Manifestantes golpistas desmobilizam nesta segunda-feira (9) um acampamento montado em frente ao Comando Militar do Leste (CML), no centro do Rio de Janeiro, após autoridades anunciarem que eles seriam retirados do local.
Segundo o governador Cláudio Castro (PL), o Exército negociou a desocupação com os integrantes do grupo. Quem não sair do local em 24 horas será preso pela Polícia Militar, afirmou ele em entrevista coletiva à imprensa.
"O prefeito Eduardo Paes [PSD] também colocou a Guarda municipal à disposição. Já temos notícias de que estão saindo. Mas, se não fizerem essa retirada pacífica, se houver necessidade de prisão, prenderemos", disse.
O governador informou ainda que o policiamento foi reforçado em outros prédios públicos onde há informações de possíveis manifestações. "Tribunal de Justiça, Tribunal Regional Eleitoral, Assembleia Legislativa do RJ, por uma questão de segurança foram 100% reforçados", declarou.
Castro havia dito que ficaria no Rio de Janeiro pela chance de novos atos, mas a Folha apurou que ele mudou de ideia e vai para Brasília se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Um integrante da equipe do governo afirmou que a expectativa é que seja um dia tranquilo, apesar de um outro protesto, contrário aos atos golpistas, estar marcado para acontecer no final da tarde a dois quilômetros do CML, na Cinelândia.
Por volta das 10h, os manifestantes que ocupavam a praça Duque de Caxias, na avenida Presidente Vargas, começaram a desmontar toldos brancos, barracas com lonas azuis e cercas de madeira no local. Também retiravam faixas contra o STF (Supremo Tribunal Federal) e bandeiras do Brasil.
Um repórter fotográfico da agência Futura Press que registrava a desmontagem foi agredido por um grupo. Marcos Vidal, 63, foi cercado, sofreu ofensas raciais, levou dois tapas "de raspão" e foi ameaçado por um homem que carregava um pau.
"Me distanciei do grupo para fazer umas fotos diferentes junto com um companheiro, mas me perdi dele e quando vi estava sozinho. Foi quando começaram a me ofender. Me xingaram de 'negro velho', disseram que eu não era jornalista", conta.
Ele diz que teve uma lente parcialmente quebrada, mas que não pretende ir à delegacia por não ter marcas no corpo. Outros integrantes da imprensa também sofreram xingamentos e ameaças à distância.
A ocupação em frente ao CML começou há mais de dois meses, em 2 de novembro, quando milhares de manifestantes golpistas se reuniram para pedir intervenção militar e questionar sem provas a eleição de Lula.
Outro ponto de atenção no Rio de Janeiro é a Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), da Petrobras, a maior do país. Principal ponto de abastecimento de combustível do Sudeste, o local teve a segurança reforçada depois que golpistas convocaram uma invasão na madrugada desta segunda.
O objetivo seria atacar as plantas da estatal e provocar a suspensão do abastecimento, abrindo caminho para um suposto golpe militar. A Petrobras afirmou neste domingo (8) que todas as suas refinarias funcionavam normalmente.
"Determinei, desde ontem [sábado, 7], que as forças de segurança do RJ monitorem possíveis pontos e alvos de manifestações, em especial, a refinaria de Duque de Caxias e o centro do Rio de Janeiro", escreveu Cláudio Castro nas redes sociais.
Nesta segunda, ele esteve no CICC (Centro Integrado de Comando e Controle) e depois se reuniu com chefes do Judiciário, do Ministério Público, das polícias Militar e Civil, deputados e defensores públicos a portas fechadas, no Palácio Guanabara, sede do governo, para discutir as medidas.
O prefeito Eduardo Paes também havia publicado pela manhã que a prefeitura iria retirar os manifestantes da praça Duque de Caxias até a noite, junto com o Exército e a Polícia Militar. Ele editou um decreto suspendendo as férias e licenças da Guarda Municipal a partir desta segunda.
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