Descrição de chapéu Governo Lula

Dirceu defende projeto para 3 governos seguidos e reeleição de Lula em 2026

'Quatro anos é pouco', diz ex-ministro, para quem não há outro nome além do atual presidente para a próxima disputa

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São Paulo

O ex-ministro José Dirceu (PT), 77, defendeu, em entrevista à Rede TV!, um programa nacional de desenvolvimento que seja implantado em três governos consecutivos e a candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à reeleição em 2026.

"Eu penso em 12 anos, três governos, para um projeto de desenvolvimento nacional, porque o Brasil precisa fazer em dez anos cem em matéria de ciência, tecnologia e educação", disse Dirceu, homem forte do primeiro governo Lula e que deixou a chefia da Casa Civil em 2005 após denúncia de envolvimento no mensalão.

"Não estou falando isso com patriotismo de partido e pensando em um governo do PT. Estou pensando em um governo de uma frente que pense um projeto para o país, porque são reformas estruturais e políticas de longo prazo que o Brasil precisa", completou, na entrevista exibida na noite desta quinta-feira (6).

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José Dirceu entre militantes chegando na Esplanada dos Ministérios para posse de Lula - Bel Pedrosa/Divulgação

Segundo Dirceu, "quatro anos é pouco", e Lula tem condições de liderar as próximas eleições "para derrotar o fascismo e implantar um projeto de desenvolvimento nacional". "Não vejo outro nome hoje, outra liderança que possa ser candidato", afirmou.

Ao longo da última campanha eleitoral, Lula indicou que não se candidataria à reeleição em 2026 e citou como obstáculo a idade que terá. "Todo mundo sabe que eu tenho quatro anos. Todo mundo sabe que não é possível um cidadão com 81 anos querer a reeleição", disse.

Após assumir a Presidência, o petista recuou e abriu a possibilidade de concorrer. Disse que precisa "aproveitar a vida" e que por ora não pensa em ser candidato, mas afirmou que isso pode acontecer se houver "uma situação delicada" e ele se sentir com a saúde perfeita.

Na entrevista à Rede TV!, Dirceu defendeu um acordo nacional entre o governo Lula, o empresariado e o Congresso para adotar medidas que possibilitem o desenvolvimento do país.

"Caso contrário vamos nos arrastar e perder oportunidades mundiais", afirmou o ex-ministro ao jornalista Kennedy Alencar.

Dirceu atacou a política de juros altos do Banco Central e disse que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, comete "quase um crime de responsabilidade" porque quer governar com taxa de juros recorde.

O ex-ministro citou dificuldades enfrentadas nos primeiros meses do governo para justificar a avaliação otimista que faz dos primeiros cem dias de Lula.

Ele afirmou que o presidente encontrou a máquina administrativa desorganizada, com ministérios que deixaram de existir e outros devastados. Falou também sobre os ataques golpistas de 8 de janeiro, o Congresso mais conservador e a situação econômica difícil. "O país praticamente acordou aliviado depois do resultado eleitoral", disse.

Para ele, tudo o que Lula fez até agora foi conjuntural e, em um segundo momento, terá de trabalhar nas questões estruturais.

Arrependimentos

Na entrevista, Dirceu indicou que poderá falar sobre arrependimentos em um próximo livro de memórias. Ele afirmou que talvez fosse melhor não ter sido ministro da Casa Civil e sim um articulador político no primeiro governo Lula.

Também disse ver como equívoco a candidatura ao Governo de São Paulo em 1994. E, sobre a luta armada contra a ditadura militar (1964-1985), apesar de considerar sua participação uma imposição moral, disse que não faria de novo do jeito que foi feito na época.

"Eu me sinto realizado. Apesar de tudo que aconteceu, sou um homem resolvido", afirmou.

Sem dar detalhes, o ex-ministro admitiu ter cometido erros e disse que a corrupção é um problema grave no país. Mas negou a existência do mensalão, que chamou de ensaio para a Operação Lava Jato, chamada por ele um processo político para inviabilizar o PT e a candidatura de Lula à Presidência da República.

"A Lava Jato virou um instrumento político de consequências trágicas", disse. "A revisão jurídica está sendo feita e será feita também a histórica."

Dirceu afirmou que teve pânico e chorou em suas prisões, mas resistiu a aderir à delação premiada. "Eu preferia morrer do que trair minha geração, meus ideias, a construção do PT."

Disse também que pediu ao ex-juiz Sergio Moro, hoje senador pela União Brasil-PR, para ser condenado pelos erros que cometeu, não pelos que não tinha responsabilidade —afirmou que nunca teve nenhuma relação com a Petrobras.

Após uma cirurgia em Brasília para drenagem de um hematoma subdural, o ex-ministro segue sob supervisão médica, tem restrições para viagens longas e uma agenda com apenas 20% dos compromissos de antes. Mas está otimista. "Acho que tenho saúde para chegar aos 90 anos."

Em 2012, Dirceu foi condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), devido ao mensalão, a mais de sete anos de prisão, pena que foi extinta em 2015. Ele ficou um ano na cadeia.

Em agosto de 2015, foi preso preventivamente na Lava Jato. Em 2016, Moro o condenou a 20 anos e 10 meses de prisão e, em 2017, pela segunda vez, a 11 anos e três meses de prisão.

Dois meses depois, o STF concedeu habeas corpus permitindo que Dirceu aguardasse o julgamento dos recursos em liberdade. Em maio de 2018, teve recurso negado e foi preso novamente. Em junho daquele ano, o STF voltou a conceder habeas corpus para que Dirceu aguardasse o julgamento em liberdade.

Em maio de 2019, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região decidiu que o petista cumprisse pena de oito anos e dez meses pelo caso de corrupção envolvendo a Petrobras, no âmbito da Lava Jato. Ele foi solto em novembro daquele mesmo ano e aguarda em liberdade o julgamento de recursos.

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