Cláudio Castro assume no RJ com promessa de diálogo e não cita Bolsonaro

Governador reeleito afirma que conseguirá realizar mais após crise política que derrubou seu antecessor e critica 'boatos maldoso', em referência a delação

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Rio de Janeiro

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), 43, tomou posse neste domingo (1°) prometendo diálogo e um "futuro de esperança" para o estado.

Aliado de Jair Bolsonaro (PL) na eleição, Castro não fez menções ao ex-presidente e ao cenário político nacional. Ele tem construído pontes com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desde a vitória do petista e embarcou, logo após a cerimônia no centro do Rio de Janeiro, para a posse do presidente em Brasília.

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), discursa no Palácio Tiradentes na cerimônia de posse para o mandanto de 2023-2026
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), discursa no Palácio Tiradentes na cerimônia de posse para o mandanto de 2023-2026 - Divugação/Alerj

Em entrevista coletiva após o discurso, Castro disse que "a eleição acabou".

"Falei o tempo todo que trabalharia com quem o povo escolhesse. Tive meu campo político claro, demos uma votação expressiva para o presidente Bolsonaro, mas a eleição acabou. Tenho obrigação de trabalhar com o governo federal seja ele quem quer que seja", afirmou o governador.

"O Rio de Janeiro é o mais importante da federação. Líder em óleo e gás, turismo. Precisamos demais do governo federal. Será um diálogo baseado em pautas."

Ele também não quis comentar a viagem do ex-presidente para os Estados Unidos dois dias antes da posse, interrompendo a tradição democrática de passagem de faixa entre os chefes do Executivo do país.

"Não sou comentarista das ações dele. Ele deve ter seus motivos pessoais. Só tenho que respeitar."

A única pessoa ausente à cerimônia e mencionada diretamente pelo governador foi Pelé, a quem Castro pediu um minuto de silêncio —em conjunto com as 75 mil vítimas da pandemia do novo coronavírus.

Bolsonaro só foi mencionado durante a cerimônia pelo presidente da Assembleia Legislativa, André Ceciliano (PT), no discurso em que fez um balanço de sua atuação no cargo. "Enfrentamos um presidente da República que, embora tenha sua base política no Rio de Janeiro, só fez maltratar o nosso estado."

Castro centrou seu discurso no que considera o ajuste político e econômico do estado. "Hoje, o estado apresenta previsão de incremento de quase 20% na receita bruta. O passado foi de colapso, o presente é de transformação, mas o futuro é de esperança."

Ele afirmou ter arrumado o estado após a turbulência política provocada pelo afastamento de seu antecessor Wilson Witzel, sob suspeita de corrupção.

"Ouvindo o Legislativo e Judiciário, dialogando com a sociedade, entramos em 2023 com a esperança de que será possível fazer muito mais do que fizemos em dois anos. Porque nos momentos turbulentos, quando não parecia haver luz no fim do túnel, todos se uniram para salvar o Rio de Janeiro", disse ele na tribuna do Palácio Tiradentes, sede da Assembleia Legislativa fluminense.

Ele destacou em sua fala a promessa de despoluição da baía de Guanabara, a melhoria nos índices de segurança pública e políticas de combate à fome.

Castro também criticou o que chamou de mentiras e boatos maldosos que sofreu durante seu mandato. O governador é alvo de delação que o acusa de receber propina, o que motivou abertura de investigação pela Procuradoria-Geral da República.

"Ao longo dos últimos dois anos sofri muito, eu a minha família, seja com mentiras, ataques gratuitos ou boatos maldosos. Mas eu aprendi a superar isso com a verdade, com trabalho, retidão e honestidade."

Na entrevista coletiva logo após o discurso, Castro disse ser contrário à instalação de câmeras corporais em unidades de elite das polícias Civil e Militar, como o Bope (Batalhão de Operações Especiais), responsáveis pelas ações mais letais em favelas.

A medida foi cobrada pelo ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), no âmbito da ação que estabelece normas para a realização de operações em favelas do estado.

"Não temos a maturidade, enquanto sociedade, nem de guardar coisa em segredo de Justiça, imagina guardar imagem que coloque a vida do policial em risco. Quando o criminoso sabe a estratégia da polícia, a vida daquele policial passa a ficar em risco. Vamos recorrer até o fim."

Castro foi reeleito no primeiro turno com 58,7% dos votos válidos. Superou como principal adversário o deputado federal Marcelo Freixo (à época do PSB).

Advogado formado pela UniverCidade, Castro é também cantor gospel ligado ao movimento de Renovação Carismática da Igreja Católica. Ele iniciou sua trajetória política como assessor parlamentar do ex-deputado Márcio Pacheco, tendo sido eleito vereador no Rio de Janeiro em 2016.

Castro foi eleito vice-governador em 2018 na chapa de Wilson Witzel, o ex-juiz que surfou na onda bolsonarista daquele ano.

Assumiu o Palácio Guanabara em agosto de 2020 após Witzel ser afastado pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) sob acusação de corrupção na saúde —o impeachment seria confirmado em abril do ano seguinte.

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