Descrição de chapéu Governo Lula

Haddad promete rigor com devassa de dados e diz que violação de sigilo não pode ocorrer na Receita

Chefe da inteligência da Receita acessou e copiou dados sigilosos de desafetos de Bolsonaro

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Brasília

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta quinta-feira (2) que será rigoroso com o caso do servidor investigado por acessar e copiar dados fiscais sigilosos de adversários do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e que violação de sigilo não pode ocorrer na Receita Federal.

"Violação de sigilo fiscal é uma coisa que não pode acontecer na Receita Federal. Um auditor tem que saber das suas responsabilidades", afirmou.

"Assim que ele [o processo] chegar à minha mesa, vou tomar a decisão cabível, garantindo ao servidor o direito de se defender, mas nós seremos muito rigorosos com aquilo que é uma preocupação do contribuinte brasileiro, qualquer que seja. Ninguém pode se sentir violado na sua privacidade, sobretudo em relação ao seu sigilo fiscal", acrescentou.

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), em coletiva de imprensa sobre preços dos combustíveis - Pedro Ladeira/Folhapress

Como mostrou a Folha, o acesso sem justificativa legal em 2019 a dados fiscais sigilosos de desafetos do clã Bolsonaro virou alvo de investigação do TCU (Tribunal de Contas da União) e deve resultar em demissão na Receita Federal pelo governo Lula (PT).

Na quarta-feira (1º), Haddad sinalizou a aliados que tende a demitir do serviço público Ricardo Feitosa, ex-chefe da inteligência da Receita no governo Bolsonaro, caso confirmada a quebra de sigilo de rivais do ex-presidente da República.

A defesa de Feitosa nega que seu cliente tenha cometido violação de sigilo e, nesta quinta, divulgou nova manifestação afirmando considerar que "o vazamento seletivo e de um processo que corre sob sigilo legal é crime e promove uma violação à segurança do adequado andamento processual em curso".

"A defesa repudia a violação de sigilo legal do processo, confiado a quem deveria guardar, constituindo crime previsto no art. 325 do Código Penal, o que é um atentado à democracia e ao devido processo legal", afirma o advogado Marco Marrafon, que assina a nota.

Publicamente, Haddad afirmou não se posicionar antes da conclusão das investigações. "Não posso me antecipar à conclusão do processo porque senão posso viciar o processo de julgamento e isso vai ter repercussão jurídica", disse.

Segundo o ministro, o processo administrativo está em fase avançada. "O processo administrativo já está adiantado, já está no último estágio, que é na Procuradoria-Geral [da Fazenda Nacional], que vai preparar o meu despacho, o que deve acontecer nas próximas semanas", afirmou.

"Pedi para garantir todos os expedientes legais para que não haja contestação da decisão tomada, qualquer que seja, justamente para que a gente tenha o respeito ao devido processo legal", completou.

A Polícia Federal vai abrir um inquérito para apurar a devassa feita por integrantes da Receita contra desafetos do governo Bolsonaro. O caso foi revelado pela Folha e será apurado na superintendência da PF no Distrito Federal.

Documentos internos do Fisco mostram que o então chefe da inteligência do órgão no início da gestão de Bolsonaro acessou e copiou dados fiscais sigilosos do coordenador das investigações sobre o suposto esquema das "rachadinhas" (o então procurador-geral de Justiça do Rio Eduardo Gussem) e de dois políticos que haviam rompido com a família presidencial, o empresário Paulo Marinho e o ex-ministro Gustavo Bebianno.

Não havia nenhuma investigação formal em curso na Receita contra essas três pessoas, o que resultou na posterior abertura de investigação interna e processo disciplinar que concluiu pela sugestão de demissão de Feitosa do serviço público.

Conforme a Receita, servidores públicos que violam o sigilo fiscal de contribuintes estão sujeitos a penalidades de natureza criminal, administrativa e civil, como demissão (administrativa) e processo por danos materiais e morais (civil).

Erramos: o texto foi alterado

Diferentemente do afirmado em versão anterior do texto, o processo administrativo a que se refere Fernando Haddad tramita na Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, não na Procuradoria-Geral da República.

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