A bancada do PT na Câmara escolheu nesta quinta-feira (5) o deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR) para a liderança do partido na Casa em 2023.
A decisão se deu em meio a uma disputa interna do partido. Uma ala minoritária, que compõe o grupo Resistência, tentava emplacar o deputado federal Lindbergh Farias (RJ) para a função.
A escolha do novo líder se deu por unanimidade, após acordo entre as duas alas da bancada.
Zeca Dirceu é filho do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, um dos homens fortes do PT durante o primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Hoje, perdeu influência e segue sem cargo.
Durante o governo Jair Bolsonaro (PL), Zeca entrou em evidência após chamar o então ministro da Economia Paulo Guedes de "tchuchuca com banqueiros" durante discussão sobre a reforma da Previdência.
A decisão da bancada do PT reforça o grupo CNB (Construindo um Novo Brasil), ala majoritária no partido, que negociou com as demais frentes petistas para ter o direito de se manter na liderança da sigla na Câmara pelos dois primeiros anos do governo Lula.
Tradicionalmente, a liderança é alternada entre as alas petistas a cada ano.
O objetivo, segundo parlamentares ouvidos pela Folha, é dar uma maior margem para o CNB negociar espaço na Mesa Diretora em 2025.
O acordo fechado nesta quinta prevê que Zeca Dirceu será o líder em 2023, seguido por Odair Cunha (2024), Lindbergh Farias (2025) e Pedro Uczai (2026).
Os dois primeiros são do CNB, e os dois últimos compõem o grupo Resistência.
A deputada Maria do Rosário ficará com o cargo que o PT tiver na Mesa Diretora que será definida em fevereiro.
Após a reunião, o líder do PT na Câmara em 2022, deputado federal Reginaldo Lopes (MG), disse que o acordo ajudou a preservar a unidade do partido.
"Nós consolidamos um processo para garantir a unidade do nosso partido. [O PT] É composto por várias forças políticas e nós consolidamos um grande acordo de rodízio e de alternância, tanto na liderança do partido, estabelecemos os quatro próximos líderes, e também fizemos a alternância na Mesa", disse.
Segundo Lopes, as negociações agora devem mirar a composição da Mesa Diretora e da presidência das comissões temáticas. Como a Folha mostrou, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), atua para construir um bloco único, com todos os partidos, para ter mais poder na divisão da presidência das comissões.
Por outro lado, o PT tenta atrair o Republicanos para a base do governo e formar um bloco majoritário que tenha MDB, PSD, União Brasil e os partidos de esquerda. O principal foco, segundo Lopes, é garantir que a Comissão de Constituição e Justiça e a Comissão Mista de Orçamento fiquem com a base de Lula.
"Nós reafirmamos o apoio ao presidente Arthur Lira, ele tem contribuído para essa estabilidade política. E vamos, a partir da decisão, construir com ele o melhor formato para o presidente Lula ter mais governabilidade e estabilidade", concluiu.
Hoje, líderes petistas estão dispostos a negociar para que o Republicanos fique com a primeira vice-presidência da Mesa.
A ideia é abrir o espaço para o presidente do partido, Marcos Pereira (SP), como um incentivo para que o partido, majoritariamente evangélico, se junte à base do governo no primeiro ano de gestão.
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