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Ministro Fachin não é dono de prédio em Penha, em Santa Catarina

Post mente ao afirmar que o magistrado teria praticado 'roubalheira' para bancar empreendimento

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São Paulo

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin não é dono de um prédio na cidade de Penha, em Santa Catarina, como afirma vídeo no TikTok. O imóvel residencial, que ainda está em construção, é de propriedade da empresa Santer Empreendimentos. Tanto a construtora quanto o STF negam a informação divulgada nas redes sociais.

O empreendimento, como verificado pelo Projeto Comprova, fica na rua Joaquim Antônio Simão, no centro de Penha, a cerca de 30 quilômetros da cidade de Balneário Camboriú.

Na narração do vídeo, um homem diz que Fachin é dono do prédio e ainda afirma que o ministro teria cometido "falcatrua e roubalheira" para bancar o empreendimento.

Em nota publicada no site oficial, o STF afirma: "Trata-se de conteúdo completamente fantasioso e de desinformação sem escrúpulo. A autoria do vídeo já está sob apuração dos órgãos competentes".

Edson Fachin, homem branco de cabelos grisalhos, bigode e óculos, está sentado, de perfil, com microfone a sua frente
O ministro Edson Fachin, que teve seu nome envolvido em conteúdo de desinformação - STF

A construtora reitera que a informação de que Fachin é o dono do prédio é falsa e que a empresa é a única responsável pelo empreendimento. Segundo nota enviada pela empresa, com exceção do banco contratado, não há participação de terceiros no investimento, "notadamente nenhuma autoridade federal".

De acordo com a Receita Federal, o nome do ministro Fachin não consta entre os sócios da Santer Empreendimentos.

Usando a plataforma CruzaGrafos, o Comprova também não encontrou conexões entre os sócios da Santer e Edson Fachin. A ferramenta da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) consegue identificar ligações entre empresas e pessoas e apresenta a relação na forma de uma linha, o que não apareceu quando analisados os nomes dos sócios da construtora e do ministro: Mari Deisi Stringari da Silva, São Miguel Participações, Capri Participações e SS Participações, que aparece com o nome de EMC Participações.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance

O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 16 de junho, o vídeo teve 210 mil visualizações, 11,1 mil curtidas e 9,1 mil compartilhamentos.

Como verificamos

Procuramos pelo termo "Fachin", "prédio" e "Penha" e encontramos checagens feitas sobre o tema pelo G1 e pela Reuters. Pesquisamos o endereço do imóvel no Google Maps e também entramos em contato com o STF e com a Santer Construtora, responsável pelo imóvel. Procuramos junto a Receita Federal quem são os sócios da construtora e cruzamos os nomes deles com o do ministro na plataforma CruzaGrafos. Por fim, entramos em contato com o perfil que publicou o vídeo.

O que diz o responsável pela publicação

A reportagem entrou em contato com o perfil do TikTok que divulgou a desinformação, mas não obteve retorno até a conclusão dessa checagem.

O que podemos aprender com esta verificação

No conteúdo analisado, o homem que narra o vídeo não fala qual é a origem da suposta informação de que o ministro Fachin seria dono do imóvel. Também não apresenta prova para tal afirmação e nem indica de onde ela teria saído. Assim, quando confrontado com conteúdos sem indicação de fonte ou que não apresentam provas do que estão afirmando, é importante desconfiar. Uma pesquisa no Google usando palavras-chave ajuda a descobrir que se trata de desinformação.

Por que investigamos

O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984. Sugestões e dúvidas relacionadas a conteúdos duvidosos também podem ser enviadas para a Folha pelo WhatsApp 11 99486-0293.

Outras checagens sobre o tema

O mesmo vídeo desinformativo foi checado pelo G1, pela Reuters e pela AFP. O STF e seus ministros são constantemente citados em conteúdos desinformativos. Recentemente, o Comprova desmentiu que uma carta endereçada a um ministro da Corte teria sido escrita por um traficante. O próprio ministro Edson Fachin já foi acusado de ser advogado do MST, o que também não é verdade.

A investigação desse conteúdo foi feita por Portal Norte de Notícias e A Gazeta e publicada em 16 de junho pelo Projeto Comprova, coalizão que reúne 41 veículos na checagem de conteúdos virais. Foi verificada por Folha, UOL, O Popular, Plural Curitiba, Poder360, AFP e Estadão.

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