas de opinião.

O petista passou a campanha distribuindo ataques mais duros a Rodrigo Garcia do que a Tarcísio de Freitas, uma vez que o segundo era visto como menos perigoso.

Durante a campanha, o petista apostou na polarização nacional e colou sua imagem à do ex-presidente Lula.

Haddad, porém, passou boa parte da campanha se esquivando de críticas à sua gestão na Prefeitura de São Paulo. A gestão do petista era ruim ou péssima para 48% e apenas 14% avaliavam como ótima ou boa, o pior índice desde Celso Pitta.

Após Tarcísio de Freitas pedir para a população pesquisar sobre o pior prefeito de SP no Google, o petista comprou um anúncio no site de buscas para dizer que havia sido na verdade o melhor prefeito.

A campanha de Rodrigo Garcia também bateu na gestão. Aparecido mostrou em suas peças na TV obras não realizadas na gestão petista.

Ao longo da campanha, vítima dos ataques, Haddad viu sua rejeição subir e a diferença para os dois principais rivais diminuir e, posteriormente, acabou ultrapassado.

Em busca de aumentar o seu eleitorado entre os mais conservadores, Haddad buscou também colar sua imagem à do ex-governador Geraldo Alckmin, com o máximo de agendas possíveis ao lado do ex-tucano.

Na última semana de campanha, inclusive, a campanha incluiu uma turnê pelo interior ao lado do ex-governador.

Nos debates e horário eleitoral, ficou evidente que Haddad e os petistas prefeririam enfrentar Tarcísio de Freitas a Rodrigo Garcia, uma vez que as pesquisas mostravam vantagem muito menor em relação ao tucano.

Além disso, o poder da máquina tucana no estado de São Paulo, com grande irrigação de verba e prefeitos trabalhando a favor, poderia desequilibrar o pleito.

Levando estes fatores em conta, seja nos debates ou no programa eleitoral, Rodrigo foi o alvo principal do petista ao longo do primeiro turno.

Com Tarcísio, Haddad teve até um bate-papo amistoso antes de um dos debates, onde mais uma vez o governador foi quem mais apanhou.

Colaborou Catia Seabra

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