Comentando a baderna causada por bolsonaristas em Brasília, o governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou que a "manifestações perdem a legitimidade e a razão a partir do momento em que há violência".
A manifestação foi feita pelo governador no Twitter. "Para que o Brasil possa caminhar, o debate deve ser o de ideias e a oposição deve ser responsável, apontando direções. Manifestações perdem a legitimidade e a razão a partir do momento em que há violência, depredação ou cerceamento de direitos. Não admitiremos isso em São Paulo", disse.
Na capital paulista, há movimentação de golpistas na avenida Paulista. Desde o fim da eleição, um grupo variável de bolsonaristas está acampado em frente ao Comando Militar do Sudeste, no Ibirapuera (zona sul da capital).
O ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio é um dos herdeiros presumidos do voto bolsonarista, dado que foi eleito como apadrinhado de Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno de 2022. Ele teve os exatos 55,2% de votos válidos que seu ex-chefe no estado contra o oponente Fernando Haddad (PT).
Isso o coloca em uma posição obviamente exposta. Na montagem de seu governo, privilegiou nomes técnicos e aliados de Gilberto Kassab, o presidente do PSD que afiançou e organizou sua candidatura no estado, e que ocupa a estratégica Secretaria de Governo.
Ao mesmo tempo, agradece sempre que pode o apoio que teve de Bolsonaro, como fez em sua posse. É uma necessidade política desafiada pela barbárie perpetrada pelos aliados do ex-presidente em Brasília neste domingo (8).
Em nota, Kassab disse que "é inaceitável que tenhamos manifestações depredando o patrimônio e a democracia brasileira ao promoverem invasões a prédios públicos, especialmente às sedes dos Três Poderes em Brasília".
"Espero que a Justiça e as forças de segurança tomem as medidas necessárias para punir os responsáveis e que sejam adotadas ações preventivas para evitar que episódios lamentáveis como estes voltem a se repetir", afirmou.
Antes de Tarcísio se manifestar, havia sido dada pelo governo estadual uma ordem para que ninguém se manifestasse sobre o caso antes de consultar a chefia da administração, para evita ruídos.
"Caros, todo e qualquer pedido de imprensa sobre a invasão ao congresso nacional para seus secretários e/ou representantes de empresas ou autarquias devem ser imediatamente enviadas e alinhadas com a Secom. Nada deverá ser respondido ou publicado em redes sociais sem o devido alinhamento", disse mensagem distribuída a membros do governo.
Secom, no caso, é a Secretaria de Comunicação do governo estadual. Ele tem tentado se afastar do que chama de bolsonarismo raiz.
Ao menos um secretário estadual fez comentário em rede social sobre a ação terrorista. Gilberto Nascimento Jr. (PSC), da pasta de Desenvolvimento Social, postou por volta das 15h45 uma foto tirada pelos manifestantes próximos à rampa do Congresso Nacional.
A postagem, no Instagram, incluía uma ilustração com a expressão "se liga". Na sequência, o secretário publicou vídeo preparando uma receita de bolo em casa com outra pessoa.
Questionado pela Folha, Nascimento Jr. não explicou o sentido da publicação. Poucos minutos depois, fez nova postagem no Instagram, afirmando: "Uma coisa é a livre manifestação, outra coisa são casos de violência, repudio qualquer ato violento que possa acontecer… Triste as cenas que transformaram Brasília hoje [sic]".
Posteriormente, Nascimento Jr. disse à reportagem que fez a postagem "para deixar claro" seu posicionamento.
Colaborou Joelmir Tavares
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