Descrição de chapéu Folhajus

Juiz da Lava Jato manda acusações de Tacla Duran contra Moro e Deltan para o STF

Senador diz lamentar 'uso político de calúnias feitas por criminoso confesso e destituído de credibilidade'

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Curitiba

O advogado Rodrigo Tacla Duran prestou depoimento nesta segunda-feira (27) ao juiz federal Eduardo Appio, que conduz os processos remanescentes da Operação Lava Jato em Curitiba, e voltou a fazer acusações contra o ex-juiz Sergio Moro e o ex-procurador Deltan Dallagnol, hoje congressistas pelo Paraná.

Devido ao foro especial de Moro e de Deltan, Appio decidiu encerrar a audiência, dizendo ser "certa a competência exclusiva do Supremo Tribunal Federal, na pessoa do ministro Ricardo Lewandowski", que já despachou no caso.

"Realmente eu não sei o que o MPF [Ministério Público Federal] quer, além de me perseguir. E por uma simples questão de vingança, por eu não ter aceito ser extorquido. Esse processo é uma vergonha para a Justiça brasileira", disse Duran, durante a audiência desta segunda.

Tacla Duran é réu acusado de lavagem de dinheiro em processo da operação e era considerado foragido das autoridades brasileiras até este mês, quando Appio, que assumiu os casos da Lava Jato em Curitiba em fevereiro, decidiu revogar prisão preventiva que tinha sido decretada quando Moro ainda era juiz.

Homem de terno e gravata e barba fala sentado
O advogado Rodrigo Tacla Durán, ao prestar depoimento por vídeo na segunda-feira (27), à Vara Federal - Reprodução

Desde 2017, o advogado faz acusações contra um amigo de Moro, Carlos Zucolloto Junior, que foi sócio da mulher do ex-juiz, Rosângela —que assumiu uma cadeira como deputada federal neste ano.

Tacla Duran diz ter recebido pedido de pagamento para ajudar em negociação de delação premiada. O casal e o amigo sempre negaram essas acusações.

Nesta segunda-feira, o advogado disse que encaminharia fotos e áudios de pessoas ligadas a Moro que revelariam "atuação parcial" em relação a ele. Mas o magistrado repetiu que, devido ao foro especial de Moro, isso não seria um assunto da sua alçada. Detalhes do relato de Tacla Duran não foram completamente descritos na audiência.

Em despacho após a audiência, o juiz Appio afirmou que o réu seria encaminhado ao programa federal de proteção de testemunhas.

Nascido no Brasil, com dupla cidadania por ser filho de espanhol, Tacla Duran vive na Espanha, que rejeitou pedido de extradição apresentado pelo Brasil.

Nesta segunda, após o depoimento, Moro, que hoje é senador pela União Brasil-PR, afirmou que "não teme qualquer investigação, mas lamenta o uso político de calúnias feitas por criminoso confesso e destituído de credibilidade".

"Trata-se de uma pessoa que, após inicialmente negar, confessou depois lavar profissionalmente dinheiro para a Odebrecht e teve a prisão preventiva decretada na Lava Jato. Desde 2017 faz acusações falsas, sem qualquer prova, salvo as que ele mesmo fabricou. Tenta desde 2020 fazer delação premiada junto à Procuradoria-Geral da República, sem sucesso. Por ausência de provas, o procedimento na PGR foi arquivado em 9/6/22", diz Moro.

Deltan Dallagnol, hoje deputado pelo Podemos-PR, escreveu em rede social que a audiência foi uma cortina de fumaça autorizada por um "juiz lulista".

"É constrangedor ver a militância comemorando o depoimento de hoje como uma 'vitória', sendo que não é nada mais que uma história falsa, requentada pela terceira vez sem novidade e que já foi investigada pelo MPF e PGR, que a descartaram totalmente. Isso revela desespero."

Em depoimento a autoridades espanholas em 2017, Tacla Duran afirmou ter emprestado contas bancárias de suas empresas fora do Brasil para movimentar recursos da empreiteira Odebrecht.

Na audiência desta segunda, o advogado afirmou que nunca pensou em buscar a prescrição de seu processo, mas que "estava esperando ter um juízo transparente".

Appio é abertamente um crítico dos métodos da Operação Lava Jato em anos anteriores e disse em entrevista à Folha que quer resgatar a credibilidade da operação.

O juiz respondeu: "Isso você pode ter certeza. Sou totalmente imparcial. Pra mim, não tem partido, não tem time de futebol, nem amizade, nem inimizade. Aqui a lei vai ser igual pra todos e tenho certeza que é o mesmo norte do Ministério Público nesta formação atual, e também da Polícia Federal".

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