Lula busca equação para que MDB, PSD e União Brasil tenham três ministérios cada

Presidente eleito reacomoda petista na Esplanada para oferecer Comunicações a partido de centro

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Brasília

Em meio aos arranjos finais para a composição do governo, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), decidiu convidar o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) para assumir o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Teixeira estava originalmente cotado para o Ministério das Comunicações.

Segundo Lula relatou em conversas nesta quarta-feira (28), a ideia é abrir espaço para que a pasta das Comunicações faça parte das negociações partidárias e seja oferecida ao PSD ou à União Brasil. Também está colocado sobre a mesa a essas siglas o Ministério da Pesca.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - Ueslei Marcelino - 22.12.2022/Reuters

Com o movimento, Lula busca fechar a equação para que MDB, PSD e União Brasil —que juntos somam 143 deputados eleitos— tenham três ministérios cada em seu governo.

O PSD reivindicou a pasta das Comunicações para o deputado federal André de Paula (PSD-PE), mas deve ficar com a da Pesca. Com isso, o União Brasil deverá assumir o Ministério das Comunicações.

Lula disse que quer anunciar nova leva de ministros a partir das 11h desta quinta-feira (29). Ele já divulgou o nome de 21 chefes dos 37 ministérios que o governo terá.

A dança das cadeiras se deu em decorrência de impasses internos e vetos a nomes que estavam cotados para a equipe ministerial.

André de Paula, por exemplo, entra na cota do PSD da Câmara dos Deputados. O nome indicado pelo partido era o do deputado federal Pedro Paulo (PSD-RJ). Pelo acerto original, ele assumiria o Ministério do Turismo. Ele tem o apoio do prefeito do Rio, Eduardo Paes.

Mas seu nome foi rejeitado por ter sido investigado por suposta agressão à ex-mulher (o caso foi arquivado). O veto é atribuído à futura primeira-dama, a socióloga Rosângela da Silva, a Janja.

Por essa configuração, o PSD deve ocupar três ministérios: Agricultura, com o senador Carlos Fávaro (PSD-MT); Minas e Energia, com o senador em fim de mandato Alexandre Silveira (PSD-MG), e um terceiro (Comunicações ou Pesca) com André de Paula.

Já o MDB teve o cenário esclarecido na Esplanada nesta quarta. Em reunião com Lula, dirigentes emedebistas indicaram o nome do senador Renan Filho (MDB-AL) para o Ministério dos Transportes e o de Jader Barbalho Filho (MDB-PA) para o Ministério das Cidades. Além deles, Simone Tebet (MDB-MS) deve ser ministra do Planejamento.

Em outra frente, entraves internos emperram as definições da União Brasil. O presidente do partido, Luciano Bivar (PE), esperava ser convidado para uma reunião com Lula para bater o martelo sobre os espaços que o partido terá no governo.

Dirigentes petistas dizem que eles ficarão com Turismo e Integração Nacional, além de uma terceira pasta —provavelmente Pesca.

O principal impasse na União Brasil diz respeito à Câmara. Nome inicialmente indicado para comandar a Integração Nacional, Elmar Nascimento (União Brasil-BA) sofre resistências e não deve mais ficar à frente da pasta.

Uma parte dos petistas quer que ele fique com o Turismo, que tem menos visibilidade no Nordeste. O deputado, porém, rechaçou essa opção e deflagrou nova crise interna. Elmar é próximo do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e rifá-lo do ministério pode trazer consequências para Lula.

Sem Elmar, a Integração Nacional poderia ficar com a indicação feita pelo senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que pode ser o atual governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), ou a senadora eleita Professora Dorinha (União Brasil-TO). Góes pode mudar de partido para assumir o posto. Já Dorinha tem a preferência do partido.

Até o início da noite, o xadrez da União Brasil seguia indefinido.

A composição que Lula articula com os partidos tem o objetivo de atraí-los para a sua base de apoio no Congresso.

O PSD será a segunda maior bancada do Senado em 2023, com 12 senadores. O MDB e a União Brasil, empatados com 10 senadores cada, serão a terceira.

Na Câmara, a bancada da União Brasil será a terceira maior, com 59 deputados federais (atrás do PL e da federação PT, PV e PC do B). Já o MDB e o PSD, com 52 deputados eleitos cada, estão empatados em quinto lugar (atrás também do Progressistas).

O Podemos chegou a ser sondado para ministérios como o do Esporte e o do Turismo —em um desenho anterior no qual o comando seria compartilhado com o Cidadania— e postos no segundo escalão, como a Embratur. Mas, nesta quarta, o partido descartou assumir ministérios no governo Lula.

A legenda decidiu manter o que considera ser uma "oposição técnica", sem o compromisso de apoiar pautas que avalia ruins para o país. O Podemos incorporou o PSC e terá 18 deputados.

Já o presidente do PDT, Carlos Lupi, sinalizou à equipe de Lula que deve aceitar o comando do Ministério da Previdência, posto que inicialmente não era atrativo para o partido, o qual buscava uma pasta com mais visibilidade.

Lula também bateu o martelo de que o general Gonçalves Dias, conhecido no PT como GDias, será ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) do governo.

O presidente diplomado também precisa resolver a SAJ (Subchefia de Assuntos Jurídicos), que fica sob o guarda-chuva da Casa Civil e por onde passam todos os principais atos do governo.

O advogado Marco Aurélio de Carvalho, do grupo Prerrogativas, era um dos principais cotados para assumir o posto e chegou a ser sondado para a função. Ele, porém, recusou sob o argumento de que preferia ocupar um posto político no governo, sobretudo a Secretaria-Geral da Presidência.

Ele foi preterido na pasta para o deputado Márcio Macêdo (PT-SP), uma indicação da presidente do PT, Gleisi Hoffmann.

Os mais cotados atualmente para a SAJ são Jean Uema, analista judiciário do STF (Supremo Tribunal Federal), e o advogado Marcos Rogério de Souza.

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