Governo Lula promete força-tarefa com nomeações para reverter insatisfação no Congresso

Alexandre Padilha afirma que deverá se reunir com dirigentes da União Brasil para tratar de eventual troca no Turismo

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Brasília

O governo Lula (PT) promete fazer uma força-tarefa para acelerar as nomeações que estão travadas em ministérios e diz que irá monitorar, semanalmente, os parlamentares que são recebidos nas pastas na tentativa de reverter insatisfações do Congresso Nacional com a articulação política do Executivo.

O ministro Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) afirmou nesta sexta-feira (16) que as medidas foram tomadas um dia antes durante a reunião ministerial e que foram um pedido do presidente.

Segundo ele, será realizada uma "força-tarefa permanente", coordenada pela pasta que chefia, para acelerar a análise técnica dos nomes junto aos ministérios. Ele afirmou que há 403 nomeações paradas.

O ministro Alexandre Padilha, de Relações Institucionais, durante cerimônia - Gabriela Biló-2.abr.23/Folhapress

"Cerca de 403 currículos apresentados por parlamentares, segmentos sociais que estão em análise nos ministérios, alguns há 30 dias, outros há 60 dias, outros em períodos mais curtos. Já vínhamos cobrando e acompanhando isso quase que diariamente. E [tomamos] uma decisão da reunião de ontem [de] constituir uma força-tarefa permanente para que se acelere o mais rápido possível pelos ministérios essa composição", disse ele.

Padilha ressaltou que também a partir da próxima semana será feito um levantamento, semanal, dos parlamentares que foram atendidos em cada ministério.

A ideia, segundo ele, é que isso seja repassado aos líderes do governo na Câmara, no Senado e no Congresso, para que eles entreguem aos líderes partidários.

"Esse é um governo que está aberto a interlocução com o Congresso, com os atores políticos, prefeitos e governadores. Esse é o esforço diário do presidente Lula. Nós desligamos uma máquina que existia no Palácio do Planalto de criação de conflitos com o Congresso Nacional, Judiciário, governadores e prefeitos", prosseguiu Padilha.

O ministro afirmou ainda que uma eventual troca do comando da pasta do Turismo é algo natural, uma vez que a União Brasil fez um pedido de reformulação de seus representantes na Esplanada.

Daniela Carneiro (União Brasil-RJ) deverá perder o seu cargo nos próximos dias —o mais cotado para assumir o posto é o deputado Celso Sabino (União Brasil-PA).

Padilha disse que não está em discussão o trabalho desenvolvido por Daniela à frente da pasta, que Lula "tem apreço pelo trabalho que está sendo feito pela ministra", mas que o partido colocou em debate um "pedido de reformulação dos seus ministros".

Segundo a Folha apurou, esse encontro deverá ocorrer na próxima segunda-feira (19), portanto antes de viagem internacional do presidente Lula, prevista para a próxima semana. A ideia é que eventualmente o próprio presidente participe da reunião com o líder da União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento (BA), o senador Davi Alcolumbre (AP) e o presidente da legenda, deputado Luciano Bivar (PE).

O petista irá participar de agenda no Pará neste sábado (17) e deverá se reunir com Sabino. Interlocutores do Palácio do Planalto já procuraram o cotado para o Turismo com o objetivo de alinhar o encontro. Segundo relatos, Lula também convidou o Alcolumbre para a viagem, mas o parlamentar não poderá comparecer.

Nesta sexta, Padilha também afirmou que essa discussão de reformulação ministerial não cabe a pastas como a da Saúde, chefiada por Nísia Trindade, por se tratar de uma indicação técnica. O ministério vem sendo cobiçado pelo PP, do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL).

"Não está em discussão em relação ao Ministério da Saúde a composição partidária. Tem outros ministérios que foram discutidos com a composição partidária, que é parte da democracia, se faz na democracia. O ministério do Turismo é um exemplo disso."

Para tentar avançar nas negociações com o governo, aliados de Lira avaliam propor que o PP possa apadrinhar um ministro da Saúde que seja do setor, em vez de indicar diretamente um parlamentar para o comando da pasta.

O centrão quer que o Executivo abra espaço na Esplanada para acomodar integrantes de legendas como PP, União Brasil e, ainda que incerto, o Republicanos.

Essa força-tarefa do governo federal se soma às iniciativas recentes do Planalto de reparar a relação com parlamentares, que criticam, principalmente, a demora para liberação de emendas e da nomeação de cargos regionais.

Como a Folha mostrou, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, procurou lideranças da cúpula da Câmara na tentativa de reestabelecer um diálogo com os parlamentares e reforçar a articulação política junto ao Congresso.

Nesta semana ele se reuniu com o líder da União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento (BA), e com Lira. A ideia é que ele assuma um papel de estrategista político do governo daqui para frente —e não seja apenas um executor de obras.

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