Ministério Público oferece denúncia contra agressor de pesquisador do Datafolha

Bolsonarista desferiu chutes e socos em funcionário do instituto no interior de SP

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São Paulo

O Ministério Público do Estado de São Paulo ofereceu denúncia à Justiça, nesta quinta-feira (27), contra Rafael Bianchini, acusado de agredir um pesquisador do Datafolha em Ariranha (a 378 km de capital paulista).

Bianchini, eleitor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi denunciado sob a acusação de lesão corporal e crime de ameaça com motivo torpe. No dia 20 de setembro de 2022, antes do primeiro turno das eleições, ele desferiu socos e chutes no então contratado do instituto de pesquisas.

Rafael Bianchini, suspeito de agredir pesquisador do Datafolha no interior de São Paulo
Rafael Bianchini, suspeito de agredir pesquisador do Datafolha no interior de São Paulo - Reprodução - 21.set.22/Rafael Bianchini no Facebook

O promotor José Guilherme Silva Augusto reiterou no pedido o motivo fútil dos crimes, já que o denunciado atacou o entrevistador por acreditar que a inclinação política dele e do instituto eram diferentes da sua.

Caso a Justiça de São Paulo aceite o pedido do Ministério Público, Bianchini se torna réu.

O pesquisador do Datafolha entrevistava outra pessoa quando Bianchini se aproximou e passou a exigir, aos gritos, que também fosse ouvido para o levantamento. "Só pega Lula" e "vagabundo" foram termos gritados pelo bolsonarista no meio da rua.

Há um treinamento padronizado para os pesquisadores do instituto, que determina a obrigatoriedade de evitar pessoas que se oferecem para a entrevista, a fim de manter a aleatoriedade da amostra.

O pesquisador foi atingido pelas costas, e o tablet usado para a entrevista foi derrubado no chão. Depois, passou também a ser atacado por um filho de Bianchini.

As agressões foram interrompidas com a ação de vizinhos. Foi quando o bolsonarista entrou e saiu de sua casa, em frente ao local, e ameaçou partir para cima do pesquisador com uma peixeira —neste caso, ele foi contido pelo filho.

O Ministério Público pediu na denúncia auxílio policial para tentar localizar Bianchini, sob a justificativa de que houve mudança de endereço e que não foi possível identificar seu paradeiro. A Folha também não localizou sua defesa.

Durante toda a campanha eleitoral, Bolsonaro promoveu uma série de declarações desacreditando as pesquisas eleitorais, que o apontavam em segundo lugar, atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O Datafolha é um instituto independente de pesquisa de opinião que pertence ao Grupo Folha e atua com pesquisa eleitoral e levantamentos estatísticos para o mercado. O instituto não faz pesquisas eleitorais para governos ou políticos.

A metodologia do Datafolha prevê pontos específicos para a realização das entrevistas. No caso de mudança para outro ponto entre os mapeados, é preciso uma autorização da equipe de planejamento.

O instituto diz que, nos levantamentos nacionais ou estaduais, primeiro são sorteados os municípios que farão parte do levantamento; depois, os bairros e pontos onde serão aplicadas as entrevistas.

O Datafolha também usa cotas proporcionais de sexo e idade de acordo com dados obtidos junto ao IBGE e ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Outras instruções são as de não dar permissão para ser filmado e a de não usar o crachá do Datafolha enquanto estiver se deslocando, apenas enquanto estiver realizando as entrevistas.

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