Descrição de chapéu Eleições 2022

Zambelli armada e caso das rádios são vistos como tropeços finais pela campanha de Bolsonaro

De acordo com assessores, imagens da deputada com revólver em São Paulo podem ter afastado indecisos na reta final

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São Paulo

Duas confusões recentes envolvendo o círculo próximo de Jair Bolsonaro (PL) foram avaliadas por assessores do presidente como graves tropeços na campanha pela reeleição na reta final.

São elas a cena da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) armada por ruas de São Paulo na véspera da eleição e também as suspeitas levantadas pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria, de que rádios teriam omitido inserções políticas do presidente.

Presidente Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada; ele está há quase 20 horas sem se manifestar publicamente
Presidente Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada; ele está há quase 20 horas sem se manifestar publicamente - Adriano Machado/Reuters

Outro ponto levantado por esses assessores é o fato de Bolsonaro não ter intensificado a campanha em São Paulo, principal colégio eleitoral do país, nos dias que antecederam a votação. O presidente finalizou a campanha com uma motociata em Belo Horizonte (MG).

Antes, a uma semana da eleição, Faria convocou jornalistas para "acompanhar a exposição de um fato muito grave", segundo ele, no Palácio da Alvorada. A entrevista foi dada ao lado do ex-secretário de Comunicação da Presidência Fábio Wajngarten, que também trabalhava na campanha.

Faria afirmou que rádios estavam supostamente prejudicando Bolsonaro ao não veicular a propaganda eleitoral do PL.

As provas se mostraram frágeis, mas o caso levou bolsonaristas a pedirem adiamento das eleições e intensificaram as denúncias de fraude eleitoral, o que desgastou a campanha bolsonarista com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Dias depois, o ministro disse à Folha ter se arrependido profundamente de ter participado da entrevista. "Se eu soubesse que [a crise] iria escalar, eu não teria entrado no assunto", afirmou.

Já no dia anterior à eleição, Carla Zambelli foi filmada perseguindo armada um eleitor de Lula que a insultou. Ela chegou a entrar em um bar da região dos Jardins, em São Paulo, apontando a arma para o homem e mandando ele se deitar no chão. A parlamentar teve a arma apreendida e foi liberada em seguida por não ter infringido a lei eleitoral.

A avaliação do núcleo político bolsonarista é que o caso pode ter afastado eleitores indecisos. Bolsonaro perdeu para Lula neste domingo (30) por 2,1 milhões de votos, na disputa presidencial mais acirrada desde a redemocratização.

Há quase 20 horas sem um pronunciamento público sobre a derrota, o chefe do Executivo está recluso e quieto, segundo um assessor, que não vê a possibilidade de ele falar sobre a derrota eleitoral ainda nesta segunda-feira (31).

Em grupos de conversa bolsonaristas, eleitores estão ansiosos por uma declaração do presidente. Eles divulgam e compartilham teorias infundadas, segundo as quais as Forças Armadas estariam aguardando uma reação do povo ou que Bolsonaro estaria planejando soltar alguma bomba.

Apenas o senador Flávio Bolsonaro (PL) e a primeira-dama Michelle Bolsonaro se manifestaram nesta segunda.

"Obrigado a cada um que nos ajudou a resgatar o patriotismo, que orou, rezou, foi para as ruas, deu seu suor pelo país que está dando certo e deu a Bolsonaro a maior votação de sua vida! Vamos erguer a cabeça e não vamos desistir do nosso Brasil! Deus no comando!", escreveu o filho do presidente no Twitter nesta tarde.

Mais cedo, Michelle publicou um trecho bíblico em sua conta no Instagram: "Salmos 117: Louvai ao senhor todas as nações, louvai-o todos os povos. Porque a sua benignidade é grande para conosco, e a verdade do Senhor dura para sempre. Louvai ao Senhor".

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